Meu parceiro é mais velho e minha família não aceita

O amor real e verdadeiro transcende as fronteiras e os obstáculos que se apresentam. Como explicar isso à nossa família?

Erika Otero Romero

Estamos em pleno século 21 e ainda é surpreendente como existem tantos tabus no que diz respeito ao amor.

Basicamente, no que diz respeito ao estabelecimento de um relacionamento amoroso, há “certas” regras que a sua família certamente espera que se cumpram. No entanto, a realidade é que não temos de corresponder às expectativas de ninguém. A vida não se baseia em fazer os outros felizes às custas de sua própria infelicidade; e isso se aplica a todas as áreas da vida.

No amor, ter uma grande diferença de idade é um dos maiores estigmas sociais que possa existir. É pior quando a mulher é mais velha que o homem. Não é que haja menos críticas quando o homem é, mas a sociedade está mais acostumada.

As críticas surgem devido a vários preconceitos. Vão desde acusações sobre estar em busca de interesses financeiros a pretender vantagens sexuais. Não digo que em alguns casos não seja isso, mas em muitos outros, sim, é amor. Seja como for, é uma relação entre dois adultos, não é algo que deva prejudicar alguém além do casal.

É justo que se preocupem? Talvez, mas ainda é um assunto em que podem opinar, mas nada mais que isso. A verdade é que ambas as partes vão ser confrontadas com reações adversas e rejeição por parte de ambas as famílias.

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Isso tem que importar? Depende da sensatez das observações. Vamos lembrar que as pessoas que estão fora de uma situação “veem melhor”; no entanto, isso não deve ser determinante para você ajustar o seu relacionamento aos interesses dos outros.

A aprovação da família importa?

Isso também é muito relativo. Há culturas em que o casal precisa receber a aprovação dos pais ou avós; em outras, não é assim. A verdade é que haverá sempre quem se importe com a aprovação dos seus parceiros por parte da sua família; e a quem isso é irrelevante.

Apesar disso, a família vai preocupar-se com a sua relação. É normal que se oponham, mas também é normal que a situação se torne problemática, o que é fácil de entender. Não se trata de romper o vínculo porque não estão de acordo; é tratar de fazê-los ver que ambos se amam e se compreendem.

Como filho ou filha, temos de nos lembrar que o laço pais-filho nunca é quebrado. Pode ser que você se distancie para ter saúde mental, mas esse vínculo é indelével. É normal que, por terem-no criado, se preocupem e queiram o melhor para você, e esse conceito você deve ter em perspectiva.

Se eles rejeitarem seu parceiro, é provável que haja conflitos e decepção de ambos os lados. Pode até acontecer que eles o obriguem a escolher. É neste momento que você deve aplicar as seguintes diretrizes.

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1. Conversar: ouça e dê o seu ponto de vista

Ter uma conversa aberta e sincera é primordial para que eles entendam sua posição. Você também deve estar aberto ao que a sua família tem a dizer, ver e fazer ver o seu ponto de vista.

Pergunte o porquê da rejeição por seu parceiro, de modo que não se sintam agredidos. Quando eles abordarem o assunto, você perceberá o verdadeiro motivo da rejeição. Isso pode acontecer devido a preconceitos sociais ou culturais; você mesmo vai perceber se é manipulação ou um verdadeiro interesse no seu bem-estar.

Tendo claro o seu ponto de vista, você pode pedir-lhes para abrir a mente e se darem uma oportunidade de conhecer o seu parceiro.

2. Assertividade, limites claros e respeito

Fazê-los entender leva tempo e requer paciência. Sim, porque brigar não resolverá nada. Sua família pode e tem o direito de discordar da sua relação. Apesar disso, você deve deixar claro que isso não significa que você fará a vontade deles. Em última análise, é você quem vai viver com o seu parceiro e é a sua vida e felicidade, não a deles.

Para comunicar isso, você deve ser assertivo e respeitoso. Sempre tentando deixar claro que, se você está aberto para ouvir, também está no seu direito de colocar limites.

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Se a situação ficar “pesada”, terá que ter muita compreensão; no entanto, você também deve estar disposta a tomar medidas extremas. Falo sobre distanciar-se, para evitar confrontos desnecessários que você não é obrigado a suportar.

3. Procure apoio no seu parceiro

Pode ser que seja apenas a sua família a colocar resistência à relação; entretanto, o assunto afeta ambos, e ele ou ela deve apoiar você. Por isso, ambos devem formar uma “associação” para enfrentar os obstáculos.

Para que o apoio se dê de forma natural, fale com franqueza com o seu parceiro e exponha a situação. Isso vai ajudá-lo a entender o que está acontecendo e apoiá-lo. Agora, se sua família perceber o apoio que existe entre vocês, saberão que a relação é saudável.

4. Tente fazer algumas aproximações

A única forma de tirar os preconceitos da cabeça é permitir-se conhecer a pessoa. Por isso, o que você deve fazer é planejar encontros ocasionais entre sua família e seu parceiro. As coisas podem mudar, e se isso acontecer, que bom! Mas, se não, não force a situação. Se isso acontecer, não exponha seu parceiro a situações embaraçosas. Ninguém precisa ser humilhado em público.

5. Mostre maturidade

Tenha em mente que, se depois de tudo o que fizer, a situação não mudar, não insista.

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Mostre-lhes que consegue lidar com eles apesar da recusa deles em aceitar a sua relação. Não é por não o aceitarem que você os abandonará.

A sua família tem o direito de não aceitar seu relacionamento, isso é bom, mas você tem o direito de viver por suas próprias regras. Diga-lhes, francamente e sem os magoar, que ambos estão cientes das diferenças e das dificuldades que uma relação representa. Faça-os ver que ambos estão bem com isso e, apesar de tudo, são felizes.

Só me resta dizer que qualquer relação é complexa. Essa complexidade não é dada pela idade, mas pelas diferenças que existem. Apesar disso, se houver respeito, amor e compreensão, ambos vão se dar bem.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Mi pareja es mayor y mi familia no lo acepta

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.