Anuptafobia ou medo de ficar solteiro: sinais e tratamento

Não tenha medo de estar solteiro. Você deveria ter medo é de cair em um relacionamento ruim por ceder à pressão social.

Erika Otero Romero

A Anuptafobia ou medo de ficar solteiro pode ser angustiante. Ainda mais quando a família fica fazendo pressão para nos casarmos. A questão é que não ter alguém é, muitas vezes, uma escolha que acaba se tornando um problema com o tempo.

Acontece que às vezes optamos por passar uma temporada sozinhos após uma separação. Isso favorece a recuperação mental e emocional que o fracasso nos causou. Com o tempo, como é normal, nos recuperamos e esperamos a possibilidade de encontrar um novo amor.

O problema é que, depois de uma experiência ruim, ficamos mais exigentes, mais seletivos. Essa atitude faz com que encontrar um “parceiro digno” se torne uma verdadeira odisseia.

Para nós que passamos por essa situação, a vida fica pesada, ainda mais quando a pressão familiar e social paira sobre nós e nossa situação sentimental. Pode ser que não sintamos a necessidade de estar em um relacionamento; no entanto, o questionamento constante torna a situação um problema pesado de se tolerar. E chega a tal ponto, que começamos a ficar angustiados; a pressão vira medo e necessidade de não querermos ficar sozinhos.

É compreensível que alguns pais temam que seus filhos cheguem à velhice sozinhos. Possivelmente também sonhem em ter netos. Apesar disso, o casamento não garante a chegada de filhos, muito menos chegarmos à velhice acompanhados.

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Seja como for, a pressão de não ficarmos solteiros pode levar a decisões erradas. A má escolha de um parceiro, levada pelo medo que for, pode trazer terríveis consequências para a vida.

O que é anuptafobia?

Anuptafobia refere-se ao medo irracional de permanecer solteiro ou de não conseguir estabelecer um relacionamento romântico. Sendo uma fobia, causa altos níveis de estresse e ataques de pânico. Além disso, gera muitos problemas para a pessoa, que acaba não conseguindo se relacionar de forma eficaz.

Viver com anuptafobia acaba sendo um desafio porque é difícil estabelecer vínculos saudáveis. É como se a pessoa tivesse se esquecido de como se relacionar com os outros. O pior é que ela faz um grande esforço para manter um relacionamento com alguém, ainda que seja muito prejudicial. Na ânsia de conseguir um relacionamento, a pessoa tende à autossabotagem.

Aspectos que devem ser levados em consideração

Engana-se quem acha que há algo de errado em querer estar em um relacionamento. O problema surge quando esse interesse obscurece absolutamente todos os outros aspectos de sua vida.

Assim sendo, por se tratar de uma fobia, tem exatamente as características de uma. Vejamos os sintomas que mais se destacam:

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– Medo constante de ficar solteiro, tanto que gera desconforto e muito estresse.

– Pensamentos negativos. Um exemplo disso é o extremo “Só posso ser feliz estando em um relacionamento”.

– A pessoa se sente incapaz de ficar sozinha. Por esse motivo, muitas pessoas pulam de um relacionamento para o outro sem nem sequer darem uma pausa razoável entre os relacionamentos.

– Sentimentos e emoções negativas (ressentimento ou inveja) em relação a pessoas que têm parceiros e relacionamentos aparentemente felizes.

– Assumir muitos riscos no campo sexual, isso como forma de encontrar um parceiro. A finalidade não é o prazer.

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Causas

A maior causa pela qual uma pessoa desenvolve anuptafobia é a pressão social. Via de regra, a família quase sempre é a que mais pressiona para que você não fique solteiro ou solteira.

Isso faz com que a pessoa acabe internalizando a ideia de que precisa ter alguém; tanto que chega a torná-la parte de sua vida consciente. A pressão aumenta à medida que a pessoa envelhece e o medo de ficar solteiro aumenta.

As mulheres são as mais afetadas pela anuptafobia, já que são as que mais são julgadas por estarem sozinhas. Elas também são julgadas quando não têm o sonho de formar uma família tradicional; pois a sociedade acredita que constituir família faz parte da realização do ser humano.

Algumas hipóteses sugerem que a existência de apego inseguro e o medo da rejeição também influenciam o desenvolvimento dessa fobia. 

Tratar anuptafobia

Na psicologia, existe um tratamento muito eficaz para todos os tipos de fobia. Pertence à corrente cognitivo-comportamental. Propõe trabalhar tanto a nível de cognição quanto comportamentos e ações.

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O trabalho implica uma reeducação na forma como a pessoa se relaciona. Informações sobre como ter relacionamentos saudáveis ​​precisam ser abordadas. É necessário eliminar as crenças sobre o amor e as formas de amar.

Em outras palavras, a pessoa deve aprender a controlar seus pensamentos negativos em relação aos relacionamentos afetivos. Isso porque são eles que determinam e impactam a vida sentimental da pessoa.

Basicamente, a pessoa deve aprender a se aceitar estando solteira; não ver isso como algo negativo, mas como possibilidade de crescimento e aprendizado. Precisa controlar os pensamentos catastróficos para que não a levem a se envolver em relacionamentos nocivos por medo da solidão.

Na terapia também é trabalhado o resgate do amor-próprio. Isso para que a pessoa saiba se dar o respeito e o lugar que merece nas relações afetivas.

A pessoa deve saber que um relacionamento saudável permite ambos cresçam e sejam a melhor versão de si mesmos. Esse deve ser o ponto de partida para construir um vínculo forte.

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Não é ruim ter medo da solidão; de certa forma, todos nós temos esse medo. O problema está em permitir que esse medo nos domine. Saber o que você procura em um parceiro e o que está disposto(a) a dar para ter um bom relacionamento permitirá que escolha bem e com sabedoria. 

Não se contente com alguém que não esteja à sua altura por medo de ficar solteiro(a).

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger do original Anuptafobia o miedo a quedarse soltero: señales y tratamiento

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.