Letra feia pode indicar transtorno. Veja como tratá-lo
Crianças com dificuldades com a letra podem ser ajudadas pelos pais, professores e especialistas.

Michele Coronetti
A letra feia é muito condenada por professores, pais, colegas e até pela própria criança, que pode ficar muito frustrada ao perceber que não consegue escrever nos padrões que a sociedade pede. Especialistas descobriram que muitas vezes não é falta de capricho nem preguiça, mas um transtorno conhecido por disgrafia.
Ela afeta como a criança associa a grafia da letra, alterando também a maneira de expressar suas ideias e pensamentos. Sendo um transtorno da psicomotricidade, não apenas a caligrafia fica prejudicada, mas a coerência também.
Para saber se a criança tem a disgrafia é necessário observar os sinais:
Caligrafia ilegível mesmo com tempo suficiente para a escrita.
Inconsistência, tipos de caligrafia misturados, letra cursiva e forma de impressão, tamanhos díspares e inclinações das letras.
Palavras ou letras sem a finalização, omitindo letras ou sílabas.
Posição da letra em relação à página, linhas e margens inconsistente.
Espaços inconsistentes entre as palavras ou mesmo na grafia de uma palavra.
Posição da mão para a escrita incômoda, muito próximo ao papel ou de forma estranha.
Observar a mão enquanto escreve ou falar consigo mesmo.
Escrever mais devagar que os outros, especialmente em cópias perfeitamente legíveis.
Um especialista saberá avaliar corretamente se a criança possui o distúrbio e poderá ajudar os pais a reverterem o quadro. Como a criança passa seu maior tempo na escola e o aprendizado normalmente é dependente da escrita, especialmente a parte da fixação, providências podem ser tomadas para amenizar a indisposição que o transtorno causa. Algumas das sugestões incluem:
Alteração da caligrafia. Oferecer oportunidades de melhorias da caligrafia instruindo com paciência e promovendo aprendizado eficaz.
Mudanças. Alterar as expectativas próprias permitindo que a criança tenha seu próprio tempo para o desenvolvimento da caligrafia.
Reduzir. Alterar o método de ensino reduzindo o tempo de escrita para não causar tanta frustração e permitir que o aprendizado continue normalmente.
A fim de incentivar a criança a continuar seu processo de melhoria, compensações podem ser passadas para ajudar. Os professores podem participar para que o trabalho seja em conjunto. Algumas das principais ideias são:
Compreender as incoerências advindas do transtorno que podem deixar frases sem sentido ou troca de letras. Saber diferenciar o erro da tentativa de expressão do dísgrafo.
Permitir que a criança decida se irá escrever com letra cursiva ou com letra de imprensa. Não permitir que os dois estilos sejam usados simultaneamente em um texto.
Incentivar a organização de ideias com pastas e outros apetrechos.
Mediar a escrita no computador com a caligrafia. Normalmente os dígrafos se sentem muito mais confortáveis utilizando um teclado.
Estimular a revisão do texto algum tempo depois de escrito, pois quando revisado em seguida para a criança ainda parecerá que está bem escrito.
Diminuir as tarefas escritas para não frustrar demais.
Ajudar a criança a ter paciência consigo mesma.
O desenvolvimento intelectual da criança não é prejudicado quando há o transtorno. Ela não é menos inteligente porque escreve feio ou errado. Apenas levará um pouco mais de tempo para acompanhar as outras crianças que não possuem a disgrafia. Especialistas podem ajudar no tratamento em conjunto com os pais e professores.