Você realmente protege seus filhos da violência?

Os pais têm medo de ver que a violência não só aumenta à nossa volta, mas também surgem como proposta de entretenimento para os filhos. O que fazer?

Marilú Ochoa Méndez

Em minha casa, temos um portão eletrônico que, há alguns meses, tinha uma falha e abria sozinho.

Eu estava lavando a louça do café da manhã na cozinha, muito perto da garagem, quando, inesperadamente, vi uma mulher despenteada junto ao vidro gritando-me com muita agressividade, levantando os braços procurando briga. Fiquei com muito medo.

Diante da intensidade desta pessoa desequilibrada, a única coisa que me ocorreu fazer foi me agachar, esconder-me para ver se, assim, ela iria para outro lugar. Aparentemente, funcionou. Ela se foi, mas me deixou inquieta.

Senti-me insegura, e meu coração ainda batia forte depois de vários minutos. Eu estava com a porta da frente fechada, a pessoa não podia me tocar ou me machucar, mas ainda assim me senti exposta.

Refletindo sobre o tema da violência, parece-me que o mesmo acontece conosco. É fácil pensar que podemos, literalmente, fechar a porta à violência, mas ela entra pelas fendas com muita facilidade.

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A violência está ao alcance de nossos filhos

Perante o recente surgimento de ofertas de séries, videogames e filmes com excesso de violência e agressividade, os pais tomam algumas medidas. Temos mais medo de ver como, dia após dia, sabemos de um sequestro de um conhecido ou de um crime na esquina.

Parece quase impossível evitar o contato de nossos pequenos, nosso maior tesouro, com a violência. E então nos perguntamos: como poderemos realmente protegê-los?

Neste texto, partilho algumas reflexões e algumas sugestões.

“Não te peço que os tires do mundo”

No Evangelho de São João, encontrei uma resposta belíssima. Partilho da citação: “Não te peço que os tires do mundo, mas que os preserves do mal” (Jo 17; 15).

Ler essa palavra de Deus encheu-me de esperança. É claro! Em primeiro lugar, é reconfortante colocar os nossos pequenos nas mãos amorosas de Deus. Orar por eles, ensiná-los a orar a Deus, é um primeiro passo seguro.

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Ele chega onde nem você nem eu podemos chegar. E Sua palavra nos dá uma via maravilhosa para alcançar a efetividade em nosso propósito de protegê-los.

Olhe serenamente o contexto e as necessidades dos seus pequenos

O alarmismo nunca é bom conselheiro na hora de educar. Já a confiança, sim. Já oramos, já deixamos nossos pequeninos nas mãos de Deus todo-poderoso Ele nos ajudará e saberá chegar eficaz e efetivamente à mente e ao coração dos nossos filhos.

Agora, cabe-nos fazer a nossa parte e confiar na sensatez e na boa vontade dos nossos filhos. É também importante ver com otimismo e serenidade o mundo e o que o mundo nos dá.

É hoje uma queixa comum pensar que, no passado, tudo era melhor. Ficamos preocupados ao ver que um bebê de um ano e pouco é capaz de usar um telefone celular sem problemas. Isso nos aterroriza, e nos perguntamos:

Nossos filhos são viciados em tecnologia? Essa capacidade natural de usar mídia digital é algo positivo? É possível que – mais adiante – consigamos que troquem por livros? Podemos “confiar-lhes” um dispositivo sem temor?

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A resposta é sempre sim

Nossos filhos são seres maravilhosos, com uma alma pura e boa, com ardentes desejos de cuidar de sua mente e coração. Desde pequenos, são solidários, generosos e doces. Podemos confiar neles, sempre.

O que devemos fazer é cuidar dos estímulos a que os expomos. Como se sabe, o cérebro das nossas crianças tem várias fases de crescimento, e sua capacidade de autogerir os hormônios que os jogos de vídeo e os dispositivos digitais produzem vai se desenvolvendo à medida que eles crescem, sim, e só assim, estamos acompanhando-os e dando-lhes limites saudáveis.

Se você olhar, depois de confiá-los a Deus, o necessário é que os pais se coloquem em ação. Primeiro, confiando em nossos pequenos, conhecendo os conteúdos a que se expõem e suas necessidades psicofísicas, de maneira que – onde sua força de vontade e sua capacidade intelectual não chegarem – chegamos nós, os pais.

O videogame e os programas violentos causam dependência?

O psicólogo e treinador Fernando Pineda responde a essa preocupação de forma clara: automaticamente, não. Aqui convém que os pais façam uma enorme reflexão, lembrando a sábia premissa que indica que os pequenos, em suas “piores ações”, sempre expressam uma necessidade interior.

Em um vídeo (legendas em espanhol), o psicólogo afirma que: “o videogame é apenas a máscara para o verdadeiro problema (…) essas atividades geram sensação agradável” (e quem não precisa escapar de algo incômodo de vez em quando?) Mas, continua Fernando, “ao usá-los de forma dependente continuamente, não solucionamos nada, mas os mascaramos”.

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Agora pense em uma situação em que se sentiu fora do controle. Você e eu não tentamos também nos evadir às vezes? Quem controla as horas que ficamos nas redes sociais, “perdendo o tempo”, diante de alguma situação que está além de nossa capacidade?

Para mim, é difícil me controlar; no entanto, exijo dos meus pequenos, que não têm as mesmas ferramentas que eu, que evitem ficar presos a um recurso que lhes proporciona, de maneira fácil e agradável, entretenimento, desabafo e alegria.

Se deseja realizar um teste para saber concretamente se o comportamento do seu pequeno pode ser viciante, recomendo-lhe este link.

Como nossos filhos organizam seu tempo?

O psicólogo espanhol Carlos González afirma que é importante equilibrar as atividades que nossos pequenos realizam no tempo livre. Para o profissional, apenas um terço desse tempo livre deveria ser dedicado aos videogames, e os menores (de 2 a 4 anos) não devem utilizar dispositivos por mais de meia hora.

Além disso, é saudável fazer-nos a pergunta: apresentamos-lhes outras opções interessantes, enriquecedoras e divertidas? Quase sempre, a solução para os problemas dos pequenos é que nós, pais, nos esforcemos um pouco mais para oferecer, motivar e inspirar novos comportamentos.

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Algumas dicas para controlar o uso de dispositivos e exposição a conteúdos violentos:

1. Concorde com as regras para acesso a programas de acordo com sua idade e ao uso de dispositivos ou videogames

É importante estabelecer com clareza os compromissos que assumem ao ter o privilégio de ter estas fontes de entretenimento. Algumas regras que sugerimos é descansar a cada meia hora, não usar mais tempo do que o aprovado pelos pais, cuidar materialmente de seus aparelhos, higienizá-los de tempos em tempo, compartilhar de forma saudável, com trato cordial, cuidar do uso de palavras altissonantes, entre outras.

2. Ganhar tempo de tela?

Uma opção interessante é, por exemplo, procurar que “ganhem” esse tempo, aumentando os minutos se realizarem suas tarefas a tempo e bem, ou se realizarem algum trabalho extra para o benefício da família.

3. Comprar-lhes quando tiverem cooperado

Quase sempre, os jogos de videogame, as plataformas de streaming têm um custo para a economia familiar. Que tal se os envolvermos e economizarmos juntos? Isso pode ajudá-los a compreender o valor desses jogos e ferramentas, a cuidar mais deles e a motivá-los ao ver que eles cumprem metas e que podem comprar algo que desejam se se esforçarem.

4. Ficar muito atento ao impacto nas crianças

É importante observar como reagem, se a experiência de jogar os relaxa ou altera, se provoca união ou desunião entre irmãos e/ou amigos. Convém procurar espaços de diálogo para conscientizar sobre estas dinâmicas e buscar constantemente o seu bem, realizando os necessários ajustes.

Você lhes dá “fichas de pôquer” todos os dias?

Já avaliámos as ferramentas que os pais podem ter, pusemos os nossos filhos sob o abrigo de Deus, agora é tempo de pensar em fortalecer interiormente os nossos pequenos, e isso, nas palavras de Gary Chapman, faz-se mantendo cheio o “tanque emocional” deles.

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Nossos pequenos sabem o quanto são valiosos? Sentem que, apesar de suas ações, nosso amor sempre está presente? Sentem-se seguros? Conhecem suas áreas fortes e agradecem a maravilha que são?

A blindagem emocional dos nossos pequenos lhes dará a força necessária para enfrentar a vida e tomar as decisões que os levem a se cuidarem-se e se amarem. Convido-o a ver este vídeo (em inglês com legendas em espanhol) onde o autor usa uma metáfora para fichas de pôquer, será de grande ajuda.

Como vê, não há por que se assustar nem desanimar. Como sempre, o amor, a atenção e a prevenção são nossas melhores armas. Empunhemo-las.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original ¿Proteges efectivamente a tus hijos de la violencia?

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Marilú Ochoa Méndez

Enamorada de la familia como espacio de crecimiento humano, maestra apasionada, orgullosa esposa, y madre de seis niños que alegran sus días. Ama leer, la buena música, y escribir, para compartir sus luchas y aprendizajes y crecer contigo.