Funcionária pede folga para cuidar da saúde mental e o que o chefe responde por e-mail viraliza na internet

O chefe dela ficou chocado com a reação das pessoas, pois não esperava que este ainda fosse um assunto tão controverso.

Erika Strassburger

Para muitas pessoas, ainda é um tabu assumir publicamente – e às vezes até para si mesmas – que têm uma doença mental ou que precisam procurar um psiquiatra, ainda que para tratar doenças cada vez mais comuns como ansiedade e depressão. Mas não para a desenvolvedora on-line, Madalyn Parker (26), de Ann Arbor, no Michigan (EUA).

No dia 30 de junho, ela publicou no Twitter: “Quando o CEO responde ao seu e-mail pedindo licença para cuidar da saúde mental e reafirma a sua decisão”. Ela se referia à resposta surpreendente do chefe a um e-mail que ela enviou à equipe de trabalho comunicando que estaria fora da empresa durante dois dias. O e-mail dizia:

“Olá, equipe! Eu vou tirar hoje e amanhã de folga para focar na minha saúde mental. Espero retornar na semana que vem revigorada e 100% pronta para o trabalho. Obrigada.”

O chefe respondeu:

“Oi, Madalyn. Gostaria de te agradecer pessoalmente por mandar um e-mail como este. Toda vez que você o faz, eu o uso como lembrete da importância de usar dias de folga também para a saúde mental. Não posso acreditar que isso não seja uma prática comum em todas as organizações. Você é um exemplo para todos nós, e ajuda a romper o estigma para que seja possível para todos nós darmos 100% no trabalho.”

A sensibilidade e empatia do chefe tocou muitas pessoas e o tuíte viralizou rapidamente. O CEO e a empresa receberam muitos elogios por darem devida atenção à saúde mental dos colaboradores, coisa que, infelizmente, não acontece na maioria das organizações.

Além de receber milhares de curtidas e compartilhamentos, o tuíte de Madalyn rendeu muitas queixas de pessoas em relação às empresas em que trabalham.

Uma moça contou, “Um dia, eu pedi um dia de folga para cuidar da minha saúde mental e meu chefe disse que ansiedade não é uma doença real e eu precisaria de uma requisição médica”.

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Outra se queixou, “Só me são permitidas três faltas remuneradas por ano no trabalho por motivo de doença”.

Outro jovem desabafou, “Pedi uma tarde para focar na minha saúde mental no meu último emprego e, a partir deste dia, passei a receber documentações agressivas sobre a cobertura do nosso plano de saúde para o problema”.

Outro disse: “Gostaria de me sentir à vontade o suficiente para comunicar algo assim aos meus patrões”.

Madalyn contou à CNN que sofre de ansiedade crônica, depressão e transtorno de estresse pós-traumático. E que, de vez em quando, ela precisa de um tempo para focar em seu bem-estar. “Experimentei várias noites de insônia e estava muito cansada, e também tive muitos pensamentos suicidas, o que dificulta o rendimento no trabalho”.

Madalyn recebeu algumas críticas por expor o motivo de sua ausência aos seus colegas. E ela respondeu, “Gosto de ser específica para dar um bom exemplo, assim os integrantes do meu time sabem que podem se sentir à vontade para tirar folgas para focar na saúde mental, mesmo que eles não digam”.

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O chefe de Madalyn (à esquerda na foto acima), CEO e cofundador de Olark, Ben Congleton, ficou chocado, pois não esperava que sua atitude fosse ter uma repercussão tão grande. Ele disse à CNN, “Eu acho que há muitas pessoas lá fora que realmente não entendem o que é a saúde mental. Sinto muito por elas. A saúde mental é tão importante quanto a saúde física nessas situações. Estamos em 2017. Não acredito que [saúde mental] ainda seja um assunto controverso”.

A quantas anda a saúde mental do trabalhador brasileiro

Segundo matéria da Época, mais de 75 mil pessoas foram afastadas do trabalho por depressão no ano passado. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020 esta será a doença mais incapacitante do mundo.

Até agora, os transtornos mentais têm sido a terceira causa de afastamento do trabalho, segundo esta matéria. Para o médico Bento Toledo, os distúrbios mentais e comportamentais estão por trás de outras doenças que aparecem no ranking, pois facilitam a ocorrência de traumatismos (causados por acidentes), afetam a imunidade das pessoas, facilitando desenvolvimento de outras doenças, como as respiratórias e infecciosas.

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Erika Strassburger

Erika Strassburger nasceu em Goiás, mas foi criada no Rio Grande do Sul. Tem bacharelado em Administração de Empresas, trabalha home office para uma empresa gaúcha. Nas horas vagas, faz um trabalho freelance para uma empresa americana. É cristã SUD e mãe de três lindos rapazes, o mais velho com Síndrome de Down.