A vida dentro de um computador: Por que as pessoas não conversam mais?

Resgatar a beleza de um bate-papo, de um almoço em família ou de um cineminha com os filhos é possível. Veja como.

Fernanda Ferrari Trida

Cansada que estou neste momento, em meio a tanto trabalho, depois de um fim de semana mal dormido por causa da otite de um dos meus filhos e dos dias na cozinha, limpando, lavando, vestindo e passeando com as crianças, ouço um sussurrar: “As coisas boas da vida não são coisas”. Já estava pensando em uma cama, alguns travesseiros e um cobertor bem quentinho. Mas essa frase abafou o pensamento.

Andamos tão atribulados, estressados e ávidos por uma pausa que não aproveitamos mais quem temos. A distância entre as pessoas parece se tornar cada vez maior e mais pedregosa, enquanto que os centímetros que nos separam, do que chamo de “tecnologias introspectivas”, vão sumindo rapidamente e consomem o pouco tempo que teríamos para telefonar (e não enviar e-mail ou falar nas redes sociais) para amigos e parentes.

Será que vamos deixar essa falsa sensação de aconchego que os veículos digitais promovem nos afastarem a ponto de tomarmos como verdade que as relações humanas não são capazes de gerar mais prazer que as coisas? Que tal todos fazermos um esforço juntos pela manutenção do diálogo real dentro da nossa família, da nossa vizinhança (onde parece que ninguém mais se conhece), da nossa sociedade (não a virtual) e do nosso país?

  1. Lembre-se, a riqueza e a pobreza do mundo estão nas pessoas que o habitam, cabe a todos ensinar e aprender. Para isso, precisamos conviver e estar abertos a ouvir o outro.

  2. Cada ser humano é singular. Não espere do outro a reação que você gostaria que ele tivesse, apenas compreenda.

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  3. Se ao nos aproximarmos nossos pensamentos são puros, estamos resguardados e ninguém irá nos magoar, conviver não dói.

  4. Ter se opõe ao ser. As coisas não suprem a necessidade de relacionar-se fisicamente com pessoas.

  5. Determinação se opõe ao medo. Este último é capaz de nos fazer ficar estáticos e retornar a velhos hábitos de reclusão que nos impedem de conviver com as pessoas. A determinação em continuar, sabendo que somos fortes e que cada um ama, sofre e se apaixona de modos diversos é sábia.

Conversar com amigos, visitar entes queridos, fazer novas amizades são o resumo do que há muito se perdeu quando o ser humano decidiu se acomodar na frente de uma tela que lhe proporciona um isolamento cada vez maior, suprido com alimentos pouco nutritivos e relações vazias e irreais.

Resgatar os verdadeiros laços deve começar dentro do seio familiar. Assistir a um filme com o restante da família é estar junto e atento a um objetivo em comum, assim como se reunir para uma refeição ou fazer um passeio ao zoológico ou outro local qualquer. Cultivando esse princípio no seio familiar, seremos capazes de expandi-lo para a sociedade também. E nossos filhos verão que as coisas boas da vida são as pessoas e não o ipad, o ipod, a Disney ou a festa caríssima de 15 anos.

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Fernanda Ferrari Trida

Fernanda Trida é jornalista, médica veterinária, dona de casa, esposa, mãe de Marcela, com três anos, e de João, com um ano de idade.