Calma, por favor, seus filhos não são responsáveis ​​por suas frustrações

As famílias não são perfeitas, mas você deve sempre procurar resolver os problemas sem afetar um ente querido.

Erika Otero Romero

Um dia, alguém nos perguntou o que fazíamos quando brigávamos em casa. Nós nos olhamos desconsertadas, como se alguém tivesse dito que extraterrestres visitaram a Terra. A resposta foi: “nós não brigamos.”

Veja, não somos uma família perfeita e estamos longe de ser, mas nunca brigamos nem arremessamos coisas umas contra as outras. Sim, nós recriminamos umas às outras por coisas erradas. Também enfrento minha irmã ou minha mãe quando algo não me parece justo.

Quando fico com raiva ou sou ofendida, não falo com elas o dia todo. Tranco-me em meu quarto e rumino minha raiva, maquinando quantos dias vou passar sem olhar para elas; aí eu acabo me esquecendo e esse sentimento vai embora, geralmente no mesmo dia.

De vez em quando, lembramo-nos de coisas de que não gostamos e ficamos com raiva. Apesar disso, durante todo o tempo em que vivemos juntas, nunca usamos uma a outra como bode expiatório.

A verdade é que, se percebemos que ofendemos a outra, pedimos perdão e tentamos compensar o dano. Nós nos amamos e, felizmente, há mais momentos bons do que ruins.

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O que é ser um “bode expiatório?

Na rede social TikTok há um trend que convida as pessoas a se apresentarem com o conceito que seus familiares têm delas. Já chorei com muitos que encontrei, pois os adjetivos usados para classificá-los são devastadores.

Muitos jovens dizem que seus pais os consideram “o fracasso”, “o inútil”, “o pior erro da minha vida”. Francamente, é doloroso que um pai ou mãe pense isso de seus filhos ou sinta isso por eles.

Pois bem, você pode estar se perguntando o que é um bode expiatório. Vou lhe explicar. Uma pessoa é considerada o bode expiatório quando é alvo de todo tipo de acusação vinda de sua família.

Geralmente, acusam-na de ser a desgraça da família. Seus pais lhe dizem que ela é a causa de suas lágrimas e das coisas mais absurdas que possa imaginar. Isso não surge da noite para o dia, é algo que vai crescendo na infância e explode na adolescência ou no início da vida adulta.

A pessoa se torna alvo das frustrações maternas ou paternas. Por exemplo, se a mãe engravidou quando estava na faculdade, pode acusá-la de seu fracasso profissional. Digamos que o pai foi forçado a se casar porque engravidou uma moça, ela pode ser considerada seu pior erro.

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Palavras degradantes podem ser direcionadas a apenas um dos filhos ou a todos. Além disso, elas vão se intensificando, podendo ficar cada vez mais ofensivas.

Que tipo de pessoa trata um filho assim?

Uma pessoa narcisista sempre agirá dessa forma. Alguém com personalidade narcisista maltratará um membro da família porque acha que seus interesses estão sendo prejudicados por essa pessoa em particular.

Nenhum pai saudável emocional e mentalmente irá degradar um filho dessa maneira, mas um narcisista, sim. Se acha que ele sente arrependimento em algum momento, você está errado. O narcisista busca apenas satisfazer seus próprios interesses. Eles só se importam que sua fonte de vingança esteja lá para atender às suas necessidades mais doentias.

Quando irrompe o ataque ao bode expiatório?

Ocorre quando a família passa por algum tipo de crise. Suponhamos que o pai perca o emprego e, como resultado do estresse da situação, ele desconta na mãe. Ela, por sua vez, acusa seu filho universitário de todos os males da sua vida.

O jovem não fica em casa porque trabalha e estuda. A mãe, por sua vez, diz que ele é egoísta por não parar de estudar. Ela joga na cara dele que eles (os pais) se sacrificaram por ele e que agora é a vez dele. Esses tipos de acusações tornam-se o pão de cada dia, tornando a convivência um caos.

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Como observei acima, as recriminações não irrompem até que haja uma crise. Os pais narcisistas reprimem emoções negativas em relação àquele filho, até aquele momento específico.

É causado um dano a longo prazo

É muito difícil ser filho de uma mãe ou pai narcisista. Não é fácil curar as feridas causadas por insultos e degradações. Essas reprovações são tão dolorosas, que prejudicam a confiança e a autoestima.

Não é que o filho de um narcisista vá necessariamente fazer o mesmo com seus filhos; talvez sim ou talvez não. A questão é que esses maus-tratos vão cobrar o seu preço em momentos em que o jovem precisa testar sua coragem.

Outra coisa que também acontece é o filho maltratado acabar se distanciando completamente de seus pais. Qualquer um faria isso, e não por rancor, mas porque simplesmente sabe que sempre vai acontecer a mesma coisa. Ao ter sua independência financeira, ele sabe que não terá que suportar mais nenhuma humilhação.

O dano causado a uma pessoa que foi o bode expiatório pode ser curado. Claro, vai exigir muito trabalho pessoal. Ela também terá que fazer um esforço para perdoar seus pais. Para isso, é melhor buscar apoio psicológico que o ajude a restaurar sua autoestima.

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Por fim, só me resta dizer que ninguém precisa julgar uma pessoa que se distancia de seus pais abusivos. É o melhor que pode fazer para ter paz mental e evitar mais danos. A integridade e felicidade pessoal deve vir antes de que qualquer outra coisa.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original Calma, por favor, tus hijos no son responsables de tus frustraciones

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.