Será mesmo bom preferir ver sempre o lado positivo da vida?

A vida é uma interminável sucessão de altos e baixos, mas ver seu lado positivo sempre é mais alentador, mesmo nos piores momentos.

Erika Otero Romero

Pessoalmente, creio que existam três maneiras de ver a realidade da vida: realista, pessimista ou positiva. Claro que essa é apenas minha maneira de perceber a existência, você tem todo o direito de pensar diferente.

As pessoas podem “mover-se” nessas três percepções da existência em diferentes épocas da vida. O interessante é quando alcançamos certa maturidade e estabilidade emocional, desembocamos em uma delas.

Querer mudar sua percepção é um grande passo

No meu caso, por anos, a maneira em que via minha vida oscilava entre o pessimismo e o realismo. Esta percepção estava acabando literalmente com minhas esperanças e forças internas. Cansada, comecei a buscar de maneira consciente uma mudança. Para isso, necessitava de um exemplo de vida ao qual me agarrar e encontrei.

Não é que ser realista seja ruim. Acredito que essa era a parte que menos me fazia mal, todo o contrário acontecia quando entrava na incessante fase do pessimismo. Era tal meu estado de ânimo, que contagiava a minha família. Eu estava arrastando um pesado saco de tristeza que me mantinha travada.

Eu queria dar uma guinada na vida. Algo me dizia que, se eu me esforçasse, encontraria algo a que me agarrar, e essa intuição não estava equivocada.

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Após algum tempo observado a vida de alguns conhecidos, escolhi quem seria meu exemplo. Descobri que essa pessoa era feliz e tudo dava certo para ela devido à sua maneira particular de enfrentar os obstáculos.

Francamente, essa mudança me tomou um pouco de tempo, mas as grandes metas são alcançadas aos poucos, não é assim? Ao final consegui implementar em mim uma percepção do mundo muito diferente da pessimista.

Agora posso dizer que minha maneira de enfrentar os problemas mudou por completo; honestamente me sinto feliz por minha nova atitude diante da vida.

O princípio de Pollyanna, ou a capacidade de ver o lado melhor da vida

O princípio de Pollyanna está baseado em uma série de história da escritora Eleanor H. Porter.

Como traço pessoal, Pollyanna é uma menina que possui a habilidade de focar no lado positivo da existência.

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Ao ficar órfã, Pollyanna foi enviada para viver com sua rígida tia Polly. A vida com essa mulher era dura. No entanto, a menina jamais se rendeu. Cada dia aplicava a regra de vida que seu pai lhe ensinou: ver o lado melhor das coisas. Essa atitude a dotou da capacidade de enfrentar a cada situação infeliz que surgia em seu caminho.

A maneira como Pollyanna via a vida não apenas beneficiava ela. Pouco a pouco, todas as pessoas ao seu redor se contagiaram com sua luminosa personalidade.

Da história para a psicologia

Foi esta personagem que serviu de inspiração aos psicólogos Margaret Matlin e David Stang para classificar a síndrome de Pollyanna como a máxima expressão do positivismo.

Matlin e Stang concluíram um estudo que trouxe vários achados interessantes:

As pessoas positivas não estão cegas para a realidade. Pelo contrário, são tão conscientes disso, que tomam tempo para observar o que há de ruim na vida. Isso as ajuda a ter um enfoque no que lhes interessa: as coisas boas da vida.

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– Quem faz uso do princípio de Pollyanna escolhe fixar sua atenção nas coisas positivas. São conscientes de que na vida há sofrimento, mas não lhe dão importância. E mais, se por um momento passam por dificuldades, esforçam-se para dar um giro positivo à situação.

Outros aspectos sobre o princípio de Pollyanna

O neurologista Steven Novella explica que aqueles que aplicam o princípio de Pollyanna não se lembram dos eventos negativos de seu passado. Não é que tenham problemas de memória, mas é como se bloqueassem esses eventos de maneira voluntária porque não lhes importa.

Algo interessante sobre esse “enfoque de vida” é que existem psicólogos que o criticam e preferem chamar de síndrome. O que argumentam é que, embora focar em ser positivo não seja de todo mal, pode representar um problema na hora de gerir as situações difíceis da vida.

Como alguém que usa esse princípio como norma de vida, devo dizer que não concordo. Posso dizer que, por escolher ver as coisas de maneira positiva, não perdemos consciência da dureza da realidade. Sabemos enfrentar os momentos difíceis, mas por uma perspectiva diferente. Talvez seja de uma maneira menos dramática, já que sabemos “ver a luz no fim do túnel”. Honestamente, não vejo nada de mau. A verdade é que não desejo voltar a viver uma vida fundamentada no sofrimento de uma dura realidade.

Sei por conta própria que a vida é um duro suceder de coisas boas e de coisas não tão boas, ainda assim, você tem o poder de determinar o quanto as coisas o afetam. Da forma como as vê, você dá a elas o poder de feri-lo ou de vencê-las e ser uma melhor pessoa.

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Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original ¿Será bueno preferir ver siempre el lado positivo de la vida?

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.