O casal ou os filhos: Quem deve vir em primeiro lugar?

O justo equilíbrio entre seus filhos e o matrimônio é a solução para muitos problemas conjugais

Erika Otero Romero

Ninguém pode negar que o anúncio da chegada do primeiro filho é uma notícia que enche de alegria tanto o casal, como o resto da família. O mesmo acontece com os outros filhos que chegam. São alegria e amor, certamente trazem vontade de lutar para conduzir toda a família adiante.

Mas a realidade é que os filhos também significam menos tempo para se estar com o cônjuge, sacrifício, cansaço, um investimento gigantesco de dinheiro em cada um deles. Preocupações que antes não existiam e uma série de outros aspectos que os pais se tornam conscientes ao longo da sua vida de casal.

Sim, ter filhos é um bônus para o casamento, e também é uma responsabilidade que, gradualmente, redireciona o foco da atenção do parceiro para os filhos. A situação é que, se não for prudente na distribuição do seu tempo, acabará deteriorando a relação conjugal.

Se aprender a equilibrar o tempo que você dá ao seu parceiro e aos seus filhos, as coisas não serão tão ruins como podem ser. Por isso, tendo em conta o acima exposto, vou apontar algumas maneiras como seus filhos podem pôr em conflito a sua relação com o seu marido e as possíveis formas de resolvê-lo.

1. Tornam-se os “primeiros da lista”

Dependendo da idade dos filhos, assim é a proporção de tempo que devem dedicar-lhes. Um bebê pode precisar de mais tempo do que uma criança de 7 ou 10 anos. No entanto, entre todas as atividades de acolhimento de crianças, ainda há algum tempo para falar com o parceiro.

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A questão é que cuidar das crianças leva implicitamente à exaustão dos pais. Pode chegar a tal ponto, que vocês não vão querer mais do que tomar um banho à noite e vão rogar que eles durmam direto até às 6 da manhã, sem que, em seguida, passem para cama de vocês.

Para que isso não aconteça, enquanto a criança ainda é um bebê, vocês devem aprender a distribuir seu tempo. À medida que eles vão ficando maiores, devem dar-lhes mais independência. Com isso, eles poderão chegar a uma idade onde não demandarão de vocês até mesmo que lhes sirva um copo com água.

2. Eles os distanciam

Acredite ou não, os filhos testam tudo o que os pais estão dispostos a fazer por eles. É assim que os põem à prova, e se observarem que um de vocês tem uma ligação mais especial com o outro que com eles, o que vão fazer é absorver essa atenção do progenitor preferido, para ser preferido sobre o seu parceiro.

O problema é que se vocês cederem terreno exclusivo às exigências do seu filho, e preferi-los acima do seu cônjuge, a relação de casal vai a pique.

Por que eu faria isso? Porque se o pai menos favorito repreende e trata de impor disciplina, o outro – mais valorizado – vai intervir para que a disciplina não seja tão estrita ou que a criança seja repreendida. Isso os colocará em desacordo, armadilha em que, como pais, não devem cair. Ambos devem estar de acordo na educação das crianças, e se há contrariedades sobre a educação, vocês devem discuti-las em privado.

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3. São seu único ponto de atenção

Mesmo que os amemos, às vezes pode ser um pouco cansativo ouvir uma pessoa falar a cada minuto do dia maravilhoso ou trágico do seu filho. É verdade que podem orgulhar-se das realizações e dos objetivos, mas os filhos não são as únicas pessoas nas suas vidas, nem o único tema de conversa.

Tenha cuidado, porque isso pode desgastar muito a relação de casal. Se você notar que seu único tema de conversa quando você vai comer fora ou passar tempo juntos são seus filhos, isso deve ser tomado como um sinal de alerta.

Procurem ter temas de conversação diversos; por exemplo, as notícias, o planejamento de uma viagem, seus objetivos, sonhos e desejos. São seres humanos, cônjuges e pais e não apenas pais, por isso têm o direito de se preocuparem consigo mesmos e de lutar pela felicidade conjugal e pessoal. Afinal, vocês, como casal, têm de estar bem para a família funcionar.

4. Estão presentes em todo o lado

Isso acontece mais do que tudo quando eles são pequenos. Realmente não deve ser um problema porque você sabe que eles vão depender de você por um tempo. Mas que não tenha tempo a sós nem no banheiro? Não, não pode ser assim.

Pessoalmente, não concordo com a ideia das crianças dormirem com os pais; considero que isso pode causar muitos problemas de dependência dos filhos. Tudo bem levar seu bebê para sua cama quando está doente para cuidar dele, mas é bom que ele durma em sua própria cama, embora tenham o berço no mesmo quarto por um tempo.

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A questão é que este hábito, a meu ver, até aos 3 ou 4 anos torna os filhos dependentes. Não poderão dormir se não estiverem com seus pais, e assim conseguir que durmam em seu próprio quarto será cada vez mais difícil.

A questão é que eles se acostumam a dirigir-se ao quarto de casal ao ponto de chegar até mesmo a surpreendê-los em um momento íntimo. Nenhum pai quer isso. Mas, além disso, mata a paixão porque lhes rouba intimidade.

Cuide para que seus filhos, desde pequenos, tenham seu próprio quarto. Quanto mais rápido aprenderem a dormir sozinhos, melhor para todos.

5. Todo o seu mundo gira em torno deles

– “O que você tem que fazer hoje?”

“Buscar a Dani no colégio, levá-la para almoçar, já que não dá tempo para ir em casa, e em seguida levá-la a seu jogo de futebol, esperá-la lá porque não tem sentido voltar para casa. Estaremos aqui por volta das 6 da tarde, então devo ajudá-la com as tarefas e. com sorte. poderei dormir por volta das 10 da noite. Por que pergunta?”

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“Hum, pensei que seria uma boa ideia ir ao cinema, mas não há tempo.”

Isso acontece muitas vezes com muitos casais. Sua vida gira em torno dos filhos e da vida deles, enquanto a de vocês é relegada a um segundo lugar. Logo chegam os problemas de deslealdade, mas a culpa é de ambos, porque não aprenderam a distribuir tempo nem a dar-se o espaço que mereciam.

Seus filhos têm direito à sua infância, da mesma forma que vocês têm direito a seu tempo juntos ou a sós. Isso não teria que ser um problema.

O segredo é que, desde a chegada dos filhos, ambos tracem um plano de distribuição de tempo e limites entre a dedicação às crianças – que vão necessitar dela pelo menos até os 17 anos – e a vida conjugal. Se chegarem a um acordo, asseguro-lhes que poderão levar adiante uma família plena, estável e feliz.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original La pareja o los hijos: ¿Quién debe estar en primer lugar?

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.