Não se esconda da tempestade, é melhor dançar na chuva

'Quem vence os outros é forte, mas quem vence a si mesmo é poderoso.' Lao Tse

Erika Otero Romero

A vida de uma pessoa é como um longo percurso em uma montanha russa, às vezes sobe-se lentamente, outras vezes desce-se de forma brusca. Também há momentos prolongados em que se transita sem muitos altos e baixos. Mas logo os altos e baixos começam de novo. Isso vai acontecendo até o dia em que a estrada chegar ao fim, e o que conta é o que você aprendeu e a maneira como enfrentou cada trecho da viagem.

O mais interessante de tudo é que, para valorizar as alegrias, é preciso passar por tragédia. Como dizem, “não há dia sem noite nem bem sem mal”. Essa é a vida, uma sucessão de bons e maus momentos. Os primeiros, você desfruta; os outros o tornam forte e corajoso; lapidam-no e o fazem ver de que material você é feito.

Depois da adversidade, vem a felicidade

É preciso ter cuidado e saber enfrentar a vida depois de tempos difíceis. Muitas pessoas ficam arrasadas depois de uma temporada nas sombras. Sim, tornam-se fortes, mas com um alto custo: sua felicidade.

Os desafios que têm de enfrentar são, às vezes, tão difíceis, elas que saem deles com uma grande bagagem de aprendizado, mas, ao mesmo tempo, com grande amargura na vida. De maneira nenhuma deve ser assim. Descobrir que você não era a pessoa que acreditava ser, mas um ser humano capaz de enfrentar a morte, o fracasso, a doença ou a pobreza, e sair disso vitorioso, deveria ser um incentivo suficiente para você ficar feliz em ser quem é.

Depois do infortúnio, você deve aprender a abraçar os momentos felizes com as pessoas que não lhe deram as costas. Além disso, deve aprender a perdoar. Você tem o dever de ser grato, essa é uma de tantas lições que virão da adversidade: aprender a ser resiliente.

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O que é resiliência?

Resiliência é a capacidade de superar as adversidades, e sem adornos. Todo mundo tem essa capacidade; no entanto, às vezes insistimos em nos afogar em situações que podem verdadeiramente ser superadas com um pouco de esforço.

Vou dar um exemplo simples e, ao mesmo tempo, maravilhoso para mim, pois aprendi muito nesse processo.

Tenho seis cachorros, um deles é minha cachorrinha Luna. Ela tem 14 anos e vários problemas de saúde. Um ano e meio atrás ela ficou cega. Apesar de todas as doenças e desconfortos, ela late e caminha cambaleando até a porta abanando o rabo quando escuta baterem. Ela come com prazer sua ração e as “iguarias” que lhe oferecemos quando ela percebe que estamos comendo. Quando um de seus 4 filhotes ou seu “marido” (meu outro cachorro) a incomodam, ela rosna para afastá-los. Ela pede carinho, aproveita os poucos passeios que consegue dar, e apesar das suas dores e cegueira, vai até o pátio fazer suas necessidades. Ou seja, ela tem uma vida razoavelmente feliz para um cão idoso.

Agora, você pode dizer “como se atreve a comparar um ser humano com um cachorro”, e pode ser que tenha razão. No entanto, a grande diferença entre um animal e uma pessoa é que nós racionalizamos muito as provações da vida, as quais trazem ensinamentos e são sempre para o nosso bem. Mesmo assim, a prepotência e essa gana de nos sentimos superiores é tanta, que, diante de uma calamidade, muitos preferem se afundar na miséria em vez de tirar proveito dela. Os animais são um grande exemplo de resiliência, pois aceitam sua situação e fazem o melhor que podem com o que têm.

Como não sofrer com as dificuldades da vida?

O sofrimento é o resultado de não se saber nadar com a corrente, mas de ir contra ela. O sofrimento ocorre porque a pessoa insiste em ir contra as coisas que a vida coloca em seu caminho. Quando resiste à mudança, a um obstáculo ou problema, ela sofre.

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Ontem mesmo, vi um programa sobre milagres que me permitiu ver a capacidade das pessoas de superar dificuldades. Um dos casos exibidos foi o de um homem diabético que estava perdendo a visão gradativamente. Ele foi ao médico, que lhe disse que ficaria totalmente cego depois de uma cirurgia que precisava fazer.

O homem respondeu ao médico: “Doutor, se ficar cego, eu me mato!” Sinceramente, fiquei atordoada. Ficar cego, para esse homem, era uma sentença de morte. Ele ainda estaria vivo, poderia seguir em frente! Mas era a ruína para ele, então ele se apegou a um milagre. Bem, depois de muitas idas e vindas, ele fez a cirurgia e não ficou cego, e pôde seguir com sua vida, venerando ao ser que ele acreditava ter feito um milagre.

O copo pode estar meio cheio ou meio vazio, você escolhe

Não estou questionando a existência ou não de milagres, é uma questão de fé. O que tento destacar é a capacidade de uma pessoa de enxergar o copo meio vazio, em vez de meio cheio, sendo que está meio a meio.

A questão é que, se estivermos diante de um problema, devemos fazer o possível para sair dele, ainda assim, devemos estar preparados para o pior dos cenários e o que fazer a seguir.

Pense na história do homem. E se a cirurgia não fosse bem-sucedida? Ele teria cometido suicídio porque ficou cego? Não se trata de se dar por vencido diante do primeiro obstáculo, mas de dar o melhor de si para ser feliz, apensar da adversidade.

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Quando alguém aceita uma situação difícil e a deixa fluir, em breve encontrará uma solução simples. Vai descobrir que não foi derrotado e está pronto para enfrentar o que quer que venha depois disso. O segredo está em não se dar por vencido, em descobrir sua força e desfrutar a vida com o que se tem.

Mas, para conseguir isso, é preciso aprender a agradecer o aprendizado obtido. Parte do segredo para ser feliz após a adversidade é ser grato por ter saído mais forte e vitorioso.

Você escolhe como enfrentar os problemas. É você que decide se deixa-se afundar ou aprende a nadar com a correnteza.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original No te escondas de la tormenta, mejor baila bajo la lluvia

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.