Um relacionamento saudável nasce quando você aprende a se amar mais

Amar-se mais é essencial para amar o outro melhor.

Erika Otero Romero

Não posso comparar meu primeiro amor com os que vieram depois. Não posso dizer que um me magoou ou me fez sentir menos do que os outros. Para mim, todas as sensações causadas pelos efeitos do amor foram intensas; no entanto, não dá para comparar.

Enquanto meu primeiro amor foi intenso e ainda mais visceral, os seguintes foram mais racionais. Não estou dizendo com isso que amei os que vieram depois com menos intensidade. O que estou tentando explicar é que os afetos posteriores foram mais maduros e equilibrados. Claro, doeram à sua maneira quando os relacionamentos chegaram ao fim, mas, em se tratando de amor, é assim mesmo.

Todos amam diferente

Posso dizer com segurança que com cada relacionamento que surge em nossas vidas aprendemos um pouco mais sobre o amor e sobre nós mesmos. É um fato que você nunca se ama da mesma maneira. É impossível, pois se trata de pessoas diferentes que tratam e a quem tratamos de forma diferente. Além do mais, eles chegam em diferentes momentos da vida.

Pode ser que todos os relacionamentos comecem com uma forte atração física; no entanto, poucos transcendem esse nível. Além do mais, há relacionamentos em que nem sequer amamos de maneira saudável, pois temos uma concepção errada do amor.

Quando digo que amamos de maneira errada, quero dizer que muitas vezes consideramos a pessoa que afirmamos amar como um objeto que nos pertence, ou sentimos que não podemos viver se ela não estiver ao nosso lado. Outra forma equívoca de amor é acreditar que só somos amados quando sentem ciúmes de nós ou nos maltratam.

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Essas falsas ideias de amor surgem do número de mitos que os contos de fadas e romances nos vendem. Infelizmente, nós os adotamos como se fossem uma verdade escrita sobre mármore. Que graves erros eles nos levam a cometer!

E você, ama de forma saudável?

Acho que todos nós, em algum momento de nossas vidas, cometemos erros no que diz respeito ao amor.

Eu poderia dizer que é até normal que você chegue ao seu primeiro amor tropeçando na sorte. Você nunca amou ninguém, só sabe que é reprimida por sentimentos e paixões e deseja acalmá-las. É aqui que você procura uma maneira de atrair aquela pessoa especial. Se consegui-lo, pode surgir um relacionamento, mas a inexperiência pode levá-la a aplicar teorias erradas porque “você acha que isso é amor”.

Então, você o satura com mensagens melosas que, a princípio, podem ser bem recebidas, mas depois passam a incomodar. Também acontece de você estar sempre disponível para ele e seus planos; então ele começa a se perguntar se você não tem outra coisa para fazer.

A evidência de que as coisas não estão indo bem surge quando ele começa a preferir passar o tempo com outras pessoas. Você começa a se sentir deslocada, ignorada e milhares de ideias a atormentam. Os problemas vêm e com eles o rompimento. Você sofre, mas supera depois de algum tempo, e quando estiver pronta, outra pessoa aparece.

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Nesse novo relacionamento, tudo é melhor porque o anterior lhe deixou muitos aprendizados. Você não o sufoca mais nem fica exigindo seu tempo ou atenção. Não depende dele para se sentir segura. Você aprendeu que ele é apenas uma parte da sua vida. Importante? Sim, mas apenas uma parte. Você decide então que, se no final as coisas não saírem tão bem quanto você espera, você terá aprendido mais sobre o amor e sobre você mesma. É assim que acontece até que um dia chega o cara certo, e você se vê vivendo a vida inteira ao lado dele.

A melhor maneira de amar da maneira certa

Parece que, com o que expus acima, você só aprende a amar de forma saudável quando passa de um relacionamento para outro e com fracassos acumulados. Em parte, é verdade, mas apenas em parte.

Embora seja verdade que conhecemos o tipo de  homem que queremos em nossas vidas quando deixamos ir aqueles que NÃO  queremos, também é verdade que você aprende a amar quando você se ama mais.

Explico: no relacionamento doente há ciúme, controle, desejo de exclusividade, dependência emocional e – por que não – uma boa dose de momentos ruins. Isso pode fazer uma pessoa chegar a duas coisas:

1. Aprender o que não fazer em um relacionamento.

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2. Aprender a se amar mais, a se fazer respeitar, e ela vai recolhendo a dignidade que possa ter restado.

As duas coisas são de grande serventia, mas a segunda lhe ensinará que, se amar a si mesma, ela poderá amar melhor quem estiver com ela no futuro.

Sim, outras pessoas nos ensinam com o tratamento que nos dão a maneira mais adequada de amar a nós mesmos e de amar. Às vezes, pode ser muito complexo sair ileso de um relacionamento doentio; além disso, exigirá a ajuda de amigos e familiares para voltarmos a confiar em nós mesmos.

Apesar de tudo isso, quando você consegue juntar todos esses pedaços e se curar, você  consegue acreditar no amor novamente.

Não se deixe de lado pelos efeitos do amor

Outra forma muito interessante de amar melhor a pessoa ao seu lado é não deixar de lado a sua essência, os seus sonhos. Não se anule pelos efeitos do amor.

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É como indiquei no início, e foi um erro pessoal que cometi. Eu me anulei completamente por amor, coloquei de lado meus objetivos e sonhos e dei tudo por ele. Grande erro, porque ele viu isso como falta de amor próprio e me substituiu por alguém que se deu um espaço.

Não foi tão ruim, porque eu acho que “não há mal que não venha para o bem”. Hoje eu sei que erros não devo cometer e que tipo de homem não quero na minha vida. Também aprendi a respeitar o outro respeitando a mim mesma.

Fui por um caminho longo, duro e difícil. Porém, hoje sei que sou capaz de contribuir em um relacionamento, que tipo de relacionamento quero, e tenho certeza do que mereço e o devo dar a quem vier a amar de todo o coração.

Resta-me dizer que todos nós podemos encontrar alguém a quem possamos dar um amor saudável. Basta amar a si mesmo, respeitar-se, descobrir as qualidades que você busca em alguém e sempre dar-se um espaço; o resto virá para somar.

Lembre-se: “luz atrai luz.”

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Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do origianal Una relación sana nace cuando aprendes a amarte bien

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.