11 anos é realmente a pior idade?

Os desafios da pré-adolescência não precisam causar estresse. Veja como lidar com seus filhos nessa fase para que deixe recordações agradáveis a todos.

Michele Coronetti

Em uma família comum, uma mãe encarou um de seus maiores desafios. Sua filha mais velha estava com 11 anos e começou a ter atitudes muito estranhas e diferentes, as quais ela não se sentia muito preparada. Buscou informações para tentar amenizar a situação, descobriu que a pré-adolescência era a fase em que sua filha se encontrava e foi atrás de conselhos para manter a harmonia no lar. Certo dia, ao abrir a porta do quarto da filha ficou muito preocupada, o chão estava tomado por objetos jogados; roupas, papéis, lápis de cor, brinquedos, calçados, de tal forma que não conseguia sequer ver a cor do piso. Olhou em volta e o cenário não era animador, cama desfeita, mais roupas jogadas, várias coisas fora do lugar. Suspirou para controlar um acesso de raiva e se lembrou de um conselho: elogie alguma coisa! Então olhou para cima e falou: Nossa, que teto lindo, limpo, sem nada bagunçado! O que ela ouviu em seguida marcou sua vida: É que não cheguei nele ainda. Na semana seguinte a filha de 11 anos comprou estrelas que brilhavam no escuro e colou-as no teto. Crianças entre os 10 e 13 anos em média enfrentam um dos seus maiores desafios: Não são mais crianças, apesar de ainda terem o desejo de brincar. Também não são adolescentes, apesar do desejo de crescer e se desenvolver. Seu crescimento é acelerado e as trocas de humor são constantes. Isso tudo torna esta fase assustadora, especialmente para pais de primeira viagem.

Alguns conselhos e ideias podem ajudar a passar por este período com menos estresse:

  1. Conversar com os filhos sobre as mudanças em seu corpo que começam a aparecer é essencial. Basta explicar que isso é normal e que faz parte do crescimento. É bom tirar dúvidas de ambos, buscar juntos informações a respeito com especialistas, pediatra, ou pesquisando em fontes seguras. É muito comum a criança achar que não é normal. Cada corpo tem seu ritmo e suas diferenças. Manter uma abertura para este tipo de conversa é muito importante para a segurança da criança. Evitar comentários depreciativos de qualquer tipo também é primordial.

  2. Adquirir mais paciência nessa fase é fundamental já que é difícil para a criança entender a si mesma ou se controlar. Sua autoestima nessa fase costuma ser muito baixa e qualquer frase ríspida ou castigo exagerado pode deixar sequelas que poderão ficar por toda a vida. Incentive ocupações saudáveis e interessantes como leitura, aprender um artesanato, consertar uma bicicleta, para que possam utilizar seu tempo de forma produtiva e ficarem animados. Evitar a crítica e elogiar sinceramente tudo o que fazem de bom só trará benefícios. Caso a criança comece a discutir e gritar, o melhor é se retirar, deixando a conversa para mais tarde. Agindo assim os sentimentos de amor, confiança e união só crescerão.

  3. Permitir que a criança tenha seu próprio espaço sem sufocar é outra dica importante. Nessa fase muitas dúvidas surgem, afinal estão virando adolescentes! Terão que resolver seus problemas sozinhos, encontrar um namorado, acompanhar a moda, estudar muito para serem ricos, ter muitos amigos para serem populares e outras infinitas dúvidas. Estar sempre pronto para ajudar sem pressionar e demonstrar isso é o tipo de segurança que eles mais apreciam. Sermões e conselhos em extremo acompanhados do sentimento de medo de que eles possam tomar o rumo errado é muito negativo. A criança pode até ficar muito tempo sem consultar os pais, mas voltará a buscar seus conselhos. É bom lembrar que a educação da criança vem desde o berço, e que se os pais buscaram ensinar sempre o certo e continuam praticando bons hábitos em casa, é muito provável que a criança continuará no caminho que aprendeu.

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  4. Não exagerar nos limites. Muito pais por medo de perderem seus filhos acabam impondo regras excessivas, prejudicando o relacionamento de ambos e vetando o crescimento individual necessário. Há coisas que só a vida ensina. Por mais que os pais amem e desejem proteger seus filhos, o amadurecimento só poderá acontecer com as próprias escolhas e suas consequências. O que a criança precisa é de um porto seguro, não ser proibida de navegar.

  5. Ser amigo, buscar entender do que a criança gosta, seus interesses, seu dia-a-dia, quem são seus amigos na escola, participar do seu mundo é muito positivo para ambos. O amor se constrói através deste tipo de relacionamento, desenvolvendo o interesse por suas escolhas, seus passatempos, mesmo que sejam muito diferentes. Esta valorização poderá proporcionar à criança a força para superar esta difícil fase e lembrar-se com gratidão dos pais que o apoiaram e ajudaram a manter-se bem. E o crescimento dos pais e dos filhos fluirá tranquilamente, apesar das explosões emocionais ocasionais.

A fase da pré-adolescência acarreta muitas mudanças e novidades. Aceitar e ter a paciência para vencer cada uma delas tornará a família mais forte e unida.

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Michele Coronetti

Michele Coronetti é secretária, mãe de seis lindos filhos, gosta de cultura e pesquisas genealógicas.