A violência de casal não tem idade nem gênero; o que está acontecendo?

"Nunca seja maltratado em silêncio. Nunca se permita ser uma vítima. Não permita que ninguém defina a sua vida, Defina a si mesmo". Tim Fields

Erika Otero Romero

A violência nas relações de casal é um tema tão comum, que se normalizou; no entanto, não tem nada de “normal” maltratar alguém que afirma amar.

Homens e mulheres de todas as idades podem e são, diariamente, vítimas de todo o tipo de violência. A grande questão por trás disso é o que está acontecendo com os casais?

Não é que a violência não tenha existido desde o início dos tempos. A realidade é que agora há mais ressonância porque há leis que protegem. Mais mulheres e homens denunciam a violência de que são vítimas em casa por parte do seu parceiro.

Um dos casos mais populares atualmente é o de Amber Heard e Johnny Depp. É famoso porque o ator não temeu o escárnio público. Ele deixou claro que foi maltratado de todas as maneiras possíveis por sua ex-esposa.

Assim como ele, há centenas de pessoas no mundo que vivem diariamente violência doméstica. O caso de Depp é famoso porque se espera que mais homens saiam para denunciar suas parceiras agressoras. Serve de exemplo para que absolutamente ninguém se sinta envergonhado por ser vítima de maus-tratos.

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A violência conjugal é uma consequência de crescer em lares violentos?

Recorrerei novamente ao exemplo de Depp. Dentro dos testemunhos que Depp deu durante o julgamento, argumentou que aprendeu a fugir com seu pai. O pai de Johnny foi vítima de maus-tratos por parte da mãe dele. Durante a infância, Johnny viu como seu pai era maltratado de muitas maneiras por sua mãe. Diante destas ações, o homem jamais levantou uma mão para agredir a mulher, nem a insultou nem nada.

Essa pode ser uma das centenas de atitudes que uma vítima de abuso pode ter. Da mesma forma, uma criança que cresceu em um lar violento também pode optar por permanecer solteira para evitar encontrar alguém abusivo. Algo que também pode acontecer é que, quando adulto, a pessoa se torna agressiva; ou seja, não vai suportar calmamente ser vítima. Com isso em mente, pode tornar-se o agressor – como meio de defesa – ou simplesmente ser. Isso depende muito de cada ser humano e seus processos mentais e emocionais.

Ora, quando se trata do agressor, a situação é variada. Ele pode ter crescido em um lar violento e ter aprendido o comportamento de seus pais; no entanto, também pode haver situações onde ele acredita ter “poder e controle” sobre seu parceiro. A agressividade e a violência também podem ser decorrentes de uma personalidade instável e narcisista.

Tenha em mente que não é por crescer em um lar violento, que as pessoas se tornam violentas. Há inúmeros fatores que intervêm nisso. Alguém pode crescer com pais violentos e ainda ter um lar harmônico e feliz

Falemos da violência nos casais jovens

A violência entre jovens casais tem aumentado nos últimos tempos. Não tem necessariamente a ver com alguém que provenha ou não de um lar violento. Em vez disso, descobriu-se que os homens jovens podem ser violentos por duas razões:

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– Ter alta autoestima e usar a violência para controlar seu parceiro.

– Ter baixa autoestima. Com isso usaria a violência para afogar sua frustração machucando seu parceiro.

Uma coisa a considerar é que o romantismo exagerado e idealização podem mantê-lo em um relacionamento tóxico.

A realidade é que o bombardeamento de dramatização em que se vê este tipo de relação faz com que as pessoas tenham expectativas irrealistas sobre o amor. Por isso, costumam acreditar que o controle, o ciúme e a dependência emocional são manifestações de amor, algo que está muito longe da realidade.

Desses padrões de idealismo e violência não escapam homens nem mulheres. Basta que uma pessoa sinta dependência emocional de alguém violento, e estará em uma armadilha mortal.

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A responsabilidade dos pais contra a violência conjugal

Os responsáveis diretos pelo que os filhos fazem com seus parceiros são seus pais. É que a educação sobre o amor e sobre como se relacionar vem da casa.

Sabe-se que as crianças aprendem com o exemplo dos pais. É evidente que nem todas as pessoas violentas com os seus parceiros foram criadas com pais violentos. Isso depende muito da personalidade, doenças de ordem emocional, mental, contexto e maneira de relacionar-se com os demais.

Apesar disso, os pais podem fazer um grande trabalho educando em valores como o respeito, a tolerância e a bondade. Isso ajudará a criança a se relacionar de maneira saudável e equilibrada com as pessoas ao seu redor.

Uma criança precisa crescer sem preconceitos e sentimentos de superioridade ou inferioridade. Enquanto assim for, os pais podem ter a certeza de que educaram os seus filhos de forma adequada. Isso os ajudará a se relacionarem de forma saudável e a se afastarem de possíveis agressores.

Só me resta dizer que, embora uma pessoa agredida pelo seu parceiro deva saber que pode contar com o apoio de seus familiares e amigos, deve saber também que as leis o protegem. Você não deve ter medo de zombaria. Trazer à luz sua situação faz da vítima uma pessoa corajosa e um exemplo para os outros.

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Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original La violencia de pareja no tiene edad ni género ¿Qué es lo que está pasando?

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.