As razões dos infiéis. Descobrindo o que passa pela cabeça daqueles que nos traem

"Não é você, sou eu". Diante de uma infidelidade, esta não é necessariamente uma frase feita, mas a verdade: quem trai busca uma mudança que não tem a ver com quem é seu parceiro, mas com o que ele mesmo sente.

Yordy Giraldo

Por que me traiu?

Essa é a primeira coisa que passa pela mente das pessoas que descobrem que foram vítimas de uma infidelidade, no entanto, devo dizer que, salvo que seja por vingança ou algum plano macabro, os infiéis não traem para ferir a outra pessoa, mesmo que seja a consequência direta das suas ações. Fazem-no para satisfazer a ânsia de se sentirem desejados, apreciados, e/ou porque procuram uma mudança.

No entanto, a infidelidade não ocorre por combustão espontânea: requer um gatilho. Alguns dos gatilhos mais comuns são:

Oportunidade

Há um ditado que diz: “não há quem lhe dê pão que chore”. E assim acontece: é difícil (para homens e mulheres) resistir à atenção e aos agrados de alguém que se esforça em cortejar-nos constantemente. E isso piora no caso dos homens, que educados sob a premissa de que “para serem homens devem ter muitas mulheres”, muitas vezes preferem trair e arriscar-se a perder, do que declinar o convite de uma mulher.

Falta de atenção

Tão simples como isso. Se tem sal na sua mesa, você não se levanta para buscar o sal na mesa de outra pessoa, porém, muitas vezes damos por garantido o que temos e não fazemos nada para conservá-lo. E depois dizemos que ficamos surpresos quando quem achávamos seguro abre a porta do seu coração à atenção de outra pessoa.

Não nos dar a respeitar

Se uma pessoa trai cada vez que tem uma oportunidade, é simplesmente porque o seu parceiro o está permitindo. Ninguém que tenha medo de perder seu parceiro faz da traição um estilo de vida, e se o faz é porque já descobriu que ferir com traição não tem consequências.

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Lembre-se do que este adágio árabe diz: “A primeira vez que me trair, a culpa será sua culpa, na segunda vez, a culpa será minha”.

Falta de amor

Às vezes ficamos em uma relação por comodidade e por costume, não mais por amor. Mas por não haver amor, também não há laços que nos impeçam de trair o nosso parceiro. Muitos dirão que, quando se acaba o amor, “é melhor que o casal se vá”, que “não há por que trair”.

Mas, e por que não? Sei que isso parece cínico, mas é certo: se uma separação vai criar conflitos com a família, amigos e ainda problemas econômicos, para que separar, já que enquanto se mantiver a relação extramarital no anonimato, o infiel considera que não haverá problema. O melhor para evitar isso é ter regras claras sobre o casamento, e até mesmo como proceder em caso de separação. Dessa forma, eliminamos a possibilidade de “ficarem conosco” apenas por economia ou pressão social.

A rotina

Muitas vezes, amamos profundamente o nosso companheiro de vida, mas o dia a dia, com o tédio e os problemas próprios da convivência cotidiana, faz com que a ideia do romance com o nosso parceiro seja tudo menos uma opção atrativa. E assim, um dia você se descobre gostando da companhia de alguém; daí para a infidelidade, é só questão de tempo.

Não nos sentimos bem na nossa relação

Não implica necessariamente que nosso cônjuge não seja amado, mas que muitas vezes há atitudes que nos incomodam e procuramos alguém que tenha esse atributo que a nossa metade da laranja não tem.

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Em linhas gerais, estas são algumas das razões que, embora não justifiquem, podem explicar por que uma pessoa comprometida se permite envolver com outra pessoa. Não é minha intenção desculpar as infidelidades, senão tirar a conotação “pessoal” que lhe damos devido ao nosso orgulho ferido e à ideia que temos de que a pessoa que amamos e com quem partilhamos a vida é propriedade nossa.

Ninguém é dono de ninguém, se assim fosse, não seriam um casal, mas escravos um do outro. Por isso, é necessário que assumamos que, quando ficamos ao lado de uma pessoa, é por tudo o que ela traz para a nossa vida, e que há sempre a possibilidade de um dia simplesmente não querermos mais ficar juntos.

Não podemos obrigar os outros a agirem como queremos, mas podemos tomá-lo como uma circunstância de vida com a qual podemos aprender, tanto para nos afastarmos e recomeçarmos, como para repensar os acordos da nossa relação. Caberá a cada um decidir se sai ou fica, mas sofrer tornando algo pessoal que responde apenas à sua insatisfação é uma grosseria desnecessária para com nós mesmos.

Traduzido e adaptado por Stael Pedrosa do original Las razones de los infieles. Descubriendo qué pasa por la cabeza de quienes nos engañan.

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