Promovendo a autoestima dos seus filhos

Os pais podem influenciar na autoestima dos seus filhos mais do que imaginam.

Catarina Rivero

Este artigo foi publicado originalmente no site Catarina Rivero e republicado aqui com permissão.

Tendo como meta o sucesso dos filhos, os pais frequentemente se sentem confusos sobre as melhores estratégias a adotar, sem saber como e quando valorizar, quando estabelecer limites. Nessa confusão sentida, muitas vezes acabam por se irritar com o comportamento, com os pequenos insucessos, levando a atitudes de irritabilidade e conflitos.

Querendo criar crianças felizes que se transformem em adultos realizados, será então fundamental que estas sintam confiança nas suas capacidades e que gostem de si. Autoconfiança e autoestima são conceitos frequentemente utilizados que merecem alguma reflexão.

O sentimento de si próprio como indivíduo começa a ser observado na primeira infância e desde os primeiros meses de vida. Os pais têm um papel ativo na construção de uma autoimagem positiva ao encorajarem o bebê a desempenhar algumas tarefas sozinho.

A autoconfiança leva a que a criança confie nas suas capacidades. Para que esta competência seja desenvolvida, é fundamental que os pais acompanhem e valorizem os seus sucessos e a encorajem nos momentos de maior dificuldade em atingir objetivos – sejam eles escolares ou relacionais, ajudando a que os insucessos se transformem em oportunidades de crescimento, considerando os desempenhos adequados à idade ou circunstância. Deste modo, a criança irá aceitar-se a si própria com as suas virtudes e limitações, estando assim a alimentar a sua autoestima.

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Estimulando a criança de forma positiva, capacitando-a para sonhar, desenvolver metas, ter prazer nos processos em que se envolve, transmitindo-lhe amor incondicional, a criança sentirá maior motivação para as tarefas que tem em mãos, bem como para melhorar naquilo que pode, não sentindo a pressão de um ideal imposto pelos pais – a criança sabe que é aceita e que os seus esforços são compensados ao nível relacional e também, no caso de atividades escolares, das notas.

Naturalmente que, para a estruturação das crianças, estas terão de ter limites e saber ouvir “não”. A investigação tem demonstrado que pais que adotam um estilo parental participativo – isto é, com práticas de diálogo, negociação, afeto, reflexão conjunta, encorajamento e exigência de cumprimento de regras – têm filhos com maior sucesso escolar e social. De fato, se é importante que os filhos tenham boas notas, o amor parental não é condicionado por esse fato. As crianças precisam sentir que os pais os amam incondicionalmente, mesmo quando estabelecem limites (que naturalmente serão questionados pelas crianças e jovens), quando dizem “não” ou quando os filhos cometem erros, e que estas posturas sejam acompanhadas de uma explicação ou reflexão conjunta, sendo que, em algumas situações, possam ser negociadas.

Se as regras são fonte de discórdia em casa, a acalmia poderá vir com a maior comunicação – e comunicar não acontece apenas quando os pais dialogam com os filhos, mas também nas atitudes que veem os pais terem entre si, com eles próprios e com outros elementos da família e comunidade – se os pais frequentemente têm posturas mais negativas, entram em conflito, são inflexíveis ou se “esquecem” de pedir “faz favor” ou dizer “obrigado”, será natural que os filhos tendam a replicar os comportamentos observados, considerando essa a postura de referência no meio social.

É ainda fundamental ajudar a criança a desenvolver um sentido crítico e a saber tomar as suas decisões, de destrinçar o bem do mal, isto é, do que lhe faz e não sentido. Assim sendo, os pais poderão contribuir, fomentando um clima que valorize a capacidade de pensamento, refletindo em conjunto sobre dilemas morais com que tão frequentemente nos deparamos no nosso cotidiano e ajudando-os a constatar as múltiplas perspectivas possíveis, com consequências para as diferentes partes envolvidas.

A capacidade de pensar por si, tomar decisões e avaliar as consequências é efetivamente útil para o desenvolvimento psicossocial da criança – mais do que passar uma verdade ou doutrina, a educação passa por ajudar as crianças e jovens a pensar sobre os valores implicados nas diferentes situações e consequências para si e para os outros. Desta forma, a criança não tem necessidade de se afirmar perante os outros, desenvolvendo um sentido de justiça e capacidade de descentração, conseguindo colocar-se no lugar do outro e considerando a sua opinião como refutável.

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Ter tempo de qualidade com os filhos, com espaço para os pais partilharem também um pouco de si, das suas emoções, das suas histórias, dos seus sucessos e insucessos, procurando ainda desenvolver atividades conjuntas, promoverá uma maior coesão da família e, como tal, maior bem-estar. A felicidade das crianças passa pelo amor, não pelos bens materiais. Há que estimular a criança mais para o ser do que para o ter – assim desenvolverá competências emocionais e pessoais que a ajudarão toda a vida a construir mais momentos de felicidade.

Uma criança que se sinta amada e valorizada, com espaço para aprender com os seus erros e continuar a evoluir, capaz de perceber os limites, mais facilmente se sentirá integrada nos espaços sociais em que se movimenta – família, escola e amigos.

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Catarina Rivero

Especialista em Psicologia Positiva e Terapia Familiar. Co-autora do livro “Positiva-Mente” (Esfera dos Livros). Formadora, autora e investigadora nas áreas do Bem-Estar, Família e Equipas. Psicoterapia Individual e Familiar em Portugal e online.