3 sinais de que seu vício está comprometendo sua atividade cerebral

Segundo dados divulgados pelo Relatório Mundial sobre Drogas da ONU cerca de 243 milhões de pessoas, (5% da população mundial) usam drogas ilícitas.

Stael Ferreira Pedrosa

Derivado do latim VITIUM, a palavra vício significa “defeito, ofensa, imperfeição, falta”. São apenas palavras pejorativas. Em nossa cultura, qualquer desejo intenso por algo ou substância é considerado vício desde que apresente as características apontadas por um estudo da Escola de Medicina de Harvard que são perda do controle e envolvimento contínuo.

As maiores vítimas ainda são os jovens conforme o I levantamento Nacional sobre o Uso do Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários. A conclusão em comparação com outras faixas etárias é que o consumo de álcool e drogas entre estudantes universitários das 27 capitais é maior que entre as outras faixas etárias. Na comparação, os dados apontam um maior consumo de álcool, tabaco e outras drogas entre os universitários que na população em geral. A diferença ficou ainda maior quando avaliado o consumo de anfetamínicos e alucinógenos, bem mais consumidos por universitários.

Segundo estudos da Escola de Medicina de Harvard, o vício atua diretamente sobre o cérebro ao subverter a maneira como é registrado o prazer e tende a corromper outras unidades normais em áreas como aprendizado e motivação. O estudo ainda aponta que o vício exerce uma influência longa e poderosa sobre o cérebro que se manifesta de três maneiras distintas: o desejo constante pelo objeto do vício, perda de controle sobre o seu uso, e envolvimento contínuo com ele, apesar das consequências adversas.

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A questão relevante

Por muitos anos, acreditou-se que o vício fosse causado pelo efeito de certas substâncias no organismo, mas as tecnologias de neuroimagem têm mostrado que não importa qual atividade esteja sendo exercida ou substância esteja sendo consumida, o que importa no final é que as áreas de prazer do cérebro foram ativadas. Com essa nova constatação sobre a ativação de fontes de prazer no cérebro independente da fonte chega-se a um denominador comum a todas as formas de vício: o prazer. Pode ser álcool, drogas, comida, jogo ou sexo.

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A reação cerebral

Existe um grupo de células abaixo do córtex cerebral chamada de nucleus accumbens. Estudos mostraram que há uma ligação distinta entre essas células e a liberação de dopamina – hormônio do prazer. E essa relação é tão consistente que essa região é chamada de centro de prazer do cérebro pelos neurocientistas.

Há um processo cerebral envolvido que pode ser definido em três sinais:

1. A dopamina e o circuito prazer/recompensa

Segundo os cientistas, a dopamina não apenas fornece sensação de prazer, mas está ligada ao processo de aprendizagem e memorização do circuito prazer/recompensa relacionando atividades como comer e procriar ao prazer para a continuação da vida e são também elementos chaves na criação de um vício. Substâncias e comportamentos de dependência estimulam o mesmo circuito e, em seguida, sobrecarrega-o, o que leva o viciado a buscar mais e mais prazer/recompensa.

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2. A tolerância ao estímulo

Esse não seria um ciclo vicioso se não houvesse um fator cerebral envolvido: a tolerância. Nas atividades normais como o esporte, por exemplo, a recompensa vem com tempo e esforço, já com as drogas há superestimulação do cérebro fazendo-o produzir 10 vezes mais dopamina e outros neurotransmissores que o normal. Com essa hiperatividade o cérebro tende a baixar a superprodução ao produzir menos dopamina com o mesmo estímulo, o que leva o viciado a aumentar as doses e frequência do vício para obter o mesmo prazer inicial.

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3. O vício assume o controle

Neste ponto, o hipocampo e a amígdala que guardam a memória associada ao prazer e ao ambiente propício à substancia ou atividade desejada, criam ânsia quando o ambiente se apresenta. Daí a necessidade de não apenas evitar a substância ou atividade que causam a dependência, bem como o ambiente propício à aquisição da substância ou desenvolvimento da atividade. Essa memória permanece por muito tempo, às vezes para toda a vida, o que explica porque um alcoólatra não poderá jamais dar o primeiro gole ou porque a pornografia nunca é “desintoxicada” da mente.

Recuperação

Apesar de ser difícil recuperar-se de um vício, isso pode ser feito. Ninguém precisa sentir-se só nessa empreitada. Afinal, não basta apenas dizer “não” ao vício. É necessário buscar atividades saudáveis, novos interesses e significado à vida do viciado. É necessário mudar o conceito comum de que em tudo se deve buscar o prazer. A vida nem sempre é ou deve ser prazerosa. Temos que aprender a lidar e conviver com todas as situações inerentes à vida. Sejam boas ou más. O prazer é só a cereja do bolo.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.