Por que os homens criticam suas esposas que são mães em tempo integral

O que você fez durante o dia todo? Por que a casa está uma bagunça?

Samantha Rodman

Muitos casais que me procuram para aconselhamento estão lutando com as demandas de serem pais e mães de crianças pequenas. Frequentemente, o marido trabalha fora, assumindo o papel clássico de provedor financeiro, e a mulher fica em casa com as crianças menores de 5 anos. Pode haver muito conflito quando os homens criticam suas esposas, o que, com frequência, leva-as a recuar magoadas e com raiva (e é claro, como consequência, não querendo ter relações sexuais, entre outros problemas).

Neste artigo, vou abordar um subgrupo específico de mães que ficam em casa: as que gostam de estar em casa com as crianças, mas não são experts em tarefas domésticas ou em seguir uma rotina. Geralmente, as críticas começam quando o homem acha que a mulher, supostamente, deveria lidar melhor com as coisas e ter sua vida mais sob controle. Ou seja, basicamente, a qualquer momento em torno de 3 meses pós-parto. Conforme as crianças vão crescendo, mais irritados os homens ficam quando suas mulheres não conseguem se organizar. Em vista disso, eles dizem coisas como estas:

“Se ela fica o dia inteiro em casa, por que a casa está uma bagunça?”

“Por que ela está sempre atrasada ou cancelando as coisas? Ela fica em casa o dia todo!”

“Por que ela não pode fazer o jantar, se fica em casa o dia todo?”

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“Por que ela não sai mais de casa e faz mais atividades com as crianças?”

“Tudo o que ela faz é ficar no Facebook.”

“Ela não se preocupa com sua aparência.”

“Minha mãe mantinha a casa impecável, seus filhos na linha e o jantar pronto todas as noites.”

Para fins de discussão, vamos supor que isso tudo seja verdade. E é, muitas vezes. Mas há algumas verdades importantes sobre as mães em tempo integral que poderiam ajudar os maridos a entender o que está acontecendo.

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1. Ser uma dona de casa boa e organizada é, muitas vezes, incompatível com ser uma boa mãe em tempo integral, pela definição de hoje

É suposto que as mães que ficam em casa, hoje em dia, brinquem bastante com seus filhos. É também esperado delas que os alimentem com comidas saudáveis e limitem o tempo de uso dos aparelhos eletrônicos. Além disso, não é mais permitido às crianças menores brincarem sozinhas fora de casa, às criancinhas e bebês nunca foi. O tempo livre para os bebês, que costumava ser de uma hora no cercadinho, agora é de 15 minutos, enquanto a mãe está por perto. Se a sua esposa é uma mãe de tempo integral dedicada, ela brinca de faz-de-conta, faz trabalhinhos manuais, e prepara vegetais para o almoço do seu filho. Ela, portanto, não tem o tempo que a sua mãe tinha para preparar três refeições maravilhosas por dia para uma família de cinco, varrer cada cantinho da casa diariamente, e lavar todas as roupas.

2. As mães em tempo integral ficam isoladas

De um tempo para cá, as mulheres com filhos pequenos têm sido deixadas completamente sozinhas durante o dia. Antigamente, as pessoas costumavam viver perto dos familiares ou com eles. Sua esposa sente-se solitária e oprimida, porque não é natural para um adulto e uma, duas ou três crianças ficarem juntas por dez horas por dia. Sua esposa não tem ninguém para ajudar a fazer o almoço, ou cuidar do seu filho por um segundo, ou qualquer coisa. Se for pensar bem, esta é uma maneira bizarra de se criar filhos, mas é a realidade que ela precisa encarar. Se não acessar o Facebook, ela não terá qualquer vida social. Sim, ela poderia participar de um grupo de mães, mas essas reuniões, no Brasil, costumam acontecer uma ou duas vezes por mês. As pessoas também costumavam ter muito mais filhos, então um pré-adolescente podia ajudar com o bebê. Agora, essa é uma situação rara. Aliás, muitas mulheres têm depressão pós-parto ou ansiedade não diagnosticada, e sentirem-se sozinhas não ajuda em nada.

3. Mães em tempo integral são, muitas vezes, do Tipo B, para contrabalançar seus maridos do Tipo A

Segundo a Teoria da Personalidade Tipos A e B, as pessoas com personalidade do Tipo A são mais competitivas, ambiciosas, impacientes e/ou agressivas; ao passo que as do Tipo B são mais tranquilas e reflexivas.

Duas pessoas do Tipo A, muitas vezes não dão certo juntas. Em vários casais em que vejo a dinâmica “marido-crítico/esposa-e-mãe-em-tempo-integral-magoada”, o marido é de alta potência e do Tipo A, muito motivado, mas também egoísta. A razão pela qual ele se sentiu atraído por sua esposa foi por ela ser calma, cuidadosa, e disposta a ouvi-lo. Provavelmente, ela também era flexível e mantinha uma agenda em função da dele. Toda essa flexibilidade e capacidade de “dançar conforme a música” pode não ser útil para lembrá-la de descongelar algo para o jantar todos os dias. Mas certamente a torna calma e paciente com crianças.

4. Mães em tempo integral ficam muito cansadas

Muitas vezes, o marido que pergunta “Por que ela não pode ir para a academia?” tem a si mesmo como exemplo do cara ocupado que encontra tempo para o exercício físico. Mas se você perguntar quando ele vai para a academia, é antes do trabalho. Então, quem está levantando com as crianças ainda mais cedo, e está ainda mais cansada? Sua esposa. Quando está cansada, você não quer malhar. Não quer deixar seus filhos no espaço reservado para crianças na academia, onde eles podem dar chilique. Tudo o que você quer é passar o dia da melhor maneira possível, de preferência sem enlouquecer. Em minhas licenças-maternidade e nos dias em que estou em casa com as crianças, fico muito mais cansada do que quando estou no trabalho. O trabalho é um desafio intelectual e não físico. Ficar o tempo todo com as crianças é o inverso, é exaustivo.

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5. Maternidade em tempo integral funciona melhor para pessoas que “dançam conforme a música”

Pessoas descontraídas são ótimas com as crianças em viagens longas, em situações cotidianas e estressantes. Pessoas como esses maridos do Tipo A, e eu mesma, e muitas mulheres que dizem que enlouqueceriam se não desse certo, são boas com as crianças POR TEMPO LIMITADO, QUANDO HOUVER ESTRESSE EXTERNO LIMITADO. Então, as pessoas do Tipo A podem ter uma aventura incrível ou fazer um projeto legal com seus filhos, mas ficam irritadas se precisam passar um dia inteiro com eles, com todos aqueles lanches para preparar, apartando briga entre irmãos, limpando superfícies sujas de comida, colocando as crianças no “troninho”. Pessoas do Tipo A muitas vezes não conseguem ficar em casa com as crianças, a não ser que possam levá-las de atividade em atividade (é assim que eu programo meus dias com as crianças). Pessoas do Tipo B, como as esposas a quem me refiro neste artigo, proporcionam um ambiente calmo, caloroso e flexível para as crianças participarem de brincadeiras informais, o que é importante para os seus cérebros em desenvolvimento.

Portanto, antes de criticar sua esposa, que é mãe em tempo integral, por não manter tudo sob controle, pense a respeito desses fatores. É mais provável que seus filhos venham se lembrar dos momentos de carinho e risadas que tiveram com a mãe, do que se ela punha o jantar na mesa todos os dias às 18 horas ou se as prateleiras estavam empoeiradas. E lembre-se, no trabalho as pessoas provavelmente sorriem para você ou, pelo menos, não gritam com você. Às vezes, as pessoas lhe dizem “obrigado” ou “bom trabalho. Você pode até conseguir uma promoção agora e outra depois. Sua esposa não tem nada disso. Ela também não recebe nenhuma recompensa financeira por seu trabalho. Então, por que não lhe agradecer por ser uma mãe amorosa e presente para seus filhos, e dê uma trégua a ela.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger do original Why men criticize their stay-at-home-mom wives

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