Vizinhos barulhentos: Como lidar com eles pela lei e educadamente

"Eu quero fazer silêncio, um silêncio tão doente, de o vizinho reclamar e chamar polícia e médico e o síndico do meu tédio, pedindo pra eu cantar".

Beth Proenca Bonilha

Vizinho muitas vezes é como família, a gente não escolhe: vem e pronto!

Às vezes se dá sorte, e os vizinhos são tão bons que não queremos sair e nem que eles saiam, mas às vezes não vemos a hora que eles se mudem, ou pensamos nós mesmos em nos mudar.

Chico Buarque, cantor e compositor brasileiro, é que deve ser um bom vizinho, pois pensa assim:

“Eu quero fazer silêncio

Um silêncio tão doente

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De o vizinho reclamar

E chamar polícia e médico

E o síndico do meu tédio

Pedindo pra eu cantar”

Deixando a poesia de lado, a realidade nem sempre é o que esperamos, ou sonhamos, ao nos mudarmos para uma casa nova ou ao receber novos moradores ao lado ou na frente. Há sempre a expectativa de como será: Vamos nos dar bem? Vamos viver a política da boa vizinhança ou vamos enfrentar uma batalha a cada dia?

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E quando a realidade é que nossos vizinhos são barulhentos e sem noção da “lei do silêncio”, expressão que faz referência a leis federais, estaduais e municipais, para estabelecer restrições quanto a geração de ruídos durante o dia e a noite. Entre estas leis existe a Lei dos Direitos de Vizinhança, que reza a permanência da paz e harmonia entre vizinhos.

Mas, na prática, nem sempre é possível resolver as coisas com leis e regras de condomínio. O melhor mesmo é apelar para o bom senso de ambas as partes. Vamos ver como podemos agir com bom senso em algumas situações que nos perturbam o direito ao silêncio:

Música

Existe vizinho que ouve suas músicas preferidas e acreditam que estão sós ou que toda a vizinhança gosta do mesmo gênero musical que ele. Pode-se resolver com diálogo e argumentação; a conversa pode começar frisando o quanto a música alegra o espírito da pessoa e como é bom saber que o vizinho está feliz durante todo o dia, mas que no momento seus filhos precisam se concentrar nos estudos ou que há alguém doente em casa, se for o caso. O diálogo sempre é a melhor opção.

Barulho fora de horário

Quando temos a “sorte” de morar ao lado de vizinhos festeiros, a coisa fica também complicada, mas há meios para se resolver isso com a política da boa vizinhança. Primeiro, se as festas forem de aniversário, casamento ou alguma comemoração especial para a família vizinha, o melhor mesmo é respeitar, afinal, é direito de todos receberem amigos e familiares, mesmo que seja no feriado ou naquela tarde de domingo que você programou para descansar ou ler um bom livro. Quando o caso se torna rotina, ou seja, todo final de semana após às 22h a festança continua a rolar solta, o melhor mesmo é partir para o diálogo sincero e amigável. Se ainda assim o desrespeito ao horário persistir, deve-se levar o caso ao síndico, no caso de condomínios, ou autoridades policiais que farão com que seja entendido que existe uma lei e que deve ser respeitada.

Construção ou reforma

Não há nada pior do que no dia de sua folga, às 7h da manhã, ser acordado com marteladas e máquinas trabalhando na reforma do vizinho. Mas neste caso também o que deve prevalecer é a paciência e bom senso. Normalmente para quem trabalha na construção civil, começar o trabalho nas primeiras horas da manhã é muito melhor; pois, quanto mais tarde, o sol estará muito quente e o trabalho se tornará uma tortura. Neste caso, sua compreensão é que deve prevalecer.

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Viver em sociedade requer sabedoria e discernimento; o melhor é que sempre sejamos bons exemplos de vizinhos, com isso seremos respeitados e nossas solicitações serão sempre atendidas por nossos vizinhos.

Conta-se que um líder eclesiástico, Élder George Albert Smith, estava tranquilo em sua casa certo dia, e na rua em frente alguns homens trabalhavam. Além do barulho das máquinas e martelos, os homens riam alto, contavam piadas obscenas um ao outro. Alguns vizinhos os advertiram para que deixassem de se comportar daquela forma.

Enquanto isso, George estava na cozinha e preparava uma grande jarra de limonada bem gelada; juntou alguns copos em uma bandeja e a arrumou sob a sombra de uma das árvores de seu jardim; depois chamou os trabalhadores para se refrescarem um pouco já que o sol estava escaldante.

Não há registros de como transcorreu a conversa enquanto tomavam e se refrescaram com a deliciosa limonada, mas imagino que o Élder George pôde compartilhar suas crenças, e, com sua mansidão, tocou o coração daqueles homens, que terminaram seu trabalho de modo respeitoso e sem alvoroço. George nos ensina que o bom senso e a bondade sempre deve ser a primeira atitude ao lidar com desavenças e desacordos entre vizinhos.

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Beth Proenca Bonilha

Graduada em Administração de Empresas com MBA em Empreendedorismo. Casada mãe de 6 filhos, avó de 2 netos. Atua profissionalmente como Analista Instrutora da Educação Empreendedora no SEBRAE - SP. Como hobby gosta de artesanato, música e leitu