“Vão-se os anéis, ficam os dedos”

Muitas vezes temos a opção de escolher entre o “bom” e o “ótimo”. Mas a vida, às vezes, nos coloca em situações onde temos de escolher entre o “ruim’ e o “muito pior".

Luiz Higino Polito

Se perguntarmos a um Economista o que fazer entre duas opções difíceis, ele nos dirá para analisarmos os “custos e os benefícios”. Comparar o que podemos ganhar ou perder ao tomar uma decisão pode fazer toda a diferença no resultado final.

Por exemplo: uma pessoa que tem esquizofrenia ou depressão grave, ou qualquer outra doença da mente, pode cair na armadilha de escolher o “muito pior”, em vez de escolher um suposto “ruim”. Explico melhor: uma pessoa que tem alguma doença da mente e que decide, por conta própria, parar de tomar os remédios prescritos pelo psiquiatra porque talvezo remédio possavir a fazer mal a ela de alguma maneira (porque tais remédios têm bulas que mais parecem um livro!), certamente estão trocando um suposto “ruim”, por um “muito pior”. Por quê?

Porque embora os psicotrópicos e antidepressivos e outros remédios correlatos possam assustar algumas pessoas, que os acham “fortes”, e com alguns efeitos colaterais menores, tais como certa sonolência, se os doentes deixarem de tomar os remédios prescritos terão sua saúde muito piorada.

Portanto, tomem seus remédios prescritos pelos médicos corretamente, e se algum remédio estiver mesmo fazendo algum mal maior, procure seu médico para que ele avalie uma possível substituição por outro mais apropriado. Parar de tomar um remédio por conta própria é “muito pior”, sem dúvida!

Aqui se pode aplicar a antiquíssima frase dita por um autor desconhecido e reverberada por tantos outros autores: “Vão-se os anéis, (mas) ficam os dedos”.

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Outros casos em que essa frase se aplica, é quando sofremos um assalto ou roubo e perdemos nossos celulares, notebooks ou em um acidente com perda total do carro, ou outros bens materiais, que compramos com tanta dificuldade – mas não somos feridos gravemente. A vida é muito mais importante do que qualquer bem material.

Nós já passamos por todas essas situações citadas acima e “foram-se – felizmente, somente “os anéis, porém “ficaram os(nossos) dedos.

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E, coisa mais interessante: depois que tivemos a perda total de um utilitário que tínhamos, num acidente numa estrada, agora não ligamos mais para arranhões na lataria, ou pequenos amassados, nem quando se quebra alguma coisa pequena no nosso carro… Porque para quem já perdeu tudo uma vez, perder um pouquinho daquela mesma coisa, não afeta quase nada.

E quando furtaram o nosso notebook que ainda faltavam quatro parcelas a serem pagas, apesar de ter sido “ruim”, poderia ter sido “muito pior”, porque as outras coisas, nossos muitos livros, que nos são muito mais importantes, não foram levados.

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Teve ocasião também, em que eu deixei de tomar alguns remédios, por conta própria, e isso não foi bom, porque as recaídas algumas vezes podem ser piores do que as próprias doenças, sejam elas quais forem.

Tomar remédio sem prescrição médica também é “muito pior”, porque um remédio “receitado” por um parente ou amigo bem-intencionado pode nos deixar numa situação de grave risco. Um remédio que ajuda uma pessoa pode fazer muito mal para outra, com até risco de vida, devido às alergias ou choques anafiláticos.

Não tome e nem “receite” remédios para outras pessoas, porque isso pode ser muito perigoso mesmo.

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Tivemos uma experiência ruim até mesmo com um remédio receitado por uma médica de um pronto-socorro, que era para ser usado numa inalação para minha esposa, que estava com muita tosse. Sempre usávamos um determinado remédio para inalação, mas como era receita médica, usamos sem medo para esse novo medicamento. Minha esposa perdeu o ar totalmente, e foi um verdadeiro milagre e o uso muitas vezes de um inalador aerossol que a salvou, enquanto a levávamos para o pronto-socorro. O susto foi grande!

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Depois dessa experiência traumática, nunca mais pretendo dar dicas de remédios para ninguém, porque o perigo é muito real. Se mesmo com receita médica aconteceu isso, o que não pode acontecer se comprarmos remédios ou indicarmos remédios para outras pessoas, por nossa própria conta?

Seja numa situação grave que envolva risco para a saúde ou numa situação corriqueira que tenha pouca consequência, antes de decidir-se, é bom pensar, pesquisar e até rezar.

E quando tivermos de escolher entre um suposto “ruim”, ou um “muito pior”, lembremos então da frase: “Vão-se os anéis, ficam os dedos”.

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Luiz Higino Polito

Casado, pai de três filhos e avô de quatro netos, estudei oratória e didática. Gosto muito de escrever. Profissionalmente, sou músico e tenho um Sebo Virtual, onde vivo com minha esposa e cercado de livros!