Filhos que maltratam os pais são uma tristeza para o mundo

É melhor corrigir os filhos com amor na hora certa, a sofrer as consequências da falta de disciplina.

Erika Otero Romero

Moro em um bairro bem conhecido de minha cidade natal, por ser um dos primeiros que foram inaugurados. Por isso, é muito comum ver pessoas de todas as idades, condições financeiras e até nacionalidades. Porém, uma em particular me deixa muito comovida.

Trata-se uma mulher de 60 anos que vive com seu cachorro. Embora seja proprietária de uma residência no bairro, é comum vê-la vagando pelas ruas do local. Sempre me perguntei por que ela fazia isso, mas nunca imaginei que os motivos que a levaram a fazê-lo tivessem a ver com seu filho.

Há cerca de dois meses, descobri que ela praticamente mora na rua e vive da caridade das pessoas, porque seu único filho espera ela receber a pensão para tirar dela. Você dirá, então, por que que ela não se defende; na verdade, ela sofre de algum tipo de doença mental que a impede de ter consciência de sua situação.

Ela não é a única

O pior é que essa história se repete com frequência em muitas partes do mundo.

Existem pais que não apenas são descaradamente roubados pelos filhos, há também aqueles que são espancados e maltratados de forma cruel por eles. Há ainda outros que, em vez de os roubar ou maltratar, esquecem-se deles e os abandonam.

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Suponho que haja uma razão pela qual os filhos acabam tratando os pais dessa maneira; no entanto, sempre há a opção de pagar o mal com o bem a quaisquer erros ou crueldade que um pai tenha cometido contra seus filhos. Mas e os filhos que são bem tratados e ainda assim maltratam seus pais? Para mim, não há justificativa.

Por que os filhos maltratam os pais?

Os motivos podem ser muitos. Um deles pode ser entendido pela má educação dos pais. Por exemplo: o pai que faz as vontades dos filhos, e depois se recusa a lhes dar tudo o que querem, pode ser vítima de maus-tratos.

Também, pela falta de estabelecer limites durante a criação, uma supervisão deficiente ou mesmo a perda da autoridade como pai ou mãe. Os maus-tratos de filhos contra pais também podem ser fruto de uma vingança pelo efeito do rancor causado pelos maus-tratos dos pais contra os filhos durante a infância.

Atitudes de violência contra os pais podem surgir durante a infância, adolescência, juventude ou idade adulta. Além disso, podem ou não causar danos evidentes; e o que pode ser pior, alguns pais nem mesmo têm consciência do que estão passando nas mãos dos filhos. O dano emocional torna-se evidente com o tempo, mas a pior parte é que o comportamento danoso pode aumentar a ponto de se tornar mais violento.

Estágios do maltrato de filhos contra pais

Embora a violência e o abuso de filhos contra os pais possam ocorrer na idade adulta, isso não exclui o fato de que muitos filhos entre 5 e 17 anos são propensos a tais comportamentos. São três estágios:

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1. Acúmulo de tensão

Ocorre quando há um confronto entre pais e filhos, o que faz com que as crianças acumulem sentimentos de raiva que muitos reprimem. Sem um estímulo para fazer com que a tensão seja aliviada,  e por não saber como lidar com ela, as consequências se tornam iminentes.

2. Explosão

É a situação violenta, tal como: palavras rudes, agressões físicas, comportamentos nocivos. Há um leque de situações das quais os pais podem ser vítimas.

3. Arrependimento

É uma consequência da situação de violência. No entanto, esse arrependimento não é genuíno. O pior é que é apenas o início de mais uma fase de acúmulo de emoções e tensões que vai desencadear outro episódio de violência. É basicamente um ciclo vicioso.

Cortando os comportamentos prejudiciais pela raiz

É melhor dar um basta no comportamento prejudicial dos filhos contra pais ainda na infância. Pelo simples fato de que, se isso não for feito a tempo, dificilmente será resolvido quando a autoridade sobre os filhos for perdida.

Os especialistas recomendam que a melhor maneira de evitar que esses comportamentos prejudiciais ocorram dentro da família é prevenindo-os. Ou seja, os filhos devem entender desde tenra idade que os pais são “a cabeça da família”. Isso não é obtido fazendo com que os filhos tenham medo de seus pais, mas que os respeitem.

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É por isso que se insiste tanto para que as famílias eliminem qualquer tipo de violência no trato com os filhos. Se tiverem que ser punidos, que sejam punidos, mas de forma assertiva, sem bater nem gritar. Respeito é conquistado com respeito, não com maus modos.

O segredo é saber como enfrentar os problemas

O que se pretende é que pais e filhos aprendam a enfrentar os conflitos e a resolvê-los de forma inteligente, e não pela violência.

Quando os membros de uma família abrem o jogo sobre aquilo que os está incomodando, torna-se mais fácil chegar à compreensão do problema e, portanto, mais rápida é a solução.

Além do mais, é fundamental dar carinho dentro de casa. Parece cliché, e óbvio dizer isso, mas é que mesmo repetindo, muitos pais se esquecem de que, para os filhos, uma boa tarde de passeio com direito a sorvete vale mais do que mil brinquedos caros no Natal e nos aniversários.

Prevenir é sempre melhor do que remediarÉ melhor buscar a solução para esse comportamento nocivo das crianças na infância, onde tudo é mais fácil de ser resolvido, do que deixar tudo passar e acabar ficando sem solução. Os danos serão terríveis para os pais a longo prazo, e não há nada mais triste do que viver uma velhice em solidão, pobreza e maus-tratos causados ​​pelos filhos.

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Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Los hijos que maltratan a sus padres son la tristeza para el mundo

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.