7 dicas para lidar com o ciúme do irmão em relação ao novo bebê

Todo bebê precisa da atenção e do carinho dos pais. Aprenda a evitar que o ciúme entre os irmãos divida a família.

Fernanda Ferrari Trida

Este é um tema bem importante e que costuma preocupar as mães, pois o irmão mais velho parece sentir que outra criança está tomando seu lugar, mesmo antes que ela venha ao mundo. E sua resposta a isso é tentar fazer com que tudo volte a ser como era antes.

Não há sequer uma técnica que seja eficaz para o mais velho aceitar passiva e totalmente o novo bebê. O que a família, principalmente mãe e pai, podem fazer é tentar minimizar o ciúme da criança maior.

Creio que o primeiro passo é ter uma conversa com o pediatra de seu filho e depois falar com um psicólogo especialista em terapia infantil. Essas duas pessoas serão suas melhores aliadas neste período.

Você também pode se instruir sobre o assunto por meio de livros, revistas e artigos como este. O que coloco aqui é o que aprendi fazendo tudo isso e vivendo essa experiência com meus dois filhos, que ainda hoje sentem ciúmes um do outro e disputam a atenção de todos.

1. Preparando a criança para a chegada do irmão

Quando descobrimos que estamos grávidas novamente, a primeira pessoa a quem queremos contar é o pai do bebê. Já a segunda, a terceira ou a quarta pessoa é sempre alguém da família, mas não o filho mais velho. Pensamos que ele não vai entender o que está se passando e que devemos deixar esta conversa para quando a barriga começar a aparecer. Isso é um erro. As crianças, assim como os animais, têm uma sensibilidade muito mais aguçada e parecem saber que estamos gestando antes de nós mesmas. Basta reparar em seu comportamento. A maioria das crianças fica mais manhosa, pede mais colo e praticamente exige que a mãe faça tudo por elas, não aceitando mais ninguém. Portanto, a segunda pessoa a receber a notícia da gravidez deve ser sempre o filho do casal. O modo mais apropriado de contar é explicando que dentro de nossa barriga está crescendo uma nova vida, que virá para fazer companhia a ele e não para ficar em seu lugar. Essas palavras jamais podem ser ditas. A criança precisa de reafirmação o tempo todo para sentir-se segura.

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2. Escola

Se seu filho maior ainda não frequenta uma creche ou escola, é interessante pensar sobre o assunto já no começo da segunda gestação. Este é o melhor momento para matriculá-lo num local que agrade aos pais, pois o distanciamento que isso acarreta é muito benéfico neste período. A criança passa a ser mais independente e a entender que existem outras crianças no mundo, que todos estão dividindo a atenção de um adulto (professora ou cuidadora), mas nem por isso ela está sendo preterida. Esse entendimento será transferido para a vida doméstica muito rapidamente. Colocar a criança na escola no final da gestação ou logo que o bebê nasce não é saudável para ninguém, em especial para a ela. Nesses momentos, ela pode sentir que o irmão veio para substituí-la porque ela cresceu e, assim, os pais não a querem mais por perto. A consequência maior disso é a violência contra o irmão e/ou a mãe.

3. Atenção

A disputa por atenção é uma coisa com a qual os pais terão que aprender a conviver, mas que seja da melhor forma possível. Para isso, é importante que, durante a gestação e nos primeiros meses de vida do bebê, quando ele ainda não interage muito com o ambiente, a mãe e o pai se voltem para o irmão mais velho. Esse será o período mais difícil para ele e, se os pais não ajudarem, corre-se o risco dele machucar o irmãozinho só para chamar a atenção dos que estão à sua volta.

Os familiares e amigos dos pais também devem ser avisados sobre o ciúme do mais velho. Devem ser instruídos para sempre dar atenção a ele primeiro e somente depois falar com o bebê.

4. Interação entre irmãos pequenos

A partir do momento em que o bebê começa a engatinhar, balbuciar palavras e perceber a movimentação à sua volta como parte da sua vida, é hora de deixar as crianças interagirem com supervisão, mas sem intromissão (a não ser que corram perigo de se acidentar). Dessa forma, os laços entre os irmãos se tornam mais fortes e a criança mais velha percebe que ter um irmão é bom.

5. Regressão

Há crianças que regridem nos mais diversos aspectos e graus quando o bebê nasce. Algumas podem voltar a usar chupeta, sendo que já a haviam abandonado, outras podem não querer mais falar, passando apenas a apontar as coisas que desejam e por aí vai. No meu caso, percebi que esse quadro não ocorreu quando o meu filho mais novo nasceu. Preparei muito bem minha menina para isso, mas agora que eles começaram a interagir e a disputar por seu espaço, a mais velha vem apresentando sinais de regressão. O que tento fazer é explicar que o mais novo ainda é bebê e que ela já é uma mocinha, que sua fase de bebê já passou. Mostro as fotos de quando era da idade do mais novo e falo sobre como é bom ter três aninhos. Isso tem ajudado bastante e percebo que ela tem carinho pelo irmão, que quer cuidar dele, apesar de ainda haver momentos em que o ciúme é grande.

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6. Responsabilidade

O filho mais velho não deve ser obrigado a ajudar nos cuidados com o mais novo. Ele deve ser impelido a fazê-lo por meio de conversas com os pais. Estes nunca devem se chatear ou brigar com a criança porque ela não ajudou. Dar esta responsabilidade a ela é o mesmo que dizer que o irmão veio para que seu dia, antes alegre, festivo e cheio de brincadeiras, seja agora chato e que só o irmão pode ter momentos divertidos. Ela se sentirá excluída e sobrecarregada. Se os pais não forçarem essas situações, chegará um momento em que a própria criança vai querer trocar a fralda do bebê ou alimentá-lo.

7. Unindo a família

As atividades que um bebê pequenino pode fazer são restritas, até mesmo por sua idade e capacidade. Já a criança mais velha não quer parar de sair, de brincar na rua e de visitar familiares e amigos só porque o irmão nasceu. Num primeiro momento, é válido sair sempre que possível com o mais velho, por dois motivos principais: ele terá a oportunidade de passar um tempo junto do pai e/ou da mãe sem a presença do irmão, o que o fará se sentir único novamente e vocês não deixam de estimulá-lo com aventuras e distrações próprias para sua idade.

Depois de certo tempo (que é diferente para cada família), vocês devem voltar a se unir e passear todos juntos, pois nenhuma das crianças deve pensar que é filho único por muito tempo. Elas precisam aprender a viver em sociedade e isso começa sempre em casa. Cada um deles deve ser incluído na atividade do outro, portanto escolha algo que ambos possam fazer, como brincar no parque ou ir ao zoológico.

Além de tudo o que escrevi acima, creio que o mais importante é a união e a cumplicidade dos pais. Se os filhos os veem como uma rocha, não questionarão seus ensinamentos e atitudes, mas se os pais divergem sobre como a criação das crianças deve ser, os filhos não se sentirão seguros jamais e as opiniões dos adultos terão pouca importância em suas vidas.

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Fernanda Ferrari Trida

Fernanda Trida é jornalista, médica veterinária, dona de casa, esposa, mãe de Marcela, com três anos, e de João, com um ano de idade.