O poder de ser vulnerável com seu cônjuge

Ser vulnerável implica dar tudo de si, inclusive aquelas partes que você duvida que sejam aceitas ou amadas, mas esse é seu poder, pois quando você recebe amor em troca, a recompensa de ser vulnerável não tem preço.

Denhi Chaney

Na relação com nosso cônjuge, poucas coisas proveem os benefícios que ser vulnerável dá. Mas, o que isso significa? Ser vulnerável, por sua própria definição, significa estar suscetível à dor. E devido à nossa condição humana é normal fazer o possível para evitar sentir dor, e é aí que está o problema. A terapeuta Brené Brown afirmou sobre o assunto: “É impossível ser íntimo (…) além disso, o simples fato de amar sempre vai implicar na possibilidade de dor e de sentir-se decepcionado, no entanto, é somente quando estamos dispostos a passar por essas emoções que aprendemos a amar, que amadurecemos emocionalmente, que aprendemos a viver”. Eu acho que “aprendemos a viver” e neste caso a amar nosso cônjuge, ao decidir ser vulnerável, e essa é uma decisão que exige coragem.

Agora, quais são algumas das consequências de fugir da vulnerabilidade? Conflitos conjugais, abuso, vícios, distância, pouca alegria, pouca satisfação na vida sexual, entre outras. Todas, mesmo que não sejam consequência direta, estão relacionadas com a cultura mais ampla da evasão de sentir e viver emoções vulneráveis, isso se manifesta em mensagens como: “Nunca chore.”; “Seja corajoso e pare de reclamar.”; “Nunca mostre o quanto você o ama.”; “Se você está certo, nunca peça desculpas.”; “Nunca deixe que o veja chorar”; “Não demonstre que você está com medo.”; “Diga que você está bem, mesmo que por dentro não esteja.”. Todas essas mensagens são destrutivas e não contribuem para uma relação com verdadeira intimidade, pois negam e lutam contra a vulnerabilidade inerente a qualquer relacionamento saudável.

Ainda assim, muitas pessoas se perguntam como podem combater essas mensagens e ser vulneráveis com seu cônjuge. A seguir, apresento alguns conselhos para conseguir isso:

1. Fale sobre seus sentimentos

Muitas vezes, nosso cônjuge viu apenas duas emoções em nós: alegria e raiva. Mas, convenhamos, sentimos muito mais, tais como tristeza, abandono, frustração, desespero, vergonha, angústia, entre outras. Essas são as emoções sobre as quais devemos falar, pois nos aproximam como casal. É muito diferente dizer “Estou triste com o comentário que você fez.”, ao invés de “Como eu fico brava quando você fala assim!”. Posso dizer que na minha experiência profissional, 99% das vezes a raiva cobre outras emoções, e essas outras é que são as importantes, pois se tratam das vulneráveis. Então, aceite e fale sobre tudo o que você sente.

2. Aja contra a corrente

Os instintos às vezes nos traem e decidimos fazer o que nos distancia de nosso cônjuge, ao invés de buscar proximidade. Nesses casos, recusamo-nos a pedir desculpas ou paramos de falar, ou nos afastamos ou dizemos as palavras certas para machucar. Eu recomendo que você aja ao contrário da corrente – ou de seus instintos – e faça aquilo que você não quer fazer. Não posso dizer que vai ser fácil, pois requer muita coragem, mas garanto que você irá se sentir melhor.

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3. Peça ajuda ao seu cônjuge quando precisar

Em uma cultura na qual ser independente é recompensado, não é surpresa que as pessoas que procuram seu cônjuge para obter ajuda são cada vez menos. Este conselho está relacionado ao de ir contra a corrente: se você se sentir tentada a chorar sozinha, procure seu cônjuge; se você precisa de ajuda, procure seu cônjuge; se precisar de um conselho ou consolo, procure seu cônjuge… A relação de casal não foi feita para que você corra essa maratona sozinha.

A decisão de ser vulnerável precisa de muita coragem e determinação, mas os frutos de tal determinação não podem ser enumerados ou medidos, pois os melhores relacionamentos e os melhores momentos em casal são apreciados quando ambos estão dispostos a ser vulneráveis. Convido-a a tentar e, se fracassar, tente de novo; se tiver medo, lembre-se de que é normal; se tiver dúvidas, tenha em mente que não vai respondê-las até tentar. E se já experimentou o amor de seu cônjuge ao ser docemente vulnerável, parabéns!

Traduzido e adaptado por Sarah Pierina do original El poder de ser vulnerable con tu pareja, de Denhi Chaney.

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Denhi Chaney

Denhi Chaney é formada pela Universidade de Brigham Young com mestrado em Terapia de Casal e Familiar. Ela também é esposa e mãe de um filho.