A ausência de limites também é abuso infantil

Aprenda a estabelecer limites para seus filhos com amor e respeito, mas também com firmeza. Você observará que seus comportamentos serão os melhores.

Adriana Acosta Bujan

A maneira de criar e educar os filhos muda de geração em geração. Algum tempo atrás, meu pai me disse que meus avós batiam nele com um cinto de couro toda vez que se comportavam mal, inclusive puxavam seu cabelo e o beliscavam por dizer palavrões. Meu pai manteve o mesmo modelo de criação comigo. Ele também me batia com um cinto, com chinelo e me beliscava toda vez que eu fazia algo errado.

Então me tornei mãe, portanto mudei radicalmente o padrão de educação que havia aprendido. Lembro-me de nunca ter encostado um dedo no meu filho para corrigi-lo, mas o punia proibindo as coisas de que gostava.

Quando somos pais, a criação dos filhos se torna um grande desafio, pois temos como modelo a maneira como fomos educados. Se tivermos sofrido algum tipo de violência física ou psicológica na infância, logicamente vamos querer eliminar completamente essa prática.

No entanto, às vezes a falta de punição nos leva a não saber como estabelecer limites para nossos filhos, tornando-nos permissivos e superprotetores.

As diferentes faces da criação dos filhos

A maioria dos pais tem medo que os filhos se tornem crianças rudes, grosseiras e insuportáveis, devido à falta de limites. E, às vezes, tendem a superprotegê-los, tentando evitar quaisquer problemas ou dificuldades que possam ter, arruinando seu desenvolvimento.

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Essa superproteção faz com que os filhos se tornem dependentes dos pais e, consequentemente, gerará insegurança na tomada de decisões, em qualquer momento da vida. As crianças superprotegidas reagem com teimosia ou birras, pois não sabem quais são os limites e regras de comportamento em geral. E não vão respeitar a autoridade dos pais.

Outra face da criação é quando os pais não têm tempo suficiente para ficar com os filhos, de modo que essa falta de tempo é substituída por coisas materiais. Isso faz, ao mesmo tempo, com que eles não conheçam os limites, pois são livres para fazer o que querem.

Há, também, a forma rígida de criação, em que os pais costumam punir seus filhos com violência, seja física ou psicológica, para fazer com que se comportem bem.

Sem julgar o tipo de educação que você está dando a seus filhos, é importante estabelecer e manter determinadas regras e limites em casa, pois eles devem entender que todas as suas ações têm consequências (boas ou ruins).

Os especialistas dizem, inclusive, que a falta de limites é uma forma de abuso infantil, uma vez que, ao não exercerem autoridade sobre seus filhos, eles desenvolvem sérios distúrbios emocionais que refletirão na vida adulta.

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Como definir limites para crianças sem prejudicá-los

Tendo em mente que os limites são fundamentais para o desenvolvimento das crianças, é importante, para ter uma vida familiar melhor, saber que essas regras devem ser permanentes (que não mudam), pois serão referências estáveis ​​que as crianças terão como modelo de aprendizagem.

Para começar, o ideal é aplicar regras de convivência em casa, como ter horário para as refeições e o modo de se comportar à mesa, o uso da televisão ou de dispositivos móveis, a maneira como devem organizar seu quarto, o tempo de estudo, entre outras coisas.

O objetivo é que as crianças integrem essas normas no dia a dia, de modo que se tornem hábitos que sirvam para se sentirem bem consigo mesmas, em vez de cumpri-las por obrigação.

1. Conversando francamente

Muitas vezes, os pais cometem o erro de não estabelecer limites (não dizem claramente o que deve ou não ser feito), apenas dizem às crianças o que gostariam que elas fizessem: “Eu gostaria que você se comportasse“, “Seja bom.“, “Não faça isso!“, “Eu gostaria que você ficasse sentado enquanto estiver comendo“. No entanto, a mensagem não é muito clara, e pode ser confusa para as crianças.

Quando você estabelece limites ou regras, recomenda-se usar uma mensagem clara, correta e sem muita enrolação, para que as crianças possam entender as conseqüências de suas ações.

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Por exemplo: se estão em um hospital, você pode dizer: “Você deve falar suavemente porque há muitos pacientes doentes.”, “Se não juntar seus brinquedos, você pode se machucar e tropeçar”, “Se você não fizer sua lição de casa, você não vai conseguir aprender”.

2. Antecipar

As crianças devem conhecer os limites e regras antes que apresentem um mau comportamento. É como quando entramos na escola, as regras de convivência são estabelecidas nos primeiros dias de aula. É aconselhável dizer às crianças “De agora em diante eu não vou permitir…”. A ideia é que entendam corretamente a mensagem.

Deve-se, inclusive, dar duas alternativas, assim remove-se a aparente dureza dos limites sem desistir deles. Ou seja, dar opções diferentes que a criança possa cumprir facilmente:  “Você escova seus dentes antes ou depois de colocar seu pijama”. Assim, ajudamos as crianças a tomar decisões e assumir a responsabilidade por suas ações.

3. Amor e mais amor

Os limites nunca devem ser definidos com gritos ou raiva. Eles devem ser estabelecidos com carinho. Recomenda-se a utilização de um tom de voz normal, já que, se estabelecer as regras estando alterado, é provável que a criança reaja da mesma forma e cumpra-as com medo.

Além disso, elas devem ser aplicados com firmeza, por exemplo: “A tarefa deve ser feita antes da refeição”, “São 21 horas, hora de dormir”.

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4. Coisas positivas

Ressaltar o que há de positivo nos limites fará com que as crianças entendam as razões pelas quais devem obedecer. Explique o motivo de cada regra, como forma de evitar situações perigosas. “Sair agasalhado ajudará você a não ficar doente.

Para concluir, os pais devem ser consistentes, persistentes e, acima de tudo, manter a calma ao estabelecer regras e limites para seus filhos. Lembre-se de que são fundamentais para um bom desenvolvimento emocional, ajudando-os a melhorar suas relações sociais, sua autoestima, segurança e confiança.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original La ausencia de límites también es maltrato infantil

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Adriana Acosta Bujan

Adriana Acosta estudou comunicação, é mãe de um adolescente, e atualmente se dedica em ensinar e pesquisar em nível universitário em Puerto Vallarta. Publica seus textos esperando que ajude as pessoas com suas vivências úteis.