Um novo vício entre os adolescentes: Conheça-o e proteja seu filho

Há um novo vício entre os adolescentes. A maneira de vencê-lo é através dos pais, mais do que dos jovens. Não deixe que seu filho afunde. Leia e aja a tempo.

Marta Martínez Aguirre

Gabriel tem treze anos e não se sente feliz, em suas próprias palavras: “Este mundo é uma porcaria e nada me faz feliz”. Ele passa horas ponderando qualquer problema, não importa o quão pequeno seja. Ele perdeu seu senso de humor, ele vive amargurado e se irrita com tudo. É muito autoexigente o tempo todo.

Se ele falha em algo, ele não se perdoa, e cada frustração é uma fonte inesgotável de estresse. Ele se paralisa diante de qualquer problema. Não tem forças para estudar. Vive sem esperança, nada o satisfaz e não tem nenhum tipo de meta. Vive em uma constante tensão e com múltiplas contrações musculares.

Tem uma baixa tolerância à frustração e, se algo o frustra, se sente triste o dia todo. Sua vida se tornou como um velho tango, onde o tempo passado foi melhor e viver o presente é uma agonia. Vive conectado, o celular tornou-se um membro de seu corpo e seu mundo deixou de ser real para tornar-se virtual.

Sim, Gabriel está desmotivado. Nele, assim como em muitos outros adolescentes, a desmotivação se tornou um vício, porque suas famílias, para não vê-los dessa maneira, optam por dar-lhes o que pedem para vê-los menos tristes ou mais motivados. O problema é que isso não soluciona as coisas de verdade e por isso, a longo prazo, eles voltam a ficar desmotivados e assim o ciclo continua. O que acontece?

Estes adolescentes têm algumas características em comum: não têm regras, não têm limites claros, não têm responsabilidades e passam muito tempo sozinhos, eles têm de tudo. Se você reconhece seu filho em Gabriel, por favor continue lendo, a seguir lhe darei alguns conselhos para aplicar em seu relacionamento com seu filho adolescente.

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1. Abra o diálogo

O que falta para Gabriel e tantos adolescentes é conhecer sua motivação, que é o que os torna felizes e não se limitam a ver a vida passar pela porta do seu quarto. É muito importante que seu filho tenha a necessidade de se sentir satisfeito consigo mesmo, só dessa forma a motivação irá levá-lo a algo, seja na aprendizagem, no trabalho, nos vínculos. Para conseguir isso, crie um ambiente de confiança onde ele possa expressar sem medos o seus sentimentos e emoções. Não se apresse a dizer que “estas ideias são loucas”. Ouça com empatia e sem preconceitos.

2. “Você sabe onde você gostaria de se ver daqui alguns anos?”

Esta pergunta anima à reflexão, não limite suas respostas, nem restrinja sua forma de se expressar, permita que o seu filho expresse o que ele tem dentro de seu coração e lhe conte o que o faz feliz. Anime-o a estabelecer metas para alcançar aquilo. Inclusive quando seu filho tiver um sonho que para você não é viável, não o desmotive, nem desanime, o importante é que há algo pelo qual ele é apaixonado.

3. “Por que você quer isso que você quer?”

A motivação não pode ser imposta, mas ela pode ser descoberta. Talvez seu filho não tenha muito claro o que ele quer daqui a alguns anos em sua vida, mas tenho certeza de que diante da pergunta “Por que você quer isso?” em sua resposta ele irá demonstrar o que ele precisa para ser feliz: “Para ajudar aos outros”, demonstra muito de si e o que dá significado a sua vida.

4. Organize o uso do tempo e os intervalos

Na adolescência é fundamental ter tempo para socializar, se divertir e relaxar, mas é importante que as permissões para sair de casa, as horas em frente à TV, videogames, celular e tablet sejam administrados. Em regra geral, não deve exceder duas horas por dia. Similarmente estabeleça regras para as horas de passeios durante os dias de aulas. Muitas vezes a desmotivação surge por ter muito tempo livre.

5. Cumpra com as consequências

Ao invés de falar de “castigos”, diga que por não cumprir com as regras do lar, ou com suas rotinas diárias, haverá consequências por isso: se ele não tiver estudado de manhã, deverá fazê-lo assim que terminar de almoçar, não importa se nesse mesmo horário passa o seu programa favorito e é o último episódio; se não tiver arrumado seu quarto na quinta, ele deverá fazê-lo antes que seus amigos cheguem no final de semana, mesmo que isso diminua suas horas para diversão. Este tipo de ações gera em seu filho o desejo de cumprir com suas obrigações diárias.

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6. Demonstre interesse em sua vida

Dificilmente seu filho se sentirá motivado se você não estiver presente em sua vida. Esteja diariamente envolvido(a) em suas coisas, seus estudos, novas amizades, lugares onde ele foi e mesmo que você esteja cansado, procure um tempo para estar a sós com ele e fazer algo juntos.

A desmotivação pode afundar o seu filho se você não intervir a tempo. Deixe que o seu amor por seu filho e sua vontade de ajudá-lo sejam a força que lhe dá vontade de dar sentido a sua vida.

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Marta Martínez Aguirre

Marta Martínez é do Uruguai. Ela é formada em psicologia e tem pós-graduação em logoterapia. Ela ama o que faz e adora servir ao próximo.