A evolução do casal na era do amor descartável

As pessoas mudam e evoluem a cada dia de suas vidas, assim como o amor de um casal.

Erika Otero Romero

No universo, tudo evolui; não há nada que permaneça estático na natureza. Fazendo parte dessa criação maravilhosa, nós também evoluímos. O mesmo vale para a sociedade humana, relacionamentos pessoais e nós mesmos.

A maneira como a vida é projetada diz a mesma coisa: nascemos, crescemos, reproduzimo-nos e morremos. Claro, inúmeras coisas acontecem nos intervalos; conhecemos pessoas, apaixonamo-nos, estabelecemos relações estáveis, temos filhos… e a vida continua.

O que acontece com cada casal também é um mistério. Alguns evoluem até alcançar uma afinidade tamanha, que se tornam muito parecidos.

Infelizmente, outros relacionamentos não progridem, mas permanecem em um impasse. Desses casais, alguns permanecem juntos para evitar conflitos; outros, por sua vez, preferem “ir direto ao ponto” e seguir em busca do amor verdadeiro. Assim é a vida em termos de amor.

Tanto na vida quanto no amor, tudo acontece por etapas

Recentemente, ouvi alguém dizer: “Esse negócio de que o amor muda com o tempo é história”. Na verdade, eu penso o contrário.

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O ser humano não é estático, nós mudamos todos os dias mesmo que não percebamos. O amor, sendo um sentimento humano, também evolui.

Para que um casal se forme, no início deve haver atração, seja física ou intelectual. Se a situação progride, o casal passa a se conhecer mais e a atração aumenta. Então, o casal se apaixona e começa a namorar. Esse processo pode acontecer de forma lenta ou rápida, dependendo de cada pessoa.

Agora, se o namoro for satisfatório, mesmo que tenha havido inconvenientes, pode-se assumir um noivado. Novamente, as pessoas se conhecem cada vez melhor durante o processo.

Não pense que, com o noivado, tudo já está ganho. Muitos relacionamentos vão apenas até aqui. Sei por experiência própria que isso é doloroso; apesar disso, aprendi algo bom: “Não há mal que não venha para o bem”.

Após o noivado, o casal passa para o próximo nível: casamento. É neste ponto que muitos relacionamentos são interrompidos. O problema surge porque alguns casais acreditam que, estando casados, o esforço para cuidar do relacionamento deve ser mínimo; pior ainda, acham que não precisam mais se esforçar.

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Esse é o erro, pois nenhum relacionamento deve ser dado como garantido. Se a pessoa estiver ciente de que seu relacionamento pode se deteriorar em um “segundo”, ela impedirá que isso aconteça.

Não é ficar obcecado com um “problema imaginário”, é cuidar do relacionamento como se cuida de um bebê. Era isso que os casais do passado faziam; se havia um problema, eles consertavam em vez de deixar criar raízes. Isso lhes permitia continuar juntos depois de 40 anos ou mais.

Se houver esforço, não há motivo para o relacionamento ser descartável

Infelizmente, a situação atual de muitos casais é que, para eles, os relacionamentos são descartáveis. Existem algumas razões pelas quais isso acontece: eles acreditam que o outro estará lá para sempre suportando seu desdém, ou supõem que encontrarão outra pessoa que esteja disponível para o que eles precisarem.

O problema com essas variáveis ​​é que não podemos passar a vida achando que as pessoas farão o que esperamos que façam. A única coisa que uma pessoa pode controlar é o que ela faz por si mesma. Ou seja, um relacionamento terá sucesso ou fracasso dependendo do nível de comprometimento.

Agora, o trabalho e o comprometimento em um relacionamento devem andar de mãos dadas. E ambos devem colocar a mão na massa. Minha mãe costumava dizer que “uma andorinha só não chama chuva”, e é totalmente verdade. Se o casal trabalhar em conjunto para levar o casamento adiante, o relacionamento vai progredir.

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O problema é que, hoje em dia, muitas pessoas param de tentar diante do primeiro obstáculo e escolhem o caminho mais “fácil”. O interessante é que o caminho que pensamos ser mais fácil é o que gera mais dor.

Os problemas são necessários nos relacionamentos

A melhor maneira de aceitar que um problema é necessário é comparar a vida à uma escola.

Na escola, para verificar se você aprendeu um conteúdo, os professores aplicavam uma prova. Na vida real, esses exames são os problemas, independentemente de que natureza sejam.

No casamento, um problema pode ser um mal-entendido devido aos gastos desnecessários de uma das partes. O casal pode escolher entre dois caminhos:

1. Enfrentar a situação entre os dois, estabelecer limites e encontrar uma solução.

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2. Fugir do problema e continuar discutindo com o coração tomado pelo orgulho. Não dar o braço a torcer e continuar nas mesmas discussões até o relacionamento se deteriorar.

Se o casal optar pela primeira opção, estamos falando de um casamento que tem uma boa projeção para o futuro. Eles estão enfrentando um grande desafio em sua vida de casados. Isso significa que eles encaram a vida a dois de forma madura, inteligente e livre de orgulho e egoísmo.

O contrário acontece se optarem pela segunda. Esse casal simplesmente não estava pronto para se casar. É isso ou eles são tão orgulhosos, que preferem perder o relacionamento a assumir a responsabilidade por suas ações.

Não se pode entrar em um casamento cheio de orgulho e insensatez. Se quiserem chegar à velhice juntos, os dois devem estar dispostos a se livrar daquilo que os impede de entrar em um consenso e se reconciliar.

Livrar-se do orgulho e do egoísmo é o que irá permitir que o casamento evolua. Além de ser a união de duas pessoas, o casamento é uma associação onde ambos crescem como um e como seres individuais.

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Por fim, todo casamento pode ser salvo se cada um reconhecer o próprio erro e souber perdoar o outro e a si mesmo. Esses são ingredientes vitais para o progresso do relacionamento. Eles fazem com que, durante o processo, o casal possa construir uma família feliz.

Traduzido e adaptado por Erika Strassburger, do original La evolución de la pareja en la era del amor descartable

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Erika Otero Romero

Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.