Não esconda as emoções em seu relacionamento se não quiser fraturá-lo

Cuidado! Esconder suas emoções de seu cônjuge pode acabar com seu relacionamento.

Adriana Acosta Bujan

Susana comentou: “Lembro-me de um dia em que estava festejando o início do ano rodeada pela minha família, quando todos começamos a dançar, meu marido de repente me perguntou por que eu estava dançando, dizendo que eu deveria me sentar e parar de passar vergonha. Naquele momento, fiquei muito triste e frustrada, tanto que me sentei e mudei de comportamento; obviamente, não falei nada ao meu marido para não ter uma briga na frente da minha família”.

Patrícia diz que fica muito incomodada pelo fato de seu marido não a escutar da maneira que ela gostaria. “Normalmente, quando meu marido chega do trabalho, ele me cumprimenta com um beijo e, minutos depois, pega o celular para interagir nas redes sociais, vaguear e se distrair um pouco. Já pedi mil vezes para ele prestar atenção em mim, mas parece que ele não entende. Isso me deixa muito triste e frustrada; agora, não lhe digo mais nada para evitar briga.

“Meus entes queridos não moram no mesmo lugar onde eu moro, então, minha comunicação é somente através de ligações ou redes sociais. Quando um dia minha irmã me disse que viria me ver para passarmos alguns dias juntas, lembro-me de meu marido dizendo que ela não podia entrar em nossa casa por causa das diferenças que havia entre eles. Naquele momento, eu me senti frustrada, decepcionada e muito triste, mas decidi não falar nada com meu marido para não ter conflitos ”, disse Fabiola.

Muitas histórias, como as que acabamos de ler, podem ser familiares para nós, já que os casais muitas vezes escondem suas emoções e sentimentos para evitar conflitos entre eles. Talvez essa atitude seja adotada por medo de que o relacionamento fracasse ou por ceder para ter uma boa convivência.

No entanto, quando uma pessoa fica irritada, brava, triste, ou se sente desapontada, aborrecida ou frustrada a cada dia que passa em seu relacionamento, pelo simples ato de silenciar suas emoções, é provável que seu relacionamento vá, pouco a pouco, causando feridas profundas.

Um estudo realizado pela Universidade de Gênova (Itália) indica que reprimir as emoções leva ao desenvolvimento de problemas graves, gerando a ruptura de vínculos. Ocultar as emoções gera desconforto, tristeza e insatisfação pessoal, o que põe em risco a convivência saudável nos relacionamentos.

Um dano que fere o coração

Seria uma utopia se o cônjuge soubesse o que queremos, o que sentimos e o que nos incomoda; assim, os conflitos conjugais seriam evitados. Porém, não é bem assim que acontece. Quando nosso parceiro faz coisas que nos causam frustração ou que vão de encontro ao que pensamos, é comum expressarmos nossa discordância, mas, infelizmente, às vezes isso acaba gerando discussões.

Ou seja, quando você acha que seu parceiro não a escuta, não presta atenção em você, não leva em consideração suas opiniões ou não a deixa participar da tomada de decisões, pode surgir grande ressentimento e ódio, que vão se  acumulando até o ponto de aquela paciência que você achava que tinha explodir de forma prejudicial.

Calar as emoções pode fazer um relacionamento acabar

1. Impotência e frustração

Se você é do tipo que esconde as emoções do cônjuge, é provável que tenha o coração cheio de frustrações, que se sinta impotente, que se considera infeliz e sua autoestima está em frangalhos. Esconder o que sente afetará não apenas seu humor, mas também sua condição física.

Por isso, é importante você exteriorizar o que sente logo após seu cônjuge fazer algo que você não gosta ou que a incomoda de alguma maneira. Mas faça-o de maneira harmoniosa. Você não deve necessariamente impor suas ideias, mas tentar se comunicar de forma assertiva, para expressar seus sentimentos e gerar empatia.

2. Depressão

A depressão pode ser uma consequência de se ocultar as emoções. Quanto mais reprimir seus sentimentos, mais danos emocionais causará a si mesma. É provável que você se sinta desvalorizada, desrespeitada e pouco amada, já que prefere aceitar as coisas que seu marido faz ou decide, sem intervir, justamente para não acabar brigando.

Quando uma pessoa se reprime, ela acaba se sentindo triste, perde o interesse pelas coisas, costuma estar cansada e   irritada o tempo todo. Para não desenvolver depressão, é importante evitar esconder suas emoções.

3. Indiferença

Ao esconder de seu seu cônjuge o que você sente, pode chegar um momento em que você se sentirá indiferente em relação ao que ele diz ou faz. Ou seja, vai haver coisas que a incomodam, mas você vai enxergá-las como uma parte normal do seu relacionamento, vai se acostumar a esconder o que pensa e sente, pois assim não colocará em risco o seu casamento.

Então, sua opinião não é levada em consideração, você vai reprimir seus sentimentos até, um dia, acabar explodindo. Obviamente, quando esse momento chegar, o conflito será muito maior, pode sair do controle até que seu relacionamento termine em uma separação inevitável.

Agora, esconder as emoções negativas de seu marido fará com que você se sinta desapontada e frustrada consigo mesma. Para evitar isso, você deve aprender a ser sincera; se algo a machuca, incomoda, causa sofrimento, constrangimento ou raiva, a última coisa que deve fazer é deixar passar, é adequado expressá-lo naquele momento para que não se sinta mal consigo mesma.

Lembre-se de que não é benéfico ficar calada para evitar uma discussão com o cônjuge. A sinceridade, na maioria dos casos, não é prejudicial; por isso, expresse o que sente de forma assertiva, empática, habilidosa e respeitosa. Você saberá quais palavras usar para não magoar a pessoa que você ama e, assim, evitar que o relacionamento fracasse.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original No ocultes las emociones en tu relación si no quieres fracturarla

Adriana Acosta Bujan

Adriana Acosta estudou comunicação, é mãe de um adolescente, e atualmente se dedica em ensinar e pesquisar em nível universitário em Puerto Vallarta. Publica seus textos esperando que ajude as pessoas com suas vivências úteis.