O Monte Everest é a nova Torre de Babel?

As escaladas rumo o topo do Everest já mataram muitas pessoas. Em busca de que realmente eles estão?

Viviana Dominguez

O Monte Everest é considerado a montanha mais alta do mundo, com uma altitude de 8.848 metros acima do nível do mar. Está localizada no continente asiático, na Cordilheira do Himalaia, e faz fronteira com dois países, China e Nepal.

O Everest tornou-se a montanha mais cobiçada pelos alpinistas, principalmente durante os meses de abril e maio, quando as condições meteorológicas são melhores para realizar a escalada.

Porém, nos últimos anos, o Monte Everest tem sido notícia devido a uma situação muito triste: o grande número de pessoas que morreram tentando escalá-lo, oito em apenas uma semana, em 2019. Notícias relataram que, naquele ano, os montanhistas faziam longas filas para chegar ao topo.

As boas condições climáticas (épocas de ventos fracos) para a escalada e o desejo exagerado das pessoas em cumprir o desafio criaram uma surpreendente aglomeração de pessoas, o que tornava as subidas lentas, ou a espera sentados longa, principalmente na reta final.

Considerando a altitude, as baixas temperaturas e o oxigênio insuficiente, este não é um lugar apropriado para se fazer fila. Tudo isso custou a vida de onze pessoas, apenas na temporada de 2019.

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Ganância, soberba e desejo de glória

Ao reler as notícias sobre o que estava acontecendo no Monte Everest, imediatamente me lembrei da história citada na Bíblia sobre A Torre de Babel. De acordo com o relato bíblico, conta-se que, no princípio, era falado um único idioma entre os primeiros habitantes. O povo concordou em construir uma cidade e, depois, construir uma torre “tão alta, que poderia tocar o céu, e eles poderiam ser famosos”. As escrituras dizem que, quando Deus viu o que estava acontecendo, Ele decidiu confundir as línguas.

A Torre de Babel significou o surgimento de mais de 7 mil línguas que existem hoje em dia, mas também nos convida a considerar a ganância e a soberba como um dos primeiros erros da humanidade. Estabelecendo, assim, desde o início, o desejo do ser humano de querer sempre mais, principalmente em dinheiro, poder e glória.

Problemas de coração

A ganância é a tendência de querer tudo para si, principalmente dinheiro, riqueza etc. A pessoa se torna egoísta, não consegue compartilhar e tira vantagem de toda a situação que puder. Tais pessoas são imediatamente identificadas na família ou na sociedade, sendo rejeitadas por sua incapacidade de dar, e acabam ficando sozinhas.

O desejo de ter e acumular é tão grande, que a própria ideia de ter que perder algo deixa essas pessoas atemorizadas, quando o verdadeiro motivo é uma tremenda carência emocional, “um vazio”, que elas pensam que podem preencher com coisas materiais. A ganância é advertida pela maioria das religiões, que tentam ensinar às pessoas, por meio das escrituras, meditação ou orações, a se abrirem para o amor pelos outros.

Sugestão: qualquer abordagem espiritual através de uma religião, ou pessoal, sempre ajuda a melhorar, sobretudo a prática da oração ou meditação. Por outro lado, ou paralelamente, pode ser feita uma consulta profissional para entender o vazio emocional que a pessoa sente.

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A soberba e a vanglória

Tomás de Aquino descreve a soberba como “o apetite imoderado da própria excelência que, de passagem, rebaixa dignidade alheia“. A soberba é, portanto, pensar que se está acima de tudo, que se sabe tudo e não se precisa de qualquer ajuda ou conselho.

O filósofo acrescenta que a soberba é “a mãe e a rainha de todos os defeitos”, sendo que, no meu entender, todos os demais defeitos derivam da dela.

Sugestão: para melhorarmos nesse aspecto, é importante entender que as pessoas sábias geralmente são simples e desejam sempre aprender com os outros, educar-se e ser humildes nas palavras e ações.

Vangloriar-se ou desejar glória

A vanglória está relacionada ao orgulho extremo ou vaidade. A pessoa se gaba de suas ações para as outras. Também se pode se vangloriar de seu físico ou beleza pessoal.

Sugestão: as religiões, sobretudo, dão grande ênfase a não nos vangloriarmos, mas a sermos humildes em nossas ações e no serviço aos outros. Ajudar os outros é uma maneira muito boa e simples de limpar nosso coração do desejo de glória pessoal.

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Não há nada de errado em querer alcançar objetivos, como escalar o Monte Everest, ser famoso, rico, bonito, inteligente ou querer o melhor para si ou para própria família; tampouco é necessário passar a vida toda de cabeça baixa pedindo perdão por tudo o que faz. É preciso, simplesmente, viver a vida com o coração puro e humilde, não permitindo que o ego fique inflado.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original ¿Es el Monte Everest la nueva Torre de Babel?

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