8 coisas para saber sobre doação de medula óssea

Setembro é o mês de câncer infantil ao redor do mundo. Muitas campanhas no Brasil conscientizaram a população e fizeram os números de doadores voluntários de medula óssea aumentarem. Mas ainda tem muita gente na fila de espera pelo transplante. Tire suas

Caroline Canazart

Salvar uma vida. Dar esperança a uma pessoa, a uma família toda. Ser o alívio dos ombros e de corações carregados de angústia e de medo com a possibilidade de perder um familiar. É dessa forma que um doador de medula óssea pode ser descrito. E quem não gostaria de ser lembrado assim?

No Brasil, muitas pessoas têm expectativa de ser um doador. Até maio de 2013, o Registro Nacional de Doadores de Medula (REDOME) do Ministério da Saúde tinha em seu cadastro 3.112 milhões de doadores, colocando o país em terceiro lugar entre os maiores bancos de dados desse gênero no mundo. Atrás apenas dos Estados Unidos (quase sete milhões) e da Alemanha (quase cinco milhões). O crescimento foi de 70%, já que no ano 2000 eram apenas 12 mil inscritos. Mas, mesmo com esse grande número de voluntários, as redes sociais ainda têm inúmeras campanhas em busca de doadores. Isso porque não é tão fácil encontrar alguém de dentro do seu grupo familiar, ou de fora, com uma herança genética compatível.

1. Quem precisa de transplante de medula óssea?

É indicado principalmente para o tratamento de doenças que comprometem o funcionamento da medula óssea, como doenças hematológicas, onco-hematológicas, imunodeficiências, doenças genéticas hereditárias, alguns tumores sólidos e doenças autoimunes.

2. A doação não pode ser feita entre a família?

Sim, pode. Entre irmãos a chance de se encontrar o doador é maior. Segundo a médica hematologista, Carmen Vergueiro, como a busca é pela herança genética, a chance de ser compatível é de 25% por irmão. Portanto, quanto mais irmãos houver, maior a probabilidade de encontrar um doador nesse grupo familiar. Ela também explica, em entrevista ao site do médico Drauzio Varella, que, como as famílias têm reduzido o número de filhos, até 70% de pacientes precisam recorrer ao banco de doadores voluntários, e muitos deles acabam morrendo antes de encontrar uma medula compatível.

Pai, mãe e primos podem ser doadores, mas a probabilidade de ser compatível vai diminuindo e chega a ser entre 7 e 10% apenas.

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3. Como posso ajudar?

Você deve ter entre 18 e 54 anos e ir ao hemocentro mais perto da sua casa. Lá irá preencher um cadastro com todas as suas informações pessoais e contatos. Depois disso, será coletada uma amostra de sangue (5 a 10 ml) para testes. Esse sangue colhido determinará as características genéticas necessárias para a compatibilidade entre doador e paciente. Tudo isso ficará armazenado em um sistema que faz o cruzamento com os dados de pacientes de todo o país que necessitam de um transplante.

Aqui, você pode conhecer o endereço de todos os hemocentros do Brasil.

4. Depois de me cadastrar, quando serei chamado?

Isso pode levar anos, por isso a importância de sempre deixar o cadastro atualizado, quando ocorrer mudanças de endereço ou telefone.

5. Terei despesas para realizar a doação?

Tudo é pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Você irá até o hemocentro mais próximo para a realização de outros exames e verificar se a sua saúde está em dia para a doação. Depois do procedimento, a medula é congelada e levada até o local onde o paciente está.

6. Como é feita a retirada da medula do doador?

Existem duas formas de doar: por punção de veia periférica para filtração das células-mãe, as células progenitoras, através de um aparelho ou puncionando a medula diretamente da cavidade do osso.

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A forma como será feita a extração da medula depende da necessidade da pessoa doente e será indicada pela equipe médica. Na primeira forma, o doador recebe um medicamento para estimular a produção de células brancas que sairão da cavidade óssea para as veias. Depois de cinco dias, o doador passará por uma máquina que filtrará essas células e coletará o material que será utilizado no transplante. Esse processo pode levar cerca de quatro horas.

Na segunda forma, o doador é anestesiado para que a medula óssea seja retirada diretamente do osso do quadril, por meio de seringa e agulha. Esse procedimento dura 40 minutos, mas necessita de internação de pelo menos 24 horas.

7. Como fica a saúde do doador depois da retirada da medula?

Como a retirada é de menos de 15% da medula do doador, ela se recupera inteiramente em poucas semanas.

Os sintomas que podem ocorrer após a doação são dor local, fraqueza temporária e dor de cabeça. Em geral são sintomas passageiros e controlados com medicamentos simples, como analgésicos.

8. Como é feito o transplante no paciente?

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o receptor da medula passa por um tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula. Depois disso, ele recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras que, uma vez na corrente sanguínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem. Nesse período, o transplantado não possui imunidade e qualquer resfriado pode ser fatal. Por isso, deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento de duas a três semanas. Após a recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento como medicações diárias.

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Quer ser um doador também? Aqui você pode ler emocionantes relatos de pessoas de todo o país que já fizeram a doação de medula óssea.

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Caroline Canazart

Caroline é uma jornalista catarinense que optou por ser mãe em tempo integral depois do nascimento dos filhos. Ama escrever e ainda acredita que pode mudar o mundo com isso.