Casamento não é sinônimo de prisão

Um casamento é feliz quando ambas as partes entendem que a liberdade é o que os unirá para sempre.

Erika Otero Romero

Navegando na internet dias atrás, vi um comentário de uma senhora que sigo no Instagram. Ela contou que, no dia anterior, tinha se encontrado com suas amigas para o café da manhã. Falando um pouco de tudo, uma delas, que é divorciada, disse: “Não entendo por que estão casadas, que preguiça! Graças ao céus, eu já sou livre”.

O comentário incomodou muito essa senhora, pois, para ela, o casamento não é uma gaiola. Ela diz algo que é verdade: o casamento é divertido. O truque é ambos saberem que, dentro configuração do lar, ambos têm as mesmas responsabilidades.

Casamento e divisão de responsabilidades

Durante anos, acreditou-se que marido e mulher tinham tarefas específicas a cumprir. As coisas funcionaram assim por muito tempo. No entanto, embora nem todos os casais funcionem dessa maneira hoje em dia, aos poucos as coisas foram mudando.

Hoje os casais dividem as responsabilidades. Muitos não veem problema em a mulher trabalhar e o homem ficar em casa ou vice-versa. Muitos homens gostam de cozinhar e cuidar dos filhos; muitas mulheres gostam de consertar as coisas que estão se deteriorando em casa. Antes, isso era impensável, mas hoje, não há divisão de papéis. E quer saber? Acho isso é ótimo.

É questão de estabelecer regras e saber que você não está sozinho pilotando uma “nave” que precisa de dois pilotos. O casal deve aprender a assumir a possibilidade de fazer o que for necessário para que a família mantenha o curso.

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Irem na mesma direção

O casamento funciona bem quando ambos estão indo na mesma direção. Se eles tiverem objetivos comuns e pessoais, certamente irão progredir, pois ambos vão se esforçar para dar o melhor de si. Obviamente, é necessário apoio mútuo e boa comunicação. Isso não acontece por acaso, deve ser trabalhado. E, acredite ou não, problemas bem admoestados fortalecem os casamentos.

É claro que nenhum casamento é fácil ou perfeito. As relações conjugais são construídas a partir das dificuldades e da pronta resolução dos conflitos. Muitos casamentos podem ser salvos se esses aspectos forem levados em consideração.

Não me interpretem mal, sou totalmente a favor do divórcio quando este é o único caminho que resta. Acho que existem casamentos irrecuperáveis, ainda mais quando há violência de qualquer tipo ou infidelidade. No entanto, existem casamentos que podem ser salvos; só que as partes não sabem como fazê-lo ou não têm a menor intenção em salvá-lo.

Na verdade, hoje em dia, as pessoas não estão dispostas a lutar para salvar seus casamentos. Elas se casam com a expectativa de que tudo será fácil, quando está longe de ser.

A estabilidade conjugal não se baseia apenas na resolução efetiva dos conflitos, mas também no esforço constante para preservar o vínculo amoroso. São aspectos que são aprendidos e trabalhados com paciência e compreensão.

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Liberdade, em vez de possessividade

No casamento deve haver liberdade. Compreender a liberdade dentro do casamento é complexo para algumas pessoas. Essa liberdade refere-se à possibilidade que cada pessoa deve ter de crescer como indivíduo dentro do relacionamento. Ou seja, apoiar o parceiro caso queira estudar ou iniciar um negócio, por exemplo.

Refere-se também à possibilidade de ter suas próprias amizades sem que elas representem um perigo para o relacionamento. É claro que também abrange o respeito ao espaço e ao tempo pessoais.

Estar casado não é um jugo que os impeça de se deslocar e se afastar um do outro. No entanto, não é sempre que isso acontece. Há pessoas que se sentem ameaçadas porque o parceiro faz uso da liberdade.

Quando isso acontece, uma das partes começa a se sentir insegura, sentindo a necessidade de controlar o outro tratá-lo como se fosse um seu pertence. Nesses momentos, a outra pessoa tenta sair fora. É a maneira mais rápida de chegar ao divórcio. Isto porque esse pode ser o primeiro passo da violência emocional e física.

Deve haver compreensão

A compreensão dentro do casamento é importante porque permite que ambos se coloquem no lugar do outro; isto é, entender como o outro se sente em relação a algo.

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Ter a capacidade de entender as necessidades do cônjuge leva os dois a um nível mais alto de comunicação. Isso estabelece um vínculo indestrutível, além de uma cumplicidade única que os levará a conhecer as necessidades um do outro, às vezes, apenas olhando um para o outro.

Podem ser bem compreensíveis as razões que levam muitos jovens a fugir do casamento. Possivelmente, presenciaram violência ou submissão dentro de casa e não querem ser sendo subjugados por ninguém. Mas um casamento bem constituído está longe de ser um castigo ou uma obrigação .

O casamento não é uma gaiola que o impede de ser você mesmo; pelo contrário, é um lugar seguro para aprender sobre você e quem você ama. Quando os casais entendem que amor não é sinônimo de medo, ciúme ou sacrifício, estarão prontos para dizer: “vou me arriscar por você”.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger do original El matrimonio no es sinónimo de cárcel

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.