Segundo pesquisa, crianças que mamam por mais tempo têm renda maior quando adultos

Eles acompanharam 3.500 bebês por 30 anos!

Stael Ferreira Pedrosa

Uma pesquisa da Universidade de Pelotas, RS trouxe ainda mais luz a um assunto que já deu muito o que falar – os benefícios da amamentação humana. O resultado publicado em 2015 na revista britânica The Lancet Global Health, é resultado do acompanhamento de 3.500 bebês nascidos na cidade de Pelotas por 30 anos.

O resultado apurado na pesquisa é que o bebê que é alimentado ao peito por mais tempo tem ainda mais vantagens como maior índice de inteligência (QI), alcançam maior escolaridade e atingem maior renda financeira na idade adulta.

Um dos líderes da pesquisa, o prof. Cesar Victora, afirmou: “já sabíamos que a amamentação auxiliava no desenvolvimento da inteligência. Esse trabalho traz as primeiras evidências dos efeitos práticos desse benefício”.

Para Bernardo Hortas, um dos coordenadores do trabalho de pesquisa, “havia dúvidas se o efeito da amamentação sobre a inteligência e o desenvolvimento cerebral alcançaria a vida adulta. Os resultados dos estudos mostram que sim”.

A pesquisa

O grupo de pesquisadores acompanhou as crianças da amostragem (nascidas em Pelotas em 1982) com quatro grandes avaliações desde o nascimento até a idade do término da pesquisa, ou seja, aos 30 anos. Na última avaliação, além dos testes de QI, foram incluídas perguntas sobre renda e escolaridade.

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Como regra de conduta para lisura da pesquisa foram expurgados os fatores sociais que poderiam influenciar nos resultados, tais como o fato de o bebê já ter nascido em uma família de maior renda e escolaridade. Segundo Cesar Victora, um dos líderes da pesquisa, “isolar as variáveis foi muito importante, pois havia dúvidas se o leite sozinho era o responsável pelo benefício e se isso alcançaria a vida adulta”.

Bernardo Hortas também ressaltou que na amostra avaliada o aleitamento materno esteve presente em todas as classes sociais. Os voluntários foram divididos em cinco grupos, de acordo com a duração do aleitamento.

Os resultados

O que se apurou é que, “quanto mais longa a amamentação, melhor a renda, a escolaridade e a inteligência”, o que, segundo os pesquisadores, é resultado de uma combinação de fatores. Entre eles a presença de ácidos graxos saturados de cadeia longa no leite materno. “É essencial para o desenvolvimento dos neurônios”, disse Hortas. Mas há outros pontos importantes.

O alimento perfeito, dizem os médicos

“O leite humano é uma substância viva com células-tronco e anticorpos”, diz Victora. E ressalta que embora a indústria tente copiá-lo, é impossível reproduzir essa parte viva. Ainda segundo Victora, “o vínculo mãe e filho é fortalecido durante a amamentação. Isso deve ser levado em conta”.

“Ao amamentar o bebê, a mãe toca no filho, olha para ele e fala com ele. Esse vínculo é fundamental para o desenvolvimento cognitivo”, assegura a pediatra Elaine Albernaz. Depois, há o impacto de substâncias presentes no leite materno que atuam na formação e no crescimento dos neurônios, como as gorduras e o ácido araquidônico.

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De acordo com o pediatra carioca Daniel Becker, do Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o benefício transcende o potencial de raciocínio. “O aleitamento contribui tanto para a inteligência do ponto de vista cognitivo como social e afetivo”, afirma.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.