O significado do Natal

Quando o anjo proclamou o primeiro Natal, dirigiu-se aos pastores ao pé de Belém que nos campos guardavam seu rebanho do mal, contemplando as estrelas distantes no além.

Stael Ferreira Pedrosa

Sabemos e não é novidade para ninguém que o Natal se tornou uma data comercial poderosa. Repetir os gestos dos “reis” magos, ou seja, dar presentes, abriu uma brecha para que todos os comerciantes do mundo cristão fizessem questão de lembrar essa data. Não podemos dizer que a intenção seja das melhores, já que o significado do Natal não está nos cifrões impresso nas notas de dinheiro ou nas lojas cheias de presentes. No entanto, ao julgar os comerciantes podemos perguntar a nós mesmos: e para mim? O que é o Natal para mim?

Eu confesso, embora com vergonha, que mal me lembro do aniversariante. São tantas coisas para preparar – dar uma pintura nova, pelo menos na sala, verificar se a árvore está em bom estado, verificar os enfeites, as luzes, enfeitar as janelas, comprar os presentes, organizar um amigo oculto, ah, e a ceia, nossa, e a ceia! Tantas coisas caras para agradar os amigos e parentes. E por falar em amigos e parentes, preciso providenciar meios de hospedar os que vêm de longe, roupas novas para os filhos e para mim também, etc… E, então chega o Natal.

Parentes e amigos, troca de presentes, comida deliciosa, momentos memoráveis! E o aniversariante? Acho que nem veio. Mas parece que ninguém se importa muito com isso atualmente.

“Ressignificar” o Natal

Mas todos sabem o significado do Natal, não sabem? Será que precisamos ressignificar o Natal? Ou seja, dar um novo significado além de todo o consumismo? Você pode dizer: “ah, nem é a data real do nascimento de Jesus”, ou, “é uma festa pagã de origem celta” etc., no entanto, convencionou-se que ao celebrar o Natal, celebramos o nascimento de Jesus e isso traz um peso enorme em nossos valores. É hora de se perguntar: o que estamos celebrando mesmo?

Os filmes sempre falam em amor, em partilhar, em dar de si e na magia do Natal. Raramente falam em Jesus Cristo.

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Como cristãos, não podemos ir com o fluxo. Precisamos com urgência ressignificar o Natal em nossas vidas. Podemos fazer todas aquelas coisas já citadas – a troca de presentes, a presença de familiares e amigos, a boa comida e tudo o que desejarmos fazer para nossa alegria. Porém, devemos dedicar alguns minutos da festa (e nossas vidas inteiras) ao aniversariante.

Eu sempre achei que o mais significativo do Natal fosse o presépio e não a árvore. Também nunca fui muito com a cara do Papai Noel desde criança, já que ele não visitava e nem trazia presentes para todas as pessoas – principalmente as mais pobres, que mais mereciam – já que não tinham dinheiro para comprar (uma criança revoltada com Papai Noel é uma coisa triste).

Um presépio para o Natal

Ao preparar um presépio, preocupamo-nos em colocar naquele local uma família, um pai, uma mãe, um bebê, uma estrela – para nos lembrar da real origem daquele bebê, anjos, pastores e ovelhas. Além disso, o local deve ser pobre, uma manjedoura. Isso nos traz à mente alguns motivos para ponderar.  

1. Uma família

Embora José não fosse o verdadeiro pai de Jesus, ele estava ali com sua mulher e sua criança, a quem adotou como filho. José sabia que não havia laço genético, mas laços do amor, pois o anjo lhe havia dito:  “José, filho de Davi, não tema receber Maria como sua esposa, pois o que nela foi gerado procede do Espírito Santo. (Mateus 1:20)

Uma família é formada por amor. Se um filho é ou não adotado, o amor é o mesmo. Se não há um pai, há um avô, um tio. Se não há uma mãe, há uma avó, uma irmã mais velha, uma tia. Não há família incompleta quando o que a forma é o amor.

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2. Uma criança

Naquela noite, há mais de dois mil anos, chegou ao mundo uma nova criança como tantas outras que devem ter nascido em várias partes do mundo ao mesmo tempo. No entanto, aquela criança era diferente de todas as outras, anjos desceram do céu chamando os pastores que estavam perto para celebrar.

“Não temais, porquanto vos trago novas de grande alegria que o será para todo o povo: É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis um menino envolto em faixas, e deitado em uma manjedoura. (Lucas 2: 10-12).

Uma manjedoura abrigou o Rei dos reis – não reclame do que lhe falta na vida. Agradeça pelo que tem.

3. Uma estrela

Naquela noite, surgiu no céu uma estrela. Pelo menos é o que diz a tradição, já que a estrela só é mencionada pelos magos que visitaram o menino Jesus, no evangelho de Mateus. Essa estrela guiou os “reis” (Mateus só diz que eram magos) em sua viagem desde um oriente longínquo (do qual nada se sabe) até a casa onde Maria estava com o menino já por volta dos dois anos de idade. A estrela, segundo Mateus 2: 16, pairou sobre a casa mostrando onde estava o menino.

Uma criança que nasce é um presente de Deus, quando uma estrela aponta esta criança, isso perpassa um milagre, é o próprio Deus se doando ao mundo.

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4. Um anjo

Os anjos são figuras comuns no Natal, estão visíveis em quase todos os locais onde se vai. No presépio, apresentam-se como mensageiros de Deus aos homens, anunciando aos pastores o menino e louvando a Deus por seu amor:


E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
Então, de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão das hostes celestiais, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade”.  (Lucas 2: 8-10).

Façamos coro aos anjos e louvemos a Deus pela dádiva do Salvador.

5. Pastores e ovelhas

O que poderia haver de mais humilde que pastores que cuidavam de seus rebanhos naquela noite calma? Foram esses que o anjo chamou para louvar o menino. Os convidados para o primeiro Natal eram pastores. Foram eles também que, após testemunhar o Pai da Eternidade na manjedoura, saíram a prestar testemunho:

E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos fez saber.
E foram apressadamente, e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura.
E, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita; E todos os que a ouviram se maravilharam do que os pastores lhes diziam.  

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E voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes havia sido dito. (Lucas 2:15-20)

Não pudemos presenciar aquele acontecimento miraculoso, mas ao montar um presépio com nossa família, podemos ressignificar o Natal, contando aos nossos filhos o que aconteceu e por que cada um desses personagens, figura no presépio, e qual o seu papel no primeiro Natal.

Com isso estaremos renovando em nossos corações e nos corações de nossas crianças o verdadeiro significado da celebração, o nascimento do Príncipe da Paz, que veio por nós, conforme se encontra em Isaías 9:6

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. (Isaías 9:6).

Que nossos corações se voltem ao aniversariante. Feliz Natal!

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.