Diminua o ritmo da sua vida, não coloque sua paz mental à prova

O amor-próprio começa quando você escolhe se colocar como prioridade. Você está pronto para dar o primeiro passo?

Erika Otero Romero

Quando era criança, lembro-me de que os dias eram lentos. Ir estudar era uma tortura, porque o horário escolar parecia eterno; ainda mais quando me saturavam de tarefas e lições.

Na faculdade, as coisas pioraram, mas nunca senti que estava colapsando por excesso de atividades. Tinha colegas que desistiam no meio do semestre porque já não dava mais. É claro! O caso deles era diferente, tinham que trabalhar e estudar ao mesmo tempo; é compreensível que se sentissem saturados.

Sei por conta própria o que é sentir que já não pode mais. Há 11 anos, passei por meu momento anímico mais baixo. Vivia hospedada na casa de pessoas que, depois de um tempo, já não me queriam sob seus tetos; além disso, escutava como falavam mal de mim e não podia fazer nada. Trabalhava, mas não me pagavam bem; o que foi pior, a única pessoa em que confiava me traiu e se tornou meu pior opositor.

Cheguei ao ponto de achar que estava enlouquecendo. Tinha de ser forte, estava sozinha e não podia dar-me ao luxo de ter um colapso mental que me deixasse destroçada. Chorava muito todos os dias, era a minha única fonte de conforto. Tinha conhecidos em quem confiava; graças a eles pude me manter de pé e lutar cada dia “fazendo das tripas, coração”, como diz o ditado. Todo esse esforço para sobreviver no exterior não serviu muito já que tive que regressar ao meu país.

Já em casa, as coisas eram diferentes. Eu mesma me submeti à pressão mental; necessitava encontrar um emprego para apoiar minha família, o que, com o tempo, encontrei. Estava longe de ser algo no meu ramo, mas levava dinheiro para casa e era isso que importava.

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Você tem o controle de sua vida

Para ser franca, desde que voltei, tenho tido uma vida bastante estável. Tive colapsos emocionais, mas totalmente alheios a uma pressão imposta por mim.

Sei por conta própria que podemos ser os nossos piores carrascos. Sim, é verdade que, muitas vezes, a pressão vem de fora, mas a que nos impomos é mais letal.

Podemos decidir sobre nossas vidas, o ponto é que esse “poder” é muito complicado de usar. Mas também pode acontecer que você sinta a obrigação de fazer algo para agradar. Ser complacente é como colocar uma corda voluntariamente no pescoço.

Conheço uma moça solteira que se ofereceu para ajudar os irmãos mais novos com as suas tarefas, mas, após algum tempo, isso tornou-se uma obrigação.

Não é que ela os guie, mas é quem tem que fazer as tarefas da casa, do contrário, tem um problema em casa. Agora, está desesperada; cursa o último ano de bacharelado e está saturada com suas próprias responsabilidades e as de seus irmãos.

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Ela chegou a tal ponto, que pensou em suicidar-se. Sei que, para muitos, ela está se “fazendo tempestade em um copo de água”. A verdade é que, quando se é adolescente, tudo é um grande problema, ainda mais quando se sente que não pode dizer não aos próprios pais. Felizmente, as coisas mudaram para ela, mas a pressão continua em sua casa.

Tome o controle de sua vida

Nada é mais perigoso para a estabilidade mental e emocional do que não impor limites. Estabelecer limites saudáveis é necessário em todos os tipos de relações pessoais.

A razão é que, se você não colocar limites, as pessoas podem abusar de sua confiança e bondade. Como resultado, você vai sentir tanto a opressão, que pode chegar ao ponto de explodir, e de uma maneira muito ruim.

É uma questão de aprender a dizer não. Quando você começar a fazer isso, você vai perceber que sua nova atitude não será bem-vinda. Mas, dizer “não” é o que lhe ajudará a ter uma vida equilibrada, já que ninguém poderá abusar de sua amabilidade.

Você também deve se organizar para que as obrigações não se acumulem. Se você conseguir isso efetivamente, você vai terminar tudo a tempo; além disso, terá tempo para descansar, algo que é vital para o manter saudável.

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Saia para caminhar, correr ou andar de bicicleta. Você não precisa de se matricular em uma academia para estar saudável, até mesmo sair para caminhar com o seu cão vai ajudá-lo a relaxar e ampliar o seu círculo social.

Resumindo, um círculo de apoio vai distraí-lo e aliviar o estresse diário. Não importa se são amigos ou família; saber que se pode contar com alguém é realmente satisfatório. Pode parecer difícil, mas trata-se de ter um pouco de vontade e amor-próprio. Você não merece ficar doente por se sobrecarregar com responsabilidades que não são suas ou com tarefas desnecessárias.

Proponha cuidar de sua estabilidade mental e emocional, e terá a garantia de gozar de saúde física e mental.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Baja el ritmo de tu vida, no pongas tu paz mental a prueba

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.