5 coisas para FAZER e 7 para EVITAR na presença de uma pessoa em estado terminal

Não é uma tarefa fácil escolher as palavras certas para dizer a uma pessoa diagnosticada com uma doença fatal. Veja como proceder.

Erika Strassburger

A morte física é implacável com todas as pessoas. É o destino da humanidade. Apesar de pensarmos pouco nela quando gozamos de boa saúde, todos almejamos uma morte tranquila e sem sofrimento quando a nossa hora chegar.

Muitos se deparam com doenças que tiram a vida aos poucos. Outros adoecem de uma hora para outra e têm pouco tempo de vida. Ficamos mais aliviados quando essas pessoas têm suas dores físicas abrandadas.

Vivemos numa época privilegiada, em que a medicina tem solução, na maioria dos casos, para a dor. Medicamentos antigos, aliados a novos, desenvolvidos com as últimas descobertas científicas, amenizam o sofrimento físico dos pacientes, principalmente daqueles que estão sob cuidados constante de médicos.

Numa matéria publicada na revista Super Interessante, o neurocirurgião José Oswaldo de Oliveira Júnior, do Hospital do Câncer, em São Paulo, afirma: “Hoje conseguimos controlar a dor em 96% dos pacientes, usando drogas novas e outras antigas que, no passado, eram vistas com preconceito, como a morfina. Nosso trabalho não é dar mais dias à vida – é dar mais vida aos dias”.

Infelizmente, muitos não têm acesso a esses medicamentos. Segundo o jornal Gazeta do Povo, “Pesquisa realizada pela consultoria Economist Intelligence Unit e publicada pela revista inglesa The Economist, em 2010, coloca o Brasil em 38.º lugar em um ranking de 40 países quando o assunto é qualidade de morte. O país fica à frente apenas de Uganda e da Índia. Esse dado indica que o brasileiro em estado terminal ainda sofre muito no seu processo de morte.”

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Mas o sofrimento dos pacientes com uma doença fatal não é meramente físico. No site dor.org.br, encontramos o seguinte esclarecimento: ” A [dor] espiritual frequentemente é negligenciada em avaliações clínicas e incluirá perguntas existenciais, a busca por significado e finalidade, e a raiva no “destino,” assim como questões específicas de fé em alguns pacientes. A dor social relaciona-se à posição que o paciente tem dentro da sociedade e cultura, problemas financeiros, e o impacto que a dor tem na família e nos cuidadores. A dor psicológica causa e é afetada pelo medo, ansiedade, e depressão.”

Como familiares e amigos, dificilmente poderemos amenizar a dor física de uma pessoa com uma doença fatal. No entanto, podemos, até certo ponto, amenizar sua dor ou angústia nas outras áreas citadas.

Veja o que você deve evitar fazere o que você pode fazer ao falar com uma pessoa nessas condições:

O que evitar

1. Cuidado com os bordões

Às vezes perguntamos ou dizemos coisas sem pensar, como: “Tudo bem com você? Tudo vai dar certo! Você está ótimo!” Ao dizermos coisas assim, mesmo que bem intencionados, não conseguiremos produzir o efeito esperado. Pelo contrário, tais frases soam como falsas. Palavras vagas ou mentiras vão contribuir para o afastamento da pessoa doente.

2. Jamais dê dicas de receita, simpatia ou “fórmula milagrosa”

Quando minha mãe estava com câncer em estágio avançado, uma amiga sugeriu que ela tomasse um chá, prometendo que ele potencializaria os efeitos da quimioterapia sobre as células malignas, poupando as células sadias. Minha mãe ficou esperançosa, comprou tal produto, gastando uma quantia relativamente alta. Ela tomou por alguns dias. Ao conversar com o médico, ele pediu que ela parasse imediatamente, pois tal produto continha um hormônio que atrapalharia no tratamento.

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Uma sugestão tão “inocente” acabou trazendo sérios transtornos: 1º) produziu falsas esperanças em uma pessoa que estava numa situação tão desesperadora; 2º) fez com que ela tivesse um gasto extra, diante de tantos gastos que ela já estava tendo; 3º) poderia ter contribuído para a piora do seu quadro de saúde.

3. Não impeça a pessoa de manifestar suas emoções

Tudo o que ela pode estar querendo é desabafar. Dizer coisas como “Não chore!” “Você não tem que ter medo!” é uma forma de censura. Deixe-a exprimir seus medos e inseguranças.

4. Não use parâmetros desiguais ao demonstrar sua empatia

“Também sinto muita dor e cansaço. Tenho trabalhado demais na última semana e minha coluna está me matando!”. É o tipo de comparação sem fundamento, que causa desânimo e aborrecimento ao paciente.

5. Não a atemorize

Por exemplo, duas pessoas podem responder de forma diferente ao mesmo tratamento. Então, evite dizer que sua “vizinha passou muito mal durante o tratamento” pelo qual a pessoa terá que passar.

6. Não condicione a cura da pessoa à sua fé ou ao pensamento positivo

Se a pessoa doente for religiosa, certamente uma das primeiras coisas que ela fez foi recorrer à sua fé. Tenha em mente que mesmo as pessoas religiosas ficam doentes. Para elas, há outros fatores que podem estar relacionados à cura. Então, afirmar que a fé da pessoa é suficiente para curá-la é perigoso. Deixe que seu líder religioso a oriente nesse sentido.

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“Basta querer para você melhorar” também é um apelo sem fundamento. De fato, não querer melhorar pode atrapalhar o tratamento. Por outro lado, querer não é suficiente para ser curado. Muitas pessoas querem muito viver, mas seu corpo não consegue reagir ao tratamento.

7. Não faça cobranças

Se ficar sabendo sobre a doença através de terceiros, não diga: “Puxa! Ninguém me avisou!” A pessoa e sua família têm mais com que se preocupar, do que ficar avisando um por um sobre o que está acontecendo.

O que fazer

1. Expresse seu apreço pela pessoa

Diga o quanto gosta dela e a admira.

2. Coloque-se à disposição dela

É ótimo saber que temos pessoas com quem podemos contar.

3. Escute-a

Fale menos e ouça mais. Se houver momentos de silêncio, não se preocupe.

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4. Converse sobre assuntos diversos de interesse da pessoa

Tente fugir do assunto “doença”.

5. Saiba a hora certa de ir embora

Fique atento a qualquer sinal de que a pessoa precisa repousar ou quer ficar sozinha. O tempo ideal de visita para uma pessoa nesse estado é 20 minutos. Em alguns casos, a pessoa sente-se melhor quando está acompanhada. Use de bom-senso sempre.

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.