Procurando por Cristo: Ele já sabia onde eu estava

Um testemunho de que nunca estamos sozinhos, e que o Senhor conhece nossas dores e acalmará nossas aflições.

C. A. Ayres

Foi numa manhã de abril, começo de outono, que eu me percebi sozinha naquele jardim. Era bem cedo e o vento fresco e o barulho das palmeiras soavam como música. Do topo eu via toda a cidade acordando, o sol se reerguendo e beijando as flores. Lágrimas escorriam de meus olhos, agradecida pela paz do local, Mas, ao mesmo tempo, estava desesperada por tudo o que a vida me trazia nos últimos anos, resultado de sonhos desfeitos. A princípio, era somente uma das muitas vezes onde eu me sentia livre para chorar, sem precisar manter o sorriso educado no rosto.

Eu não podia reclamar, havia crescido e sido ensinada no seio de uma família maravilhosa, com exemplos gentis e verdadeiros de pessoas batalhadoras e sofridas. Más escolhas na vida ou consequências de outras pessoas por suas próprias haviam tomado meu ânimo, o que não aconteceu da noite para o dia, e eu sabia que eu tinha de ser forte e responsável, pois havia pessoas que ainda dependiam de mim e de meu espírito.

Os minutos se passavam, mas não minha dor. Faltavam alguns dias para a Páscoa e eu orava em voz alta para que o Senhor me perdoasse e me ajudasse, pois eu havia chegado num ponto onde não conseguia ver a luz no final do túnel. Entre palavras e choro, eu abria meu coração como nunca, e com todas as minhas forças tentava manter-me firme seguindo em frente, mas o fardo era mais pesado do que eu imaginava.

Um sentimento ainda mais pesado de desespero e aflição tomou conta de mim de tal forma que eu não conseguia levantar a cabeça. Era como se alguém estivesse me pisando ou empurrando para baixo. As lágrimas cobriam meus olhos e o choro bloqueava minha garganta. Foi quando algo indescritível aconteceu.

Alguém colocou suas mãos em meu ombro, e depois em minha cabeça. Aos poucos o choro se foi, o sentimento de desespero esvaiu-se, o coração voltou a bater em ritmo compassado, e a respiração voltou ao normal. Eu pude sentir paz e esperança, como se, miraculosamente, eu estivesse fora de meu corpo.

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Depois de alguns minutos, quando eu finalmente consegui abrir meus olhos, um raio de sol cortou caminho por entre as palmeiras imperiais e foi como se o vento me dissesse em alto e bom tom: “Aquietai-vos, e sabeis que Eu sou Deus.”

Não consegui ver ninguém a minha volta. Procurei por algum tempo se alguém havia chegado ou havia me visto naquele banco no jardim. Não sentia mais dor nem desespero. A única coisa que havia era o pensamento em meu Salvador que encheu meu coração de gratidão. O sentimento de que tudo ficaria bem invadiu minhas entranhas e me trouxe um fôlego novo. A certeza de que o sacrifício expiatório de Jesus Cristo cobria os meus erros na vida e daqueles que haviam me machucado era tão imensa quanto o amor e perdão imediatos que senti pelas mesmas pessoas. Era um sentimento de paz vindo diretamente da Fonte de vida eterna.

Como se fosse de repente, percebi que naquele jardim havia flores novas, brotos nas árvores, pássaros coloridos, borboletas bailavam no ar. O sol já alto refletia na fonte fazendo a água brilhar e refletir sua luz.

A certeza da Ressurreição de Jesus Cristo naquele momento era indiscutível. O sentimento que eu tinha era que havia acabado de chegar às portas de seu sepulcro e um anjo me dizia: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou.” Era a certeza de que há um Plano eterno para cada um de nós, e um Autor que cuida, importa-se e fortalece nossas esperanças a cada dia. A certeza da Expiação de Cristo, que derramou sangue através de Seus poros por mim e também por todas as outras pessoas, significando que eu não precisava sofrer, nem por tudo o que outros haviam me feito passar. A partir daquele dia minha vida tomou outro rumo.

A Ressurreição é a realidade que traz paz e consolo prometidos pelo Salvador. Ele está no comando. Ele é o Mestre que nos ama, capacita e abençoa.

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O testemunho que tenho de Sua divindade e propósito, além de Seu plano e Expiação é sagrado e construído sobre a rocha de Sua excelência todos os dias, seja pela Sua confiança ao me provar, ou por Seu amor ao abençoar a minha vida.

Procurando por Cristo, Ele me encontrou. Como Maria naquela manhã de domingo em abril, Ele também sabia onde eu estava.

A Páscoa nos ajuda a lembrar que nada neste mundo é mais importante ou mais forte que a eternidade da Ressurreição. Afinal, foi Ele quem proclamou: “Tende bom ânimo: Eu venci o mundo.”

Este artigo foi publicado originalmente no blog de C.A.Ayres e republicado aqui com permissão.

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C. A. Ayres

C. A. Ayres é mãe, esposa, escritora e fotógrafa, pós-graduada em Jornalismo, Psicologia/Psicanálise. Visite seu website.