O lado difícil de ser mãe

Vamos ser sinceras, ser mãe é realmente algo maravilhoso, mas tem um lado obscuro também.

Stael Ferreira Pedrosa

Lembro-me quando ainda estava com meu recém-nascido, de uma mãe de 5 filhos me dizendo “tudo que eu gostaria mesmo, de verdade, era poder dormir uma noite inteira e acordar naturalmente.” Fiquei pensando que talvez ela estivesse exagerando.

Alguns poucos meses mais tarde, descobri que meu bebê tinha apneia do sono e simplesmente parava de respirar… Fiquei um ano sem dormir ou dormindo cerca de 2 horas por noite e minha amiga sempre vinha à minha mente nesses momentos.

Sem saber lidar com o cansaço, os problemas diários, os problemas do meu filho para dormir, eu chorava. Meus nervos estavam em frangalhos. Eu queria dormir, mas tinha medo de meu filho parar de respirar. Eu o colocava na minha cama e tinha medo de machucá-lo. Eu o colocava no berço e tinha medo de dormir e não perceber que ele parou de respirar. Isso sem contar que ele pegou todas as viroses possíveis e imagináveis em seus três primeiros anos de vida.

Mas se fosse só isso, tudo terminaria em alguns anos. Mas, sabemos que não é bem assim. Existem algumas questões muito difíceis que só as mães entendem.

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Culpa

Não importam as circunstâncias, todas as mães sentem culpa. Se ela é dona de casa se culpa por não ter tempo de brincar com os filhos, levar para passear ou mesmo assistir TV com eles. Se ela trabalha fora se sente culpada de não participar o suficiente de suas vidas enquanto eles crescem. Sentimo-nos culpadas por um acidente, por perdermos a paciência, enfim, ser mãe é sentir culpa.

Devemos nos livrar disso sob pena de ter uma vida amarga. Lembremo-nos que nem sempre temos o controle sobre o que acontece. Precisamos trabalhar para ajudar nas finanças, temos que ser dona de casa e fazer com que tudo funcione. Nem sempre poderemos fazer tudo por nossos filhos e nem acompanhar cada detalhe de seu crescimento e tudo bem. É assim mesmo. Mais importante do que o tempo que você passa com seus filhos, é a qualidade desse tempo. Aproveite seu tempo livre para se aproximar realmente deles e não apenas ficar pensando na vida sentado ao lado deles.

Dizer não

Esta pode ser a palavra mais libertadora do mundo, mas pode ser uma das mais difíceis de serem ditas. Afinal, seu filho terá que se acostumar com a ideia de que nem tudo é possível ou conveniente. Mas, e o coração da mãe? Eles pedem com aqueles olhinhos arregalados e um sorriso nos lábios. Queremos agradar nossos pimpolhos, e se podemos, por que não?

Porque ser pais é educar e preparar o filho para a sociedade onde ele ouvirá “não” quase sempre e não terá problemas com isso, pois já sabe como lidar. O não também é importante para que a criança saiba que há um limite para o ter. Há um limite entre ela e o outro, que deve ser respeitado.

Dizer sim

Um dia, sem a menor cerimônia, seu pedacinho de gente vai perguntar: Mãe, posso brincar na casa do meu amigo? Ou posso dormir na casa da minha amiga? Posso ir sozinho na padaria? E isso nunca mais cessará até o dia em que deixarem o ninho.

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É difícil, eu sei. Queremos proteger nossas preciosidades dos perigos lá fora; seja a violência, os carros, os estranhos, os amigos, os ETs, qualquer coisa. E como é difícil dizer sim.

Temos que fazê-lo, mas aos poucos e cercando-nos de todos os cuidados possíveis. Se você conhece a família do amiguinho e sabe que são boas pessoas e cuidadosas, não há problema em deixar seu filho dormir na casa dele. Se a padaria em questão é perto de casa, não fica em rua movimentada ou área perigosa, também não há com que se preocupar se ele tem mais de 6 anos. Antes disso não deve sair sozinho. Mas, cada caso é um caso, existem crianças de 10 anos que são desatentas, distraídas e devem ser monitoradas.

E quando chegam as decisões maiores? Sair ou viajar com os amigos, passar a noite fora, viajar para estudar. Tudo é muito difícil, mas faz parte da vida. Criamos os filhos para o mundo e o mínimo que podemos fazer é deixar que vão encontrar esse mundo.

Mas, tudo vale a pena, cada momento, cada noite sem dormir, cada preocupação, porque, como bem disse Welen Medeiros: “Amor de mãe é renúncia, é seguro, é acalento, é temor pelos filhos, é querer dar a própria felicidade pela felicidade dos filhos.”

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.