A teoria dos 3 anéis e sua relação com o talento de seus filhos

A inteligência não é garantia de sucesso na vida, mas um bom desenvolvimento dos talentos da criança a ajudará a expandir seus horizontes.

Erika Otero Romero

Durante décadas, acreditou-se que a inteligência fosse suficiente para ter sucesso profissional na vida; nada mais equivocado que isso. Não negaremos que ser inteligente dá uma grande vantagem no caminho do sucesso, mas é apenas um determinante. O talento também fará a sua parte.

Tenho familiares muito próximos que, em seus anos escolares, foram qualificados como pessoas com um alto QI; no entanto, suas vidas não chegaram a ser como talvez esperavam. Longe de terem uma vida familiar e profissional bem-sucedida, as suas vidas foram uma tragédia.

Ser uma pessoa bem-sucedida e triunfante na vida adulta é algo que se constrói desde a infância. Para isso, tanto pais como professores devem ser capazes de detectar três aspectos importantes: capacidades, habilidades e desempenho.

Ao contrário do que muitos pensam hoje, a inteligência não é um fator unitário. Antigamente era considerado muito inteligente quem se saía bem em matemática, lógica, estatística, física e química. No entanto, especialistas se encarregaram de demonstrar que a inteligência é diversa e não reducionista. Quero dizer, você pode ir muito bem em matemática, mas ter um desempenho médio em línguas. Isso não significa que você é burro ou algo assim; não é assim, só não é o seu campo de habilidade.

Teoria dos 3 anéis

O psicólogo educacional Joseph Renzulli propõe uma teoria interessante. Ele expõe que existem crianças que se destacam das outras em termos de capacidades, habilidades e desempenho. São crianças que fazem parte de um grupo que conta com os aspectos necessários para triunfar na vida. Essas crianças merecem a atenção necessária para ajudá-las a florescer, permitir que aproveitem suas habilidades. Daí surgiu a teoria dos três anéis.

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Essa teoria propõe um modelo de intervenção educativa, ou seja, convida pais e professores a se concentrarem em potencializar nas crianças capacidades, habilidades e rendimento, para que se permita o aparecimento do comportamento superdotado.

Principais componentes

De acordo com essa teoria, para se poder falar de superdotação, é preciso abarcar três fatores importantes, que são citados a seguir:

1. Capacidade cognitiva acima da média

Quando se fala de capacidade cognitiva, faz-se referência ao pensamento convergente, para detectar o nível intelectual. Também se medem traços cognitivos tais como aptidões gerais (memória ou raciocínio abstrato) e o desempenho em áreas específicas (por exemplo, idiomas ou música).

Para avaliar a capacidade cognitiva, durante anos recorreu-se a testes de inteligência; no entanto, faz-se necessário que os especialistas recorram a outras fontes de informação como o rendimento escolar, relatórios e opiniões de professores e pais.

2. Criatividade

A criatividade se refere ao pensamento divergente. Não é outra coisa senão a capacidade da criança de ser original e capaz de propor coisas novas para abordar um tema.

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3. Compromisso com a tarefa

Este fator fala da capacidade da criança para ser perseverante, ter força de vontade e sentir-se motivada a se empenhar numa tarefa. Em suma, é a capacidade de mergulhar profundamente num problema e de abordá-lo até atingir o seu objetivo. Além disso, tem a ver com iniciativa e autoconfiança.

Consequências da teoria dos 3 anéis

É importante ter em mente que esse modelo e sua particular visão do talento e da criatividade tem algumas condições nas quais pode ser aplicado. Por exemplo:

1. O comportamento superdotado pode desenvolver-se nas pessoas com certas capacidades e devem existir determinadas circunstâncias.

2. A capacidade cognitiva é o fator mais estável no tempo. Criatividade e motivação dependem em grande parte do momento e das circunstâncias.

3. Um QI elevado não é suficiente para o sucesso. Além disso, o sucesso depende muito mais de fatores como criatividade ou motivação para alcançar um objetivo, não de um QI elevado.

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4. Todas as crianças que se destacam em alguma área ou apresentam sinais de desenvolvimento precoce em suas habilidades cognitivas e criativas merecem intervenções educativas apropriadas. Isto muito antes que se possa falar de uma criança superdotada.

Este ponto é o mais importante, porque permite à criança não ficar limitada a um conceito errôneo de superdotação permanente. O que faz com que os pais, professores e conselheiros lhe deem a estimulação adequada para desenvolver os seus talentos.

Por último, é importante salientar que todas as crianças têm um talento especial que os pais e os professores devem ser capazes de detectar a tempo. Isso, para que as ajudem a desenvolvê-lo e para terem melhores possibilidades de serem bem-sucedidas nessa área no futuro.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original La teoría de los 3 anillos y su relación con el talento en los niños

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.