Como e quando ensinar as crianças sobre relações íntimas

Não se assuste! Esse tema é simples, se você se deixar guiar pelo amor e a sensatez. E seus filhos estão sedentos de conhecimento com amor.

Adriana Acosta Bujan

Uma vez, um pai de família ligou para o filho de 9 anos. Disse-lhe muito sério que era importante que tivessem “a conversa” sobre sexualidade, e seu pequeno, sentando-se, e com atitude condescendente, comentou: “Entendo papai, me diga, o que quer saber?”.

Infelizmente, muitos pais chegam tarde para falar aos nossos filhos sobre esses temas, e às vezes permitimos que a televisão, os colegas ou a Internet lhes mostrem primeiro, de maneira grosseira e desrespeitosa esse “mundo”.

Não vamos permitir isso!

Uma das razões pelas quais nós, pais, chegamos tarde para educar os filhos sobre sexualidade é porque nos sentimos pouco capacitados.

Pensamos (erroneamente) que a Internet, os amigos, os vizinhos ou professores poderão saber comunicar mais e melhor esses temas que nos parecem difíceis e complicados.

Grande erro! É como se um chef permitisse que um pedestre, só por passar perto de seu restaurante, entrasse e apresentasse suas delícias à clientela.

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Não há ninguém mais preparado para ensinar nossos filhos sobre relações íntimas e sexualidade do que nós, seus pais.

Eu? Mas não faço ideia!

Entendo, nosso coração intui que esses temas são transcendentais, e às vezes nos percorre uma vertigem que nos paralisa. Mas, por favor! Não tenha dúvidas, ninguém é melhor que você ao tratar destes assuntos.

E são justamente os pais que vivem em cada família que amam, e tratam de manter unida com sua devoção e respeito mútuos, os que estão mais do que preparados para fazê-lo.

Para que complicar?

Desde criança, sempre adorei este ditado: “Para que complicar, se podemos simplificar? “. Compartilho isso com você porque acho que sei por que falar de relações íntimas, menstruação, puberdade e sexualidade em geral, às vezes é tão complicado para nós.

É porque nós complicamos! Pensamos que temos que fazer um discurso, pensamos que devemos começar por “a história da abelha que toma o pólen e o leva à flor”, quando o natural, o simples e o prático, deveria ser nossa primeira opção.

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A via: ser sensatos e sábios

Contam a piada de uma menina de quatro anos que disse a sua mãe: “Não sou mais virgem”. Sua mãe, preocupada, perguntou-lhe o que queria dizer (sábia decisão), para que a pequenina confessasse, triste, que tinham escolhido outra pequena amiga sua para representar Maria, a mãe de Jesus, no teatrinho da escola.

O que você deve dizer-lhes, e quando? Para resolver essa questão, é importante olhar para os seus filhos, olhar para o seu ambiente e avançar sempre. É muito melhor que papai e mamãe falem amorosamente com eles sobre os temas importantes, do que alguém que irá sujar sua mente ou coração com medo, desinformação ou dados errôneos.

Diga-lhes TUDO no seu nível

O que é recomendável é compartilhar com nossos pequenos, desde cedo, a verdade, contar-lhes tudo ao nível de compreensão deles.

“Mamãe, como nasci? “, é uma pergunta que me fizeram meus pequenos de 4 e 7 anos. Primeiro, contei-lhes que um dia, comecei a sentir dores nas costas, que são o aviso de que seu nascimento estava próximo, e que fui ao hospital para que nascessem.

Durante algum tempo, satisfiz-lhes com essa explicação, mas depois, pediam-me para ser mais específica. Então, contei-lhes que no meio das minhas pernas tenho um espaço especial que se chama “canal da vida” e que por alí, num dia muito especial, o meu corpo foi alargando-se até deixar caber sua cabecinha, e depois todo o seu corpo.

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Sempre falar ao seu nível

Ir desdobrando a mesma verdade a nossos filhos de acordo com seu nível nos permitirá fluir ao falar-lhes de sexualidade, pois não estamos adornando, ocultando ou inventando nada, apenas compartilhando-lhes a verdade de acordo com sua compreensão.

O mesmo acontece com as relações íntimas. Compartilho com eles que Deus quis abençoar-me um dia, enquanto dava um abraço especial em seu pai, e ele deu um lindo beijo em meu ventre, criando sua alma.

Você poderá contar-lhes esta mesma realidade talvez com outras palavras, mas procure que seja sempre com base no que acontece, não em uma história inventada e díspar.

Mas como saber o que dizer?

Com base em suas reações, em suas perguntas, em seus rostos ao receber suas respostas.

Às vezes, uma situação extraordinária pode ser o seu momento de iniciar uma conversa com eles, por exemplo, que acidentalmente tenham visto uma cena explícita na televisão, e então, você pode começar, serenamente, sondando o quanto impactaram sua alma e cabecinha.

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Para nos preparar, favorecer sempre o diálogo

Educamos os nossos filhos constantemente, enquanto nos veem comer, falar ao telefone, ou escolher a rosquinha doce em vez da fruta picada.

O mesmo se aplica neste caso. Se deixar sempre a porta aberta ao diálogo, isso permitirá que seus filhos tenham confiança para perguntar e comentar com você o que inquieta seu coração e suas mentes.

Ajuda com recursos externos

Na minha cidade são organizadas, por uma mãe de família experiente, sessões de formação em sexualidade por idades. Quando os pequenos estão entrando na adolescência, realiza-se uma conferência para mãe-filha ou pai-filho em um belo hotel, deixando um tempo para que se realize um diálogo entre eles com base no que aprenderam.

Você pode tentar o mesmo em um lanche com algum vídeo sensato sobre o assunto que você se propôs a compartilhar com seu filho ou filha.

Também poderia procurar alguns livros que o apoiem neste sentido. Eu encontrei um programa progressivo que ajuda pais e professores a inculcar esses temas de forma saudável e delicada. Vou deixar-lhe informações aqui.

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Nota final: sejamos prudentes e naturais

Esses temas são importantes e são tratados com respeito e delicadeza para gerar um autoconhecimento, respeito próprio e uma vida íntegra para nossos filhos.

Como todas as coisas boas, nossa abordagem deve ser sempre respeitosa, pontual, carinhoso e cotidiana.

Tudo começa e termina com o amor que os pais têm, o amor que transmitem aos seus pequenos e a conexão que geram entre os membros da família.

Encorajemo-nos a abordar essa dimensão tão importante para nossos filhos. Choverão bênçãos para os pais corajosos que se animarem a lhe mostrar a beleza e a grandeza de um coração saudável e puro.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Cómo y cuándo enseñar a los niños sobre las relaciones íntimas

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Adriana Acosta Bujan

Adriana Acosta estudou comunicação, é mãe de um adolescente, e atualmente se dedica em ensinar e pesquisar em nível universitário em Puerto Vallarta. Publica seus textos esperando que ajude as pessoas com suas vivências úteis.