Eu te amo, mas não quero compromisso

Relacionamentos sem compromisso podem ser divertidos, mas diversão tem um preço.

Erika Otero Romero

Em 2020, recebi um pedido de amizade numa rede social de alguém que só conhecia de vista.

Ele costumava vir à minha casa, onde tínhamos um negócio de videogames. Eu apenas o cumprimentava e atendia, isso era tudo; jamais passou de um “olá, obrigada e tchau”.

Ele me era indiferente, não só porque é mais novo que eu, mas porque jamais havíamos trocado palavras. Não é que fosse desagradável ou algo do tipo.

O ponto é que ele me enviou uma solicitação de amizade, e como sabia quem eu era e onde vivia, não vi problema. Ele começou a falar comigo, francamente, pensei que só tinha me adicionado para preencher espaço, o que muitas pessoas fazem, não imaginei que estivesse à procura de alguma coisa.

Conversou comigo por Messenger, segundo ele, porque tinha conseguido reunir coragem para fazê-lo. Não esperou muito para dizer que gostava de mim há muitos anos, e que finalmente era capaz de dizer. Foi franco e direto, disse o que pretendia e eu fiquei de boca aberta – literalmente.

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Para não me alongar, eu não o incentivei a continuar. Fiquei lisonjeada porque certamente foi uma boa carga de energia para a minha autoestima. Com o pouco que me disse, percebi que caminhávamos em direções diferentes. Enquanto eu busco uma relação séria, ele se aproximava com outras intenções. Fui direta e disse-lhe: “Não tenho tempo a perder”.

Obviamente, como não conseguiu o que queria, não voltou a falar comigo. Foi um alívio para mim.

Hoje em dia, muitas pessoas só se interessam por relações em que tenham algum tipo de benefício. Não pretendem nada sério, que as faça sentir-se comprometidas; aliás, se essa relação de “amizade colorida” começa a despertar sentimentos, elas fogem como se estivessem pegando fogo.

Por que essa necessidade imperiosa de escapar do compromisso?

Podem ser várias as razões. Deixe-nos ver primeiro que é muito provável que essas pessoas não tenham a maturidade emocional necessária para ter uma relação séria. Pode ser, também, que tenham passado por uma relação que os deixou devastados e querem evitar o “drama”.

Também podem ter um imenso medo de sofrer; já passaram por isso e só buscam companhia e vantagens, mas nada mais.

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Seja como for, a verdade é que este tipo de relações a longo prazo tem consequências terríveis para ambas as partes.

Falo por experiência. Sei quais são as consequências e o desgaste emocional que isso pode representar.

Consequências

Pode ser que, no começo, este tipo de relacionamento preencha algum espaço vazio em sua vida emocional. Também podem dar-lhe umas doses de adrenalina que lhe fazem sentir-se vivo e atraente.

Sei o quanto é bom ter alguém interessado em você. Também sei como pode ser estressante alguém à procura de algo sério e você tenha que o rejeitar, às vezes de forma cruel, porque ele não entende um não como resposta.

Não, não é agradável fazer alguém sofrer; e eu era muito cega nesse tempo para me dar conta de meus erros.

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Eu nunca me apaixonei por alguém naquele tempo. Para mim, eram apenas pessoas para preencher a solidão ou para alimentar o meu ego faminto de aprovação.

Claro que isso também me passou uma fatura, uma muito dolorosa, e ainda agora carrego as consequências de minhas ações. O bom é que aprendi a lição. Hoje, é claro para mim que uma coisa para não voltar a fazer, é brincar com o “te amo sem compromisso”.

É um ato egoísta

Esse tipo de relacionamento é muito egoísta. Busca algum benefício seja: companhia, presentes, aprovação social, carinho, inclusive demonstrar a si mesmo que você é atraente.

Claro, o primeiro impulso é fugir quando você sabe que está gerando afeto pela outra pessoa ou vice-versa. Foge porque não quer se apaixonar, não quer drama nem cenas de ciúmes; quer apenas o bom que oferece uma relação sem as complicações de um namoro.

Isso é o que todos nós procuramos. A questão é que somos criaturas complicadas que não podemos anular o coração para não se envolver. Mais cedo ou mais tarde, você pode ficar preso na sua própria rede e tornar o outro, ou a si mesmo, a pessoa usada.

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Acredite, por mais que este tipo de ligação seja consensual, mais cedo ou mais tarde começa a desenvolver sentimentos.

Em algum momento chegará a pessoa certa

Pode ser que você tenha escolhido esse caminho por medo de sofrer. Acho que não há uma única pessoa no mundo que não saiba o que é sofrer por alguém. No entanto, não podemos passar pela vida fugindo da dor; ela se fará presente em sua vida enquanto precisar crescer, amadurecer e aprender a lição.

Pode ser que alguém o tenha ferido, mas não é por isso que os outros devem pagar pelo seu dano. O mais apropriado é que cure as sequelas de uma relação infrutífera antes de iniciar outra. Isso lhe garantirá força, segurança e amor-próprio, algo que ninguém mais poderá lhe dar. Porque ninguém vai amar você mais do que você mesmo.

Se o que procura é diversão, pratique um esporte, saia com amigos, tenha um ou vários passatempos; mas não se rebaixe.

Acredite quando digo que agora você pode pensar que não é uma perda de tempo. É pior, é uma perda maior: você perde a si mesmo.

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Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Te quiero, pero no quiero compromiso

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.