Os piores 10 minutos da minha vida!

O relato emocionado de uma mãe que perdeu seu filho em meio à multidão. Leia o desespero dela ao notar que seu filho poderia nunca mais estar em seus braços.

Mirela Acioly

Este artigo foi publicado originalmente no blog De Mãe para Mamãe, adaptado e republicado aqui com permissão.

Dez segundos.

Em questão de uns 10 segundos, meu filho que estava numa loja de eletrônicos comigo e com o pai correndo com a irmã na minha frente SUMIU!

De repente eu paro de escutar a gargalhada dele, e deixo de encontrá-lo no meu campo de visão onde ele estava até então.

Dez segundos foi o suficiente. Dez segundos!!!

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No começo ainda achei que ele podia estar escondido atrás de alguma bancada, já que de ontem para hoje, a brincadeira da vez em casa é o esconde-esconde.

Chamei por ele num tom normal e discreto. Nada!

Chamei de novo e vejo Amanda, mas não o vejo!

Chamei novamente, um pouquinho mais alto e quando pergunto por ele para uma senhora que tinha acabado de falar com ele, ela me diz que o pai saiu com ele.

O pai saiu com ele??? O pai estava do meu lado olhando para ele! Como assim o pai o saiu com ele???

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Meu coração veio na boca e o sangue aqueceu. Num instante o meu passo acelerou e eu corri para fora da loja chamando Matheus um pouco mais alto do que o normal. Olhei meu marido que já tinha saído da loja para procurá-lo e vi os seus braços vazios. Ele não o achou. O corpo dele aparentava calma, os olhos não! Senti que ele estava ficando tão desesperado quanto eu, mas tentava manter a calma para não me desesperar e isso me fez tremer nas bases. Não era mais uma “brincadeira”. Matheus tinha desaparecido mesmo!

Provavelmente passaram apenas uns dois ou três minutos, mas eu sabia que esse tempo é suficiente para levarem meu filho pra longe e foi então que comecei a gritar pelo nome do Matheus e a olhar um monte de gente se aproximando e perguntando como ele estava vestido para facilitar a procura. Na mesma hora descrevi em alto e bom som repetidas vezes quase no ritmo cardíaco:

“Matheus, blusa verde, bermuda branca. Blusa verde, bermuda branca…” E fui repetindo e implorando para que fechassem o shopping, e achassem meu filho.

Não conseguia chorar, não tinha tempo para chorar. Sentia apenas o meu couro cabeludo fervilhando e a minha mente funcionando a mil ao mesmo tempo em que um vazio e uma sensação de impotência começavam a dominar o meu corpo junto com a ideia de que poderia nunca mais voltar a ver o meu filho.

A imagem dele nascendo, dele chamando por mim com aquele jeito doce, o seu abraço, a sua brabeza e a minha vida dali pra frente sem ele me faziam perguntar repetidamente como aquilo tinha acontecido comigo!!! Como ele num instante tava na minha frente e no outro estava sumido?

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Como ele saiu do meu campo de visão em tão pouco tempo??? Como eu fui capaz de piscar os olhos? Como eu fui capaz de olhar pro lado?

Por que eu fui pro shopping com ele? Pra quê???

E em meio a tantos agoniantes questionamentos, continuei gritando pelo nome dele e descrevendo ritmicamente a roupa que ele estava!

Lembro que num determinado momento parei, olhei em volta e vi que o meu pânico tinha atraído uma multidão de gente e que toda aquela gente estava me olhando e sofrendo comigo. Vi mulheres chorando, olhando para mim e sentindo um pouco da minha dor e aquilo me deixou mais desesperada ainda!

Não, eu não podia ter perdido o meu filho!!! Eu não podia!!!

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A minha vida era ele, o que eu faria sem ele? Aquilo era um pesadelo e eu precisava acordar logo!

Vi homens correndo de um lado pro outro ajudando meu marido a encontrá-lo e ali joguei as mãos à cabeça e o chão fugiu dos meus pés.

Como eu ia viver sem ele???

Como eu ia contar pra minha mãe que tinha perdido o meu filho?

Como eu fui perder meu filho??? Como???

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Não caí ali no chão morta porque as mãos de Deus me seguraram e uma força enorme apareceu para me voltar a fazer correr de um lado pro outro procurando pelo meu filho!

Nunca me senti tão perdida na minha vida! Nunca me senti tão desesperada, tão apavorada!

Olhava para a imensidão daquele shopping e me perguntava como eu o ia encontrar ali? E se alguém de fato o tivesse levado? Provavelmente se esconderia em qualquer canto e eu não o encontraria nunca!

Entre um chamado e outro, eu procurava o meu marido e quando os nossos olhares se encontravam eu não conseguia sustentar por muito tempo com medo de ver acusação no seu olhar. Olhava para os seus braços, via-os vazios e me batia mais desespero ainda!

Culpa… A culpa e o medo começavam a me consumir e eu estava com medo de que meu marido também me culpasse. Meu filho ia ficar sem os nossos cuidados, meu filho estava perdido sem mim no mundo e a culpa era minha que tinha arrastado todo o mundo para o shopping!!!

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Aquilo não podia estar acontecendo comigo!

Alguém tentou em algum momento me segurar e pediu para eu o acompanhar junto com uma mulher fardada (julgo que segurança) e a mulher estava com os olhos cheios de lágrimas… Me apavorei de vez! Era o fim.

De repente alguém grita ao fundo “acharam” e me puxaram pelo braço.

Parecia cena de filme… A multidão foi se abrindo e ao longe vi Matheus sendo trazido por um homem de blusa vermelha e meu marido pegar nele. Não me lembro de agradecer por esse homem ter me devolvido a vida, mas vou pedir que Deus o abençoe sempre e muito. Lembro apenas das minhas pernas voltarem a fraquejar e as lágrimas que estavam já em fúria para sair se soltaram e desceram enlouquecidas pelo meu rosto. Peguei Matheus nos braços, e junto com o meu marido apertei-o bem forte e quando seguro no seu rosto para ver se ele estava bem, ele olha pra mim e fala “num chore não mamãe!”

Escutar aquela frase nunca me fez tão bem!

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Matheus saiu andando da loja onde estávamos e estava no fim do corredor passeando como se nada tivesse acontecido!

Tá pensando que provavelmente está na hora de lhe darmos aquele famoso “susto” pra ver se ele aprende?

Pois saiba que já fiz umas três vezes e de nada adiantou! A mania dele querer ser independente sequer o faz olhar para trás para ver se tem alguém conhecido por perto!

Não desejo a ninguém essa experiência.

A ninguém mesmo!

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Escrevi com toda a intensidade e o mais detalhado que pude para que sintam um pouco do que senti e entendam agora o porquê do meu comentário no Instagram que dizia:

“Quem condena quem usa mochila com coleira, sabe de nada”.

Hoje eu tive certeza que tem coisas que você insconscientemente acha que nunca vão acontecer com você, mas que a qualquer momento podem acontecer com QUALQUER UM!

NINGUÉM está livre das desgraças da vida, gente, e se existem acessórios que podem facilitar a nossa vida e trazer mais segurança para os nossos filhos, não tenha dúvida de que são para ser usados #semvergonha! Mochilas com coleira, por exemplo, foram inventadas para assegurar que a criança não fuja de perto dos pais, nem que fique com o braço levantado o tempo todo dando a mão para quem a segura, o que na minha visão deve até ser bastante incômodo. Já pensaram como deve ser incômodo ficar o tempo todo de braço levantado com alguém apertando a sua mão e impedindo você de poder andar livremente?

O mundo inteiro já aderiu a esse acessório e quem não usa não condena o seu uso nem olha de lado quando vê. Só aqui se continua apontando o dedo para quem quer apenas garantir a segurança do seu filho! Por quê?

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É melhor perder o seu filho no meio de uma multidão (porque não quer que achem que você trata o seu filho igual a um cachorro) e correr o risco de não o encontrar nunca mais do que deixar ele caminhar seguro, com a sensação de liberdade mesmo que limitada por uma guia?

Eu já era a favor dessas mochilas e hoje consegui convencer o meu marido do mesmo!

Só quem passa por tamanho pesadelo é que sabe como uma criança pode sumir em menos de DEZ segundos!

Temos sim que os educar a ficarem sempre perto de nós, mas às vezes não é tão fácil quanto parece nem é do dia para a noite. E tem mães que não contam com a ajuda de terceiros e precisam cuidar das suas coisas com os filhos a tiracolo, então nada mais válido do que uma ajuda extra, já que ajuda humana nem sempre está “à mão”.

Dez minutos foi o tempo que vivi sem meu filho!

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Dez minutos!

Foi tempo suficiente para tocar na dor de quem perdeu e nunca mais recuperou um filho. Dez minutos. Tempo suficiente para mudar a minha vida!

Não queira nunca experimentar o sabor desses dez minutos!

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Mirela Acioly

Dona de um dos mais conhecidos perfis do Instagram sobre maternidade, a blogueira de maternidade Mirela Acioly mostra a maternidade tal como ela é através das suas já famosas Mirelices.