Coisas que eu gostaria que todos soubessem a respeito da depressão

A depressão é um fardo para quem está a vivendo. As atitudes de quem acompanha o depressivo pode fazer essa realidade ser um pouco mais colorida e cheia de vida.

Caroline Canazart

Quem não vive a luta diária contra a depressão pode achar que comentários como “por que você não levanta daí e tenta ser feliz?” vai ajudar a pessoa que está passando pela dificuldade esquecer, imediatamente, o que a faz sofrer. Talvez a angústia venha de muitos anos, vivendo entre altos e baixos, a espera que a vida se torne melhor.

A depressão é uma doença que atinge cerca de 350 milhões de pessoas por todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ela é dura para quem a vive e pode ser dura também para quem convive com o depressivo. Pois a depressão é uma grande fábrica de mentiras. Além de, muitas vezes, ser sentida fisicamente, ela sempre faz com que os pensamentos sejam negativos e distorcidos: não sou bom o suficiente. Ninguém me ama. Alguém se importa comigo. Estou muito gordo. Sou muito magro. Ninguém valoriza o meu trabalho. Não vou fazer falta no mundo. Nada dá certo para mim. Sou um estúpido.

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Difícil conviver com alguém que pensa o tempo todo assim, não é? Mas é isso que a depressão faz com a cabeça da pessoa. Rouba seus sonhos, a força física, a luz no fim do túnel, o chão que estabiliza. A sensação, tão real, de não ter para onde correr pode levar o depressivo ao suicídio, exatamente por isso ele não deve lidar com isso sozinho. Por mais que ele pense que vai conseguir sozinho, só a ajuda de outras pessoas pode transformar o ambiente e a vida de um depressivo.

O relato que segue abaixo pode comprovar isso. Ele é de uma pessoa muito próxima a mim e que vive há alguns anos uma batalha contra a depressão. Essa proximidade me fez ter uma grande empatia e amor por quem vive diariamente essa pressão e, até certo arrependimento me veio à mente, por atitudes e palavras mal faladas a alguém que também era depressivo.

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“Cada pessoa é diferente, portanto, a experiência que é passar por/com depressão é percebida diferentemente. Eu não gosto de me comparar com a experiência dos outros, mas quando tenho paciência para ouvir ou ler, percebo semelhanças e também diferenças. Imagino que seja por um conjunto de razões emocionais, químicas, circunstanciais…

Para mim, [a depressão] é algo crônico e fraco, mas, que aumenta quando uma situação traumática acontece, como uma mudança drástica para pior na minha vida. Quando a vida está calma, consigo lidar com a leve dor no peito/tristeza diária através de coisas simples como fazer exercício para lutar contra a “química”, planejar algo para o futuro e ter expectativa de felicidade ou me recompensar com atividades que me fazem sentir bem no presente.

Mas o fato é que a dor no corpo que viaja do peito para as costas e para os braços é real. Nos piores momentos, me sinto pesada e qualquer coisa que tente fazer fica sem sentido. É ruim ser ignorada, mas é ruim ter que se explicar. É bem complicado.

Leia: Ajudando alguém com depressão

Me sinto pior quando sei que a minha depressão é causa de tristeza pra minha família. Então eu carrego peso duplo, imaginando a tristeza deles.

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Por fim, a ajuda ideal é estar perto e disponível, mas, deixar a pessoa passar pela tempestade do jeito que ela prefere. Às vezes quero ficar sozinha. Às vezes quero ter companhia. Quando tenho companhia, às vezes quero falar sobre como me sinto ou quero tentar fazer outra coisa que me faça esquecer de como me sinto.

A verdade é que, apesar de ser uma doença física, ela cria uma impressão emocional na pessoa de que ela está num buraco escuro. Então ajudar a cuidar das necessidades físicas da pessoa enquanto ela lida com o emocional seria bom. Mas só até certo ponto. Porque também é bom ter coisas para fazer. Acredito que a comunicação e entendimento entre a pessoa com depressão e a pessoa que quer ajudar é o segredo”.

Se você acha que está com depressão converse com alguém. Encontre na família, entre os amigos ou com um especialista um aliado para combater o que o faz se sentir inferior ou infeliz. Se você conhece alguém que vive com depressão, seja esse aliado e o incentive a procurar ajuda médica. Paciência, amor e compaixão são bons ingredientes para seguir junto com quem tem sofrido com o mal do século.

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Caroline Canazart

Caroline é uma jornalista catarinense que optou por ser mãe em tempo integral depois do nascimento dos filhos. Ama escrever e ainda acredita que pode mudar o mundo com isso.