Menina desaparece após ser deixada de castigo na rua pelo próprio pai

O que fazer e o que não fazer na hora de disciplinar os filhos.

Stael Ferreira Pedrosa

A pequena Sherin Mathews, de 3 anos, que tem problemas de desenvolvimento e de fala, está desaparecida desde o último sábado quando, de acordo com o relato de seu pai, Wesley Mathews, a pequena foi colocada, por ele, de castigo ao lado de uma árvore do outro lado da rua às 3 da manhã. Em uma história estranha e mal contada, o pai alega que fez isso porque a menina não queria tomar leite.

O episódio se passou no estado americano do Texas, na cidade de Dallas, onde o pai foi preso acusado de abandono e de colocar a vida da criança em risco. Ele foi solto no domingo, após pagar fiança. Agora toda a polícia procura por Sherin, que segundo o Mathews, permaneceu sozinha por “apenas” quinze minutos. O pai também contou que viu coiotes no local.

Nas redes sociais o assunto tem causado comoção e desconfianças contra o pai. Além de muita discussão sobre métodos para disciplinar crianças. Algo ainda confuso e que dá margens a erros, como o que foi cometido contra Sherin.

Disciplinar é dar limites e ensinar autocontrole

Segundo especialistas do PubMed Central, a disciplina jamais deve pôr a criança em risco. Ainda que seja o risco de chorar sem que alguém venha atendê-la. A opinião vigente entre os médicos do site é que o médico também deva ser consultado quanto ao quesito disciplina infantil. Além disso, parentes, escolas, igrejas, terapeutas também devem ser consultados para um resultado ótimo. Segundo eles, os médicos devem aconselhar os pais sobre suas ações, bem como disciplinar o uso do castigo físico. A orientação para uma disciplina eficaz, de acordo com esses profissionais, deve ser:

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  • Dada por um adulto com vínculo afetivo com a criança.

  • Consistente com o comportamento desejado.

  • Percebido como “justo” pela criança.

  • Apropriada ao desenvolvimento e personalidade da criança.

  • Deve levar ao autoaprimoramento, ou seja, à autodisciplina.

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Para isso é necessário que os pais avaliem a si mesmos e seus métodos antes de aplicar o que consideram disciplina para verificar se esta atende aos requisitos acima.

Objetivos da disciplina eficaz

1. Orientar e ensinar

Para ser eficaz a disciplina deve ensinar e orientar as crianças e jamais ser uma maneira de obrigá-las a obedecer. E como qualquer outra forma de intervenção paterno/materna, a criança deve saber acima de tudo que é amada e apoiada por seus pais.

2. Proteger a criança

Ajudá-la a aprender autodisciplina e desenvolver uma consciência saudável e um senso interno de responsabilidade e controle. Também deve incutir valores.

3. Promover o bom comportamento

A disciplina não deve ter caráter punitivo apenas, mas deve promover o bom comportamento da criança e contribuir para criar adultos emocionalmente maduros. Ou seja, pessoas que não buscam gratificação imediata ou desconsideram as necessidades alheias, tem firmeza, mas não agressividade e capaz de suportar dificuldades quando estas se apresentarem.

O que não fazer

1. Cometer abusos

Qualquer forma de abuso é contraindicada: surras, grito, xingamentos, humilhação e apontamentos de defeitos (gordo, feio, burro, etc.). Esse tipo de atitude dos pais é programado para falhar, já que a criança não respeitará e nem confiará nos pais. A tendência é o afastamento progressivo.

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2. Expor a criança a perigos

Já que o objetivo da disciplina é proteger a criança do perigo, ensiná-la a evitar situações de risco para si ou outros. É criar comportamentos que as mantenham em um limite seguro. Expor a criança, como fez o pai de Sherin, não é disciplinar, é crime de abandono de incapaz. A agressão física pode ser considerada crime de lesão corporal ou tortura.

3. Não dar exemplo

A consistência é fundamental na educação infantil ou de adolescentes. Dizer às crianças para fazerem algo ou seguirem uma regra que os pais não fazem nem seguem é hipocrisia e a criança não só percebe, como pensa que não é necessário obedecer.

Diferenças de parentalidade

Pai e mãe devem estar de acordo com as regras e valores passados às crianças. A menos que um dos pais seja abusivo e outro deva interferir, o certo é que ambos estejam na mesma página quando se trata de disciplinar os pequenos.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.