Adaptando a vida familiar por conta de um paciente de câncer
Quando uma pessoa na família é diagnosticada como tendo câncer, toda a família acaba sendo afetada. Veja como adaptar-se a essa nova realidade.

Erika Strassburger
Ter um membro da família acometido de câncer é um grande desafio que toda a família precisa enfrentar unida. Todos acabam sendo afetados em maior ou menor grau. Em alguns casos, uma crise pode se instalar na família, principalmente pela dificuldade que os membros têm de lidar com a nova situação e de doar-se. Todos acabam tendo de remanejar suas vidas a fim de se adaptar à nova realidade e para dar todo o suporte que o paciente precisa.
O apoio da família é essencial para o paciente. Ele precisa lidar com reações diversas, físicas e emocionais, que podem incluir dor, medo, angústia e culpa. Para que ele responda bem ao tratamento, ele precisa de um lar acolhedor, onde as pessoas o compreendam, respeitem seus sentimentos e dores, e deem-lhe atenção, carinho e amor.
Veja como se adaptar a essa nova realidade familiar:
1 – Buscar informações sobre a doença
Antes de tudo, é importante que a família busque conhecer bem a doença, seus sintomas e o tratamento. O que ela pode fazer para apoiar seu familiar doente, emocional ou fisicamente. Toda informação é bem-vinda e poderá contribuir para o sucesso do tratamento.
2 – Revezamento nos cuidados do paciente
Essa provavelmente seja a questão mais difícil. Todos têm seus afazeres, trabalho, estudo, família, filhos pequenos, entre outros, e precisam dar um jeito de encontrar um tempo para cuidar do familiar, seja em casa, no hospital, ou para levá-lo a consultas, exames, quimioterapia ou radioterapia.
Essa, normalmente, é a etapa em que surgem os conflitos familiares. Em famílias pequenas, ou em famílias com pessoas que moram longe, ou que são muito ocupadas, o peso da responsabilidade acaba recaindo sobre poucos. Em alguns casos, eles precisarão abandonar seus empregos ou cancelar cursos para dar conta dessa responsabilidade.
Nessas horas, convém avaliar o valor da vida, do amor e do serviço. Cada membro responsável da família precisa fazer uma introspecção e usar de sinceridade consigo mesmo, ao responder as seguintes perguntas:
-
Estou sinceramente disposto a me sacrificar pelo meu familiar?
-
O tempo que estou doando é o que me sobra ou eu poderia dedicar mais tempo a ele, caso eu cancelasse alguns compromissos menos importantes?
-
Estou usando de empatia com os familiares que moram longe ou que têm filhos pequenos, que não conseguem dedicar-se tanto aos cuidados do paciente?
Advertisement
3 – Custos do tratamento
Quando o paciente não tem plano de saúde, a preocupação triplica. Os custos que envolvem o tratamento do câncer são altíssimos. Nem sempre se consegue uma vaga imediata na oncologia do SUS. Para que o tumor não evolua rapidamente, o tratamento deve ser iniciado imediatamente após o diagnóstico.
Em muitos casos os familiares precisarão contribuir financeiramente para o tratamento. Muitos sacrifícios deverão ser feitos. Desfazer-se de um carro, de joias ou de um imóvel pode ser a única saída. Até que se consiga vender alguns bens, um empréstimo bancário pode ser necessário.
Os familiares precisam estar dispostos a contribuir com o máximo que puderem, levando em consideração as condições financeiras de cada membro da família, dando, então, uma oferta justa.
4 – Providenciar uma alimentação adequada
A alimentação de um paciente de câncer precisa ser especial. O oncologista encaminhará o paciente para uma nutricionista que passará um cardápio apropriado. A família precisa usar de bastante empatia nessas horas. É necessário que o cardápio seja seguido, para a sua melhor recuperação e para o fortalecimento do seu sistema imunológico.
A quimioterapia deixa o paciente bastante nauseado. Os cheiros não podem ser fortes dentro de casa. Convém, então, que toda a família faça uma refeição leve, sem frituras e outros alimentos com aroma forte ou enjoativo.
5 – Fazer as devidas adaptações na casa
Dependendo da gravidade do câncer e da intensidade do tratamento, os pacientes podem emagrecer bastante e ficar bem debilitados. Muitas vezes é necessária a remoção de tapetes, para evitar escorregões, e a instalação de suportes para apoio em banheiros e no quarto. Uma cadeira de rodas para a locomoção, mesmo dentro de casa, e um colchão piramidal para amenizar as dores nas costas, muito comuns nas pessoas que emagrecem muito, também são necessários.
6 – Mimos necessários
As dores e desconfortos que envolvem o câncer e seu tratamento podem ser amenizados com massagens nas costas, nos pés e pernas. Em pacientes debilitados é necessário que os travesseiros sejam constantemente amaciados. Se a pessoa doente for uma mulher, fará bem para ela receber belos lenços para a cabeça, um esmalte em suas unhas e outros cuidados que podem elevar sua autoestima.
7 – Cuidados com contaminações e higiene
Os pacientes de oncologia têm seu sistema imunológico bastante debilitado. Eles podem não resistir ao ataque de vírus, bactérias e fungos. Por isso, cabe à família tomar os devidos cuidados para protegê-lo, não permitindo que ele receba visita de pessoas resfriadas ou gripadas, ou coma alimentos contaminados por bactérias ou fungos.
Ao fazer as unhas desse paciente, é importante usar lixas e palitos novos. As cutículas não devem ser removidas, para evitar cortes e a infecção do local. Informe o médico no caso de aparecimento de fungos nas unhas. Elas precisam ser tratadas imediatamente.
Alguns pacientes, por estarem muito fracos, terão muita dificuldade de fazer a higiene adequada. É necessário que os familiares cuidem para que uma higienização correta seja feita, principalmente nas partes íntimas e na boca, para evitar o aparecimento de fungos e a proliferação de bactérias.
8 – Buscar os direitos do paciente
O paciente diagnosticado com câncer tem direito a sacar o FGTS e o PIS. Além disso, ele pode receber um auxílio-doença ou ser aposentado por invalidez. Veja todos os Direitos Sociais da Pessoa com Câncer no site do INCA.
Se a família unir-se nos cuidados do seu familiar, fazendo sua parte de boa vontade e com amor, mostrando-se esperançosos e sendo positivos, o paciente responderá melhor ao tratamento. Ele poderá ter uma sobrevida com mais qualidade e, até mesmo, vencer a batalha contra o câncer.