A crise existencial pode nos ajudar a definir o sentido da nossa vida

A vida é mais do que uma sucessão aleatória de eventos, é o que decidimos fazer com ela.

Erika Otero Romero

Há dias bons e ruins para todas as pessoas. Às vezes, encontramo-nos em momentos da vida em que questionamos o que pode dar sentido à existência . É natural que isso aconteça de vez em quando, pois nos ajuda a encontrar objetivos a atingir; no entanto, se isso se transformar em insatisfação constante, pode ser um problema.

O interessante sobre as crises desse tipo é que não têm nada a ver com realizações materiais, mas com a maneira como a pessoa se sente a respeito de sua vida.

Uma crise desse tipo não aparece ao primeiro tropeço como desculpa para desistir; não. Ela vem depois que seus esquemas mentais sobre as metas que você estabeleceu para si mesmo em algum momento não fazem mais sentido para você. É quando sua mente e seu ser clamam por reforma.

Tempo de introspecção e mudança

Sentir que as metas que eram importantes para nós são insignificantes agora pode fazer com que nos sintamos oprimidos. É como se começássemos a ruminar sobre o que importa ou não para nós.

Nesses momentos da vida, é possível que nos afastemos de quem nos ama. Também é natural que nada nos satisfaça ou motive. O mais complexo é que sabemos que precisamos mudar nossas vidas. A questão é que não sabemos como fazer isso; o que acaba fazendo com que nos distanciemos ainda mais.

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Não é uma depressão. Embora seja verdade que nos sentimos sobrecarregados, podemos sair da crise depois de repensarmos novos propósitos na vida sem a ajuda de um profissional ou de medicamento.

É provável que também sintamos que tomamos decisões erradas no passado e isso nos deixa mais frustrados. Também nos sentimos nostálgicos; sentimos falta de pessoas e situações do passado, e há quem vá em busca dessas velhas sensações.

É nesses momentos que se deve agir com cautela. A razão é que, ao buscarmos algo que dê sentido a nossa vida, podemos perder o que conquistamos. Falo sobre perder tudo de valor que foi conquistado até esse ponto da vida: companheiro, trabalho e até amizades valiosas.

O importante é saber que esse “non-sense da vida” não dura para sempre. As crises existenciais costumam durar o tempo que levamos para reestruturar nossos interesses: alguns dias, um mês ou vários. A questão é garantir que não dure anos, porque aí será um problema.

A idade tem algo a ver com isso?

Sim, muito. Você já ouviu falar da crise da meia-idade? Pois é, tem um pouco a ver com isso. As pessoas passam por diferentes fases de crise na vida.

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Há uma crise existencial aos 20 anos, mas também aos 30, 40, 50. E, para ser franca, não é de admirar que ocorra nesses momentos específicos da vida.

A crise dos 20 anos

Ocorre, basicamente, porque você passa por uma transição importante da juventude para a idade adulta. Muitas pessoas nessa idade estão começando uma carreira ou um emprego. Há quem esteja começando uma família ou que terminou um relacionamento de longa data. É uma época em que existe uma busca pessoal de realização que nos leva a nos colocarmos na vida adulta.

Crise de meia-idade

Pode ocorrer entre 40 a 50 anos. A essa altura, algumas pessoas já têm filhos pequenos e sentem que a idade já está chegando.

crise pode ser resultado de perda de emprego, da morte dos pais, da juventude dos filhos e até mesmo das mudanças no corpo (menopausa).

É nesta fase que muitos homens começam a se vestir de forma diferente, como se quisessem voltar à juventude. Alguns também decidem que o casamento não é suficiente para eles e optam pelo divórcio para começar a namorar outras pessoas. O mesmo pode acontecer com algumas mulheres, pois a incerteza e o inconformismo, somados às mudanças no corpo devido à menopausa, fazem com que as mulheres entrem em uma fase delicada da vida.

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Consequências da crise existencial

Quando uma crise existencial é bem administrada, a mudança que ocorre é positiva.

É esperado que mudanças sejam sempre para melhor, e é isso que tem que acontecer quando você sai de uma crise existencial. Você continua com seu casamento depois de fazer uma viagem para fortalecer seus laços emocionais, decide abrir um novo negócio depois de desistir de um emprego que não o deixava feliz, por exemplo.

As pessoas que concebem bem suas crises existenciais saem mais fortalecidas e com ideias e propósitos de vida mais claros.

A crise é uma dor que cada um supera à sua maneira e no devido tempo. O tempo que leva depende de várias coisas:

  • Autoestima
  • Capacidade de resiliência
  • Autoconhecimento
  • Coragem

Esses aspectos tornam-se importantes ao enfrentar esses momentos de confusão, pois são a forma de você dizer a essa fase de vacilação que você é forte e não vai se perder em suas confusões.

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Não obstante, se o tempo está passando e você não consegue encontrar essa mudança que deseja para si, você pode fazer duas coisas:

1 – Busque ajuda de um terapeuta para esclarecer suas ideias.

2 – Considere fazer coisas novas que você sempre quis, mas nunca fez por medo. Talvez essa seja a alavanca que vai tirá-lo do impasse que está vivendo.

Só me resta dizer-lhe para se lembrar de que e esses momentos de dificuldade pessoal não são ruins; pelo contrário, ajudam-no a se tornar mais forte, a se renovar e a se reinventar. Só tome cuidado para não mergulhar em hesitações, pois enquanto estiver ruminando aquilo não satisfaz, você pode perder tudo de valor que conseguiu até o momento.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original La crisis existencial puede ayudarnos a definir el sentido de nuestra vida

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.