Crianças e Finanças – Um caso para não ser seguido

Um desafio para o controle orçamentário. Controle e disciplina dos filhos. Possível causa: sentimento de culpa. Consequência: compensação em bens materiais.

Antonio Alexandre Silva Neto

Há casos em famílias em que os pais ou parentes viciam a criança com mimos. Se os pais não passarem a realidade econômica familiar para a criança ou deixarem que outros tomem conta da situação em função do sentimento de fracasso para dar as _“melhores coisas que meus filhos merecem”_, podem perder o controle sobre o comportamento da criança. A pior conseqüência desta atitude é geração de adolescentes dependentes, ociosos e rebeldes.

Ora, não é meu intuito fazer uma abordagem psicológica e educacional sobre como as pessoas devem criar seus filhos. Içami Tiba e outros autores renomados fazem isso melhor do que eu.

Eis um exemplo para não ser seguido:

Uma família com renda familiar de oito mil reais por mês. A mãe é do lar. O casal tem um filho de nove anos. A casa é própria em um condomínio fechado de alto padrão. Possuem dois carros. A casa possui oito cômodos. _Problema financeiro: déficit no orçamento de cinco mil reais._

Principal causa: esbanjamento e não querer dizer _“Não”_ao filho.

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Hábitos indicadores do problema:

1. Consumo de energia

Televisões em todos os cômodos. Na biblioteca, um computador com internet. Todas as televisões ficam ligadas ao mesmo tempo durante todo o período em que a criança está em casa. Além do computador.

Justificativa:a criança chora e grita quando não encontra a TV ligada para ver o desenho ou o vídeo game ligado para jogar. Quando enjoa de uma coisa, vai para outro lugar. Mas se está desligado, um escândalo. E é prontamente obedecido pelos pais.

2. Alimentação

Fast Food sempre que a criança pede ou passa em frente de um. Se ele chora e grita, é atendido mesmo que já tenha almoço ou janta esperando em casa.

3. Brinquedos

Invariavelmente a criança ganha um brinquedo todos os dias, principalmente quando vai às lojas com os pais. Chorou, gritou, ganhou. 

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4. Educação

Escola particular para o filho, acompanhado dos melhores e mais caros acessórios escolares.

5. A consultoria

Conferenciamos sobre diversas possibilidades de renda adicional, investimentos financeiros e regularização das dívidas. Mas mudanças no comportamento e hábitos de consumo não estavam nos planos deles.

Reação às sugestões sobre educação e disciplina da criança: _Indignação_

Dizer não ao filho era improvável. “Afinal ele teve muitas complicações quando era bebê e ele merece tudo e muito mais. Quando ele crescer não vamos mais precisar fazer isso. Mas agora, vamos dar tudo o que ele quer”.

Sobre a alimentação: “Ele está acostumado assim. Talvez a gente possa comer menos pizzas”.

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Ouviram minha análise. Abordei todas as conseqüências dos hábitos atuais em longo prazo.

Eu os acompanharia durante três meses, mas se o resultado esperado não surgisse e se me chamassem de novo para tentar novas soluções, eu não os atenderia, mas indicaria a Super Nanny, por que o principal problema deles não era financeiro, era falta de autoridade.

_Minha sugestão: ensine os valores das coisas para seus filhos e como elas chegam a sua casa. Ensine sobre trabalho. Abordarei esse assunto num próximo artigo._

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Antonio Alexandre Silva Neto

Antônio Alexandre é Tecnólogo em Gestão Empresarial e trabalha como Diretor Administrativo na Weyes Technology Solutions, empresa de inovações em Tecnologia da Informação. Autor do livro "Salário e Prosperidade", é casado, pai de cinco filhos com um neto (ou neta) a caminho. Gosta do mar, nadar e passear de bicicleta na praia, além de ler e escrever.