1,3 ou 6 filhos? Qual o número ideal para um casal?

Seja qual for a decisão, o casal deve avaliar o impacto em suas vidas e principalmente na vida da criança. Afinal, os adultos têm o direito ? escolha, enquanto os pequenos serão conduzidos pelos desejos, vontades e...

Beth Proenca Bonilha

Segundo o demógrafo australiano John Caldwell: “A transição da fecundidade é a passagem da opção por um grande número de filhos para a opção de um pequeno número. Normalmente, este processo ocorre quando cresce a qualidade de vida dos pais e se amplia o acesso aos direitos humanos em todas as dimensões”.

Além da questão de qual o número ideal de filhos para um casal, hoje em dia percebe-se o crescente número de casais que optam por não ter filhos. Segundo a psicanalista Luci Mansur, essa opção tem várias questões envolvidas, desde o ingresso da mulher no mercado de trabalho como o desejo do casal de se dedicar exclusivamente ao relacionamento a dois.

Minha avó paterna teve 16 filhos, já minha avó materna teve 10 filhos, isso se deu no início do século XX. Antigamente, era muito comum família com muitos filhos, e isso não era considerado exagero, e sim sinal de prosperidade, que o nome da família seria perpetuado, além da segurança que os pais tinham de que a velhice estaria assegurada, sem contar as questões dos dotes negociados nos casamentos.

A partir de meados do século XX, a concepção de número ideal de filhos beirava em torno de três a quatro filhos. Já no início do século XXI, as famílias priorizam um ou dois filhos no máximo, acima disso já se considera que o casal terá dificuldades, principalmente financeiras, para criar e educar bem os filhos.

Diz o dito popular que “Quem tem um filho não tem nenhum”.

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Mas qual o número ideal de filhos para um casal?

Hoje em dia, na maior parte dos países do mundo, julga-se que o número ideal está em torno de dois filhos, preferencialmente um menino e uma menina. Esse é o cenário pretendido pela maioria dos casais.

Porém, ainda encontra-se casais com quatro, seis ou oito filhos, mas é muito raro e causa admiração por parte de alguns, estranheza e até condenação para outros. O fato é que ter muitos filhos nos dias de hoje é sinônimo de falta de responsabilidade e até mesmo de desinformação.

Falo por experiência própria, tive cinco filhos biológicos e um adotado, ao todo são seis. Eu e meu esposo sentimos esse paradoxo constantemente entre nosso círculo de amigos, trabalho e família. Para alguns é lindo ter uma família grande, para outros a repreensão está no olhar.

Não quero fazer apologia a famílias numerosas, tampouco a famílias reduzidas, só compartilhar o ponto de vista de quem vive em um tempo no qual o normal é ter menos filhos e quase bizarro ter seis filhos ou mais.

Analisando os cenários

Famílias reduzidas

Temos muitos amigos e familiares, quase a maioria, com dois ou três filhos. E é claro para nós que as condições financeiras dessas famílias são melhores do que a nossa que tem seis filhos, justamente por não terem tantos com quem dividir a renda da família. Eles viajam mais vezes do que nós e muitas vezes conquistam mais bens e de melhor qualidade. Entendo que isso é um fator positivo para famílias reduzidas, seus filhos normalmente vestem-se de acordo com a moda e grifes, estudam em colégios particulares que podem dar uma base de conhecimento para o futuro profissional muito além do que as escolas públicas. Penso que analisando o cenário pelo fator financeiro, essa é sem dúvida a melhor opção.

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Famílias numerosas

Conheço somente duas ou três famílias com o número acima de quatro filhos e, assim como a nossa família, vivem às voltas para dar o melhor a cada um dos filhos.

Entretanto, aquela ideia de que se tinha antes do século XX de que ter mais filhos é mais benefício para os pais é verdadeira, pois dificilmente o casal se sentirá solitário, abandonado ou mesmo triste.

Quase não se terá tempo para pensar nas dificuldades, pois haverá sempre um bebê chorando exigindo cuidado ou rindo à toa e nos alegrando; quando não são os próprios filhos, são os netos.

Sempre haverá crianças correndo e dando vida ao lar, e um ou dois adolescentes buscando seu espaço e trazendo novidade para a família, além dos jovens adultos dando segurança com sua jovialidade e conquistas.

Sem contar que se alguém quiser fazer uma festa, tenha certeza de que terá muita gente, pode contar com a família numerosa, normalmente não se recusam convites para festas, pois eles são raros.

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A estratégia das famílias numerosas deve estar pautada em “Valorizar o que se tem, reaproveitar recursos e buscar oportunidades”.

Valorizar o que se tem

foca o cuidado com o bem que é conquistado, ir à escola, brincar e ficar em casa, isso vale também para outros tipos de calçados e roupas.

Reaproveitar

é o objetivo da estratégia de valorizar, ou seja, o filho mais velho cuida para que seus pertences como, roupas, calçados e brinquedos sirvam para os mais novos e assim sucessivamente, até, é claro, que não possa mais ser reutilizado. Lembrando que normalmente os filhos mais velhos ganham seus pertences de um primo ou prima que troca suas coisas com mais frequência.

Buscar

deve ser o lema das famílias numerosas, que devem estar mais atentas para aproveitar oportunidades dadas pelo poder público, como cursos e atividades oferecidas para a população em geral. Isso faz com que os filhos de famílias numerosas, em que os pais ensinam e incutem a visão da responsabilidade que cada filho tem sobre suas próprias conquistas, busquem recursos novos e saibam o quanto têm que se esforçar para conquistar seus sonhos e ideais. Isso os torna cidadãos comprometidos e altamente determinados a vencer.

Claro que infelizmente a realidade de muitas famílias numerosas não se baseia no cenário que aqui descrevemos, pois se acomodam com o assistencialismo e esquecem-se de ser protagonistas de suas vidas e de lutar pelo que desejam. Essa imagem é a que deve ser trabalhada pelo poder público e também pelas ONGs e instituições que se formam com a intenção de proteger e dar equidade a eles, além das bolsas-auxílio oferecidas.

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Concluímos que o número ideal de filhos por família está ligado a duas questões:

1. O quanto a família tem de consciência do compromisso que é ter filhos, das responsabilidades que isso implica e o grau de comprometimento que deverá dedicar a sua escolha.

2. Independente dos recursos financeiros que o casal tenha a oferecer a um, três ou seis filhos, o que não pode faltar é amor, atenção, carinho e a confiança de que sempre terão uma família para contar.

A melhor opção é voltar-se para dentro de si e analisar o quanto se sente grato por sua vida e pela oportunidade de passar por experiências terrenas – sejam elas boas ou más, o quanto viver é importante para você e o que ser capaz de dar essa mesma oportunidade a outra pessoa representa para você.

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Beth Proenca Bonilha

Graduada em Administração de Empresas com MBA em Empreendedorismo. Casada mãe de 6 filhos, avó de 2 netos. Atua profissionalmente como Analista Instrutora da Educação Empreendedora no SEBRAE - SP. Como hobby gosta de artesanato, música e leitu