7 passos no processo de contar aos seus filhos que você está em estado crítico

O que você faz quando é um dos pais, mas está doente demais para cuidar dos filhos? Como conta aos seus filhos que você está em estado crítico? Aqui estão sete dicas para ajudar nessa hora.

Emily Christensen

Quando meu pai morreu de câncer, me senti exausta durante meses. Quando minha mãe morreu eu fiquei despedaçada e chorosa por várias semanas. Houve aquelas cirurgias de implantes coclear, quando a minha cabeça ficou cheia de grampos, enfaixada e doeu para mover meu pescoço por várias semanas enquanto eu esperava para aprender som digital. Também houve aqueles abortos espontâneos, onde a dor e a tristeza me inundaram, enquanto o mundo continuava normalmente ao meu redor. E depois este último verão, quando o câncer me obrigou a uma histerectomia de emergência e a uma cabeça careca.

Essas foram coisas difíceis demais para eu conseguir lidar, muito menos para os meus filhos. O que você faz quando é um dos pais, mas está doente demais para cuidar dos filhos? Como conta aos seus filhos que você está em estado crítico? Aqui estão sete dicas para ajudar na hora de contar aos seus filhos sobre a sua doença.

1. Dê os fatos

As crianças geralmente são intuitivas o suficiente para saber quando algo está acontecendo. Comece com o que já sabem, e responda a perguntas específicas que elas fizerem. Uma criança pequena pode ficar fascinada com as cicatrizes, a cabeça careca e os equipamentos médicos, e só vai querer saber o nome das coisas, enquanto uma criança de cinco anos vai brincar com as perucas, aprender palavras como cirurgia e quimio e ser capaz de compreender algumas lições básicas de ciência.

2. Seja honesto

Responder perguntas diretas irá ajudá-lo a explicar as coisas para seus filhos em seus próprios níveis de desenvolvimento. No entanto, não há problema em dizer-lhes que você não sabe alguma coisa ainda. Não diga a uma criança “vai dar tudo certo”, quando um diagnóstico de câncer é dado pela primeira vez. Em vez disso, compartilhe o que você sabe e se concentre no plano de tratamento escolhido. Diga: “a cirurgia vai ser na quinta, e a medicação vai começar na próxima sexta, e eu vou me sentir pior no domingo, mas, melhor novamente na próxima quinta”. Explique as mudanças na rotina: sempre fomos grandes comedores de salada, mas depois do câncer também aprendemos sobre fazer sucos. Como as crianças sabiam porque estavam fazendo isso, e como era divertido ficar olhando a máquina de suco, foi fácil adicionar isso à nossa rotina matinal.

3. Compartilhe emoções

Compartilhe o que você está sentindo, e exemplifique enquanto se expressa. Quando meus filhos brincaram de separar as roupas de bebê que não serviam mais, a minha pequena de 2 anos guardou algumas para suas bonecas. Meus filhos viram meu marido e eu chorar em momentos diferentes durante o tratamento, mas também nos viram acender velas em eventos para relembrar todos que lutam contra o câncer. Às vezes conversamos sobre ter medo do desconhecido, mas também oramos e fazemos planos para o futuro.

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4. Seja criativo

Para minhas cirurgias de implante coclear, mostramos vídeos de como funcionam. Para o câncer, usamos papel de construção para mostrar como as células boas e as más se multiplicam. Para a tristeza, usamos aplicativos de histórias sociais que exploraram as respostas emocionais. Para as três experiências, fizemos vídeos de nossa jornada de cura simplesmente utilizando nossos celulares para tirar fotos e gravar vídeos curtos conforme o tempo passava e depois adicionávamos a música juntos no computador.

5. Caminhe com a criança

As crianças não precisam de todas as informações de uma vez só. Dê-lhes um pedaço de cada vez. Nós não falamos sobre quimioterapia até depois de fazer a cirurgia. Deixe-as se expressarem da maneira que sempre fizeram: brincando lá fora, criando obras de arte, fazendo música, e brincando. Jantares em família criam momentos para uma boa comunição, e longas caminhadas dão tempo e espaço para as crianças trazerem à tona questões que desejam compartilhar. Movimento físico e expressão criativa são excelentes maneiras para que as crianças processem o trauma, tanto emocional quanto fisiologicamente.

6. Fique atento à regressão, mas não espere por ela

Crianças que lutam com ansiedade ou emoções muito fortes, por vezes regridem nas áreas do desenvolvimento. Elas podem começar a urinar na cama de novo, perder a habilidade higiênica ou tornar-se agarradas aos pais. Elas podem querer dormir com os irmãos ou na cama dos pais ou precisar de uma luz noturna, como precisavam alguns anos atrás. Estes são sinais de que a criança precisa de mais ajuda, oportunidade de expressar sua resposta emocional. Aumentar a estrutura de apoio e normalizar a rotina também pode ajudar. Algumas mudanças nos padrões alimentares e de sono, níveis de concentração e tópicos de conversa são esperados e vão melhorar ao longo do tempo.

7. Normalizar

As regras ainda precisam ser regras, e crianças ainda precisam de regras – mesmo quando um dos pais está gravemente doente. Manter a estrutura e rotina tanto quanto possível, ajudará as crianças a se sentirem seguras e confortáveis. Ajudar as crianças a manter suas funções irá capacitá-las a expressar suas próprias emoções, processar suas próprias respostas e lidar com as camadas de sentimentos que têm conforme o mundo ao seu redor muda. Antes de ser internada, levamos nossos filhos para visitar outro amigo no hospital para se acostumarem com isso antecipadamente. Quando eu estava no hospital, ainda podíamos comer juntos, ler livros juntos e orar juntos antes de dormir. Quando eu fui para casa, mas estava de cama, as crianças ainda podiam vir dizer tchau antes da escola e saltar na cama com suas mochilas depois da escola. Existem sites que podem ser úteis, contêm histórias que podem ajudar mesmo se sua doença ou circunstâncias estão em um contexto diferente.

Falar com seus filhos sobre sua doença grave pode ser emocionalmente pesado e especialmente difícil quando você não se sente bem, mas ainda quer cuidar deles e protegê-los. Capacite seus filhos, permitindo-lhes ajudar a escolher quem podem ser os ajudantes substitutos em situações diferentes, e identificando áreas nas quais a família pode precisar de ajuda. Deixe-os debater sobre quem do grupo de jovens poderia ajudar a cortar a grama ou limpar a casa. Dê-lhes a escolha de quem vai ficar de babá, quem os busca na escola se você não puder ou que tipo de refeições as pessoas irão trazer quando quiserem ajudar. Ajude-os a conhecer os fatos sobre o que está acontecendo, e encontre maneiras de deixá-los ser crianças mesmo quando é você quem precisa de cuidados.

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_Traduzido e adaptado por Sarah Pierina do original How to tell your children you are critically ill

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Emily Christensen

Emily Christensen, Ph.D, vive com o marido em Oklahoma, Estados Unidos. Recebeu seu Ph.D em terapia de casais e família, e está estudando Hebraico e Estudos Judaicos.