Um dia eu amo meu cônjuge; no outro, nem quero vê-lo. Isso é normal? O que devo fazer?
Quando se está em um relacionamento de anos, ambos se conhecem a fundo e aprenderam a conviver com os defeitos um do outro. Mas o que fazer quando nos sentimos sufocados?
Fernanda Gonzales Casafús
Quando você conhece alguém e se apaixona, é normal idealizá-lo. Você gosta tanto dele, que não enxerga seus defeitos, ou os minimiza. Conforme o tempo passa, poucos casais fortalecem seu amor a ponto de se tornar inabalável, apesar das intempéries da vida.
Há casais que, apesar desse forte vínculo, têm altos e baixos emocionais, e se sentem como se um dia estivessem apaixonados, como de costume, e no outro, entretanto, não querem mais saber da relação. É normal sentir isso? Até que ponto esse sentimento pode prejudicar o relacionamento?
Alguns relacionamentos que começam com uma forte atração física geralmente caem na monotonia em pouco tempo. Se você se sentiu atraído apenas pela aparência dela ou dele, e começa a perceber que não há muitas coisas em comum, é normal a coisa começar a ficar feia. O amor verdadeiro muitas vezes tem a ver com empatia, solidariedade, paciência e capacidade de entender valores que florescem com o tempo.
Quando o relacionamento vem de anos, ambos provavelmente se conhecem a fundo e talvez já tenham aprendido a conviver com as virtudes e defeitos um do outro. Mas o que pode acontecer quando essa sensação de sufoco ocorre com muita frequência? Talvez algo esteja acontecendo com vocês como casal, ou com um dos dois, na vida pessoal.
Muitas vezes, durante o tempo de duração do relacionamento, as pessoas vão mudando. Mudam sua história de vida, seu nível de maturidade emocional, suas aspirações e motivações. Por isso, se algo que não o incomodava antes (ou você não percebia) está incomodando agora, é possível que quem tenha mudado seja você.
Sentir-se amado e respeitado é uma das sensações mais belas que um ser humano pode experimentar. E ouso dizer que é a sensação que buscamos desde que nascemos. Se buscamos a forma correta de comunicação com nosso cônjuge, conseguiremos nos entender melhor e expressar essas as opiniões e desavenças que estão nos atravancando, como casal.
Pode acontecer de um dos dois estar passando por uma frustração pessoal (em relação ao emprego, por exemplo, ou a seus objetivos de vida pessoais) e isso leva a uma menor tolerância de ambas as partes. Talvez, antes, ele não se importasse de você deixar seu casaco em uma cadeira; agora, ele fica repreendendo-a quando o encontra. Talvez ela não ficasse incomodada, antes, com a maneira de você organizar suas roupas no armário; agora, ela fica dizendo que você é bagunceiro e nunca vai mudar.
Então, vem aquela sensação de “não o aguento mais”, “não a suporto mais”. Até certo ponto pode ser “normal”. Ou seja, se vocês estão atravessando esse platô no casamento, mas ainda nutrem amor e respeito um pelo outro, nem tudo está perdido.
Se essa irritação que você sente por tudo o que ele diz, ou por tudo o que ela faz, tornou-se diária, então o problema é maior. A terapia de casais costuma ajudar muito. No entanto, a terapia individual é, muitas vezes, um caminho curto e eficaz para aliviar a sensação de pessimismo em relação ao cônjuge.
Algumas atitudes vindas de você o(a) ajudarão a identificar se o que você sente é temporário ou não. Veja se você se identifica com alguma delas:
Você não deseja fazer planos com essa pessoa
Você não está mais animado para pensar em um jantar ou uma viagem. Isso simplesmente não lhe deixa motivado.
Nada o surpreende, apenas o aborrece
Você não fica surpreso com os passeios, com os presentes, muito menos com as conversas.
Você procura não estar em casa quando seu parceiro chegar
Você procura se esquivar, consciente ou inconscientemente. Você não quer ficar tanto tempo com seu parceiro.
Você só fala mal dele para os outros
Você conta aos outros quais são as falhas, mas nunca as qualidades do cônjuge. Você sente necessidade de dizer a eles o quanto esse relacionamento está afetando você.
Você faz amor por compromisso ou costume
Os encontros íntimos são marcados – pelo menos da sua parte – pela falta de motivação. Você pensa em como era lindo antes.
Você fantasia com outra vida, com outra pessoa
Cada vez mais você pensa em como seria bom voltar à vida de antes, ou como seria bom se apaixonar novamente, mas por outra pessoa.
Se sentimentos dessa natureza o invadem com frequência, busque ajuda profissional se quiser salvar seu casamento. Em uma relação sempre há momentos de tensão intercalados com sentimentos agradáveis. O importante é identificar até que ponto eles afetam nossas vidas.
Se você realmente se importar com seu relacionamento, não deixe o tempo passar. Trabalhe lado a lado com seu marido ou mulher para resolver as diferenças. Se não for este o caso, tome coragem para fazer o que deve ser feito. A vida é uma só, não há tempo para viver amargurado.
Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Un día amo a mi pareja, otro día ni la quiero ver ¿Es normal? ¿Qué hago?