Corrija em privado, elogie em público

Os gritos e reprovações em público se espalham no mais profundo da autoestima das crianças. Procure sempre corrigir em privado.

Adriana Acosta Bujan

“Dos castigos nascem os avisados”, é uma frase popular na Argentina, minha terra natal, e significa que a experiência ensina a evitar as ocasiões perigosas. Este é um dos provérbios mais usados por milhões de pais em momentos de angústia, quando os filhos não obedecem; pois muitos preferem educar a seus filhos com gritos e castigos para assim se assegurarem que compreenderam o que não devem fazer.

Não há nada de errado em corrigir crianças para fazê-las entender que muitas de suas ações podem colocar em perigo suas vidas, já que elas são exploradoras, aventureiras e travessas por natureza. O problema é quando se corrige em público, já que se deixam feridas profundas no coração dessa criança.

Erros que deixam marcas

A maioria de nós, pais, em algum momento nos sentimos abatidos, zangados e decepcionados, quando nossos filhos são desobedientes, birrentos e até cansativos. Quando os seus comportamentos atingem o nosso limite de paciência, é normal que os corrijamos imediatamente, muitas vezes com gritos, estejam onde estiverem, sem nos importarmos com o ambiente.

No entanto, os especialistas asseguram que o ato de gritar com as crianças deixará consequências emocionais que ocasionam graves danos no cérebro e no desenvolvimento neurológico, desencadeando desequilíbrios hormonais difíceis de curar.

Ao gritar com elas, o hormônio que é liberado imediatamente é o cortisol, que é responsável por regular o estresse, permitindo-nos fugir do perigo quando necessário. Portanto, quando o hormônio é constantemente liberado, o dano ao cérebro aumenta.

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Algumas sequelas irreparáveis

Um estudo publicado na revista Child Development afirma que a maioria dos pais admite ter gritado e insultado seus filhos quando têm problemas comportamentais. Entendemos que o problema causado pelos gritos é irreversível; no entanto, imagine as graves sequelas quando se faz isso em público.

1 Elas crescem com medo

As crianças são tão sensíveis que, quando os pais gritam constantemente com elas, crescem com medo. Gritar é uma expressão de raiva, portanto, assusta-as e provoca sentimentos de insegurança em cada ação que realizam, confundindo-as bastante.

2 Autoestima destruída

Se a correção for feita em um lugar público, na frente de seus amigos ou familiares, é lógico que as crianças serão afetadas gravemente em sua autoestima, perdendo sua confiança, segurança e até mesmo sua própria personalidade.

Se esses gritos vêm junto com insultos, é provável que a criança cresça pensando que é inútil, que não serve para nada, que é insuportável, entre outras coisas; pelo que, ao tornar-se adulto, suas relações serão afetadas e lhe custará muito chegar a conquistar seus objetivos.

3 Mais agressão

Por instinto natural, quando as pessoas são atacadas, inconscientemente se responde da mesma maneira. Ao sentirem-se encurraladas, atacadas e em perigo, as crianças agirão de forma agressiva e violenta como resposta à sua sobrevivência. Quando crescem, é provável que suas relações sejam afetadas pela violência que têm arraigada.

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Por favor mãe, corrija-me em privado

Se deseja que seus filhos aprendam as lições e que ajam baseados em valores e princípios que com tanto esforço e dedicação lhes tem ensinado, será melhor corrigi-los em privado. É uma tarefa difícil para os pais quando as emoções explodem; no entanto, é uma atitude que não deixará sequelas.

Como se faz?

Não perca o controle de suas emoções: respire e pense antes de falar ou agir.

Evite situações estressantes ou que você sabe que seus filhos não serão capazes de se controlar.

Explique os porquês, deixe claro que suas ações são inadequadas e que podem prejudicar outros.

Peça ao seu filho para se expressar livremente, opinar e explicar a razão de seu mau comportamento.

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Leve-o para um lugar tranquilo longe das distrações, para ter certeza de que ele prestou atenção e a lição é compreendida.

Ensine-o a controlar suas emoções negativas ante a raiva, enfatizando que ele deve ser uma pessoa empática com os que o rodeiam.

O que você pode fazer em público

Dê os parabéns ao seu filho quando ele tiver alcançado algum objetivo.

Aplauda seus objetivos.

Expresse com palavras carinhosas o seu amor.

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Elogie-o tanto quanto você puder.

Destaque suas boas ações.

Reforce as lições aprendidas.

Dê-lhe demonstrações de afeto

Recompense-o com algo que ele deseja.

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Talvez seja um desafio pessoal aprender a controlar nossas emoções para assim poder ensinar os filhos a terem bons comportamentos. Então, antes de “explodir”, respire e pratique algumas dessas técnicas:

Mude seus pensamentos negativos para positivos.

Conte até dez antes de agir, o que significa relaxar e respirar fundo.

Pratique meditação, ouvindo música relaxante.

Liberte a tensão e a raiva usando outras alternativas que lhe distraiam.

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Lembre-se das virtudes e sucessos de seu filho constantemente.

Encontre o que há de bom em cada lição ou ação ruim.

Se aprender a controlar suas próprias más emoções, será mais fácil ensinar os seus filhos a controlarem-se. Lembre-se que as crianças são como esponjas que aprendem facilmente imitando as ações dos pais; por isso, procure que suas emoções sejam sempre positivas, que deixem lições de vida e não consequências indesejadas.

Torne-se um bom exemplo para seus filhos! Já que, ao fazê-lo, terá a segurança de lhes dar grandes ferramentas para se tornarem adultos de bem.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Se corrige en privado, se felicita en público

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Adriana Acosta Bujan

Adriana Acosta estudou comunicação, é mãe de um adolescente, e atualmente se dedica em ensinar e pesquisar em nível universitário em Puerto Vallarta. Publica seus textos esperando que ajude as pessoas com suas vivências úteis.