8 coisas que você jamais deve dizer a alguém lidando com infertilidade

Se você conhece alguém com esse problema você precisa ler este artigo. Se você está passando por isso também leia e repasse às pessoas ao seu redor. Vamos aprender a lidar um pouco melhor com esse assunto.

Cibele Carvalho

Parece incrível o fato de que nós serem humanos tendemos a achar que temos o remédio ou a cura para qualquer tipo de dor que o outro esteja passando. Mas uma coisa precisamos aprender, só poderemos dar receitas ou dicas, sugestões para problemas e dores que já tenhamos sofrido, e ainda assim com muito cuidado, pois cada um sofre à sua maneira.

Sou uma mãe que já passou e ainda passa pela infertilidade, já consegui o milagre e bênção dos céus de ter uma filha, mas agora caminho para outros rumos da infertilidade para tentar meu segundo bebê, que está ainda mais difícil do que a primeira.

Então, compreendo um pouco a dor de muitas mulheres ao tentarem corresponder ao chamado que grita em seu peito de ser mãe, mas não conseguem.

Como compreendo um pouco posso dizer o que não gosto de ouvir, mas que já ouvi, então, por favor, não diga essas coisas a uma tentante:

Leia: 10 coisas a nunca dizer a casais sem filhos

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1. Relaxe, quando você relaxar irá conseguir

Existe uma diferença muito grande entre você estar tentando por um período de tempo ter um filho e não conseguir, e você ter algum tipo de infertilidade diagnosticada. Se o médico já diagnosticou algo de errado, amiga de alguém infértil, não diga que sua amiga só precisa relaxar, pois isso não é verdade, é muito mais complexo do que você imagina.

2. Melhor para você, ter filhos dá muito trabalho

É exatamente esse tipo de trabalho que nós tentantes estamos buscando, essa doação integral, essas noites sem dormir, essas dúvidas da maternidade, esses conflitos, todo esse trabalho por um ser único: nosso bebê.

Isso dói como uma ferida ouvir de alguém que já é mãe. Eu pensava antes: “Se te dá trabalho, então me dê”.

Se não sabe exatamente o que dizer, diga apenas que sente muito que ela (mulher) esteja passando por isso e esteja pronta só para ouvi-la.

3. Adote logo, dá na mesma

Hoje sou mãe e afirmo categoricamente que é obvio que não dá na mesma. Pode ser que consigamos amar outro bebê adotado como amamos nosso bebê de barriga, mas a mesma coisa qualquer um sabe que não é.

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Onde fica todo o encanto da barriga? Todo o período de espera e acompanhamento de um milagre da natureza divina se desenvolvendo dentro de você?

Nem todos os casais estão preparados para uma adoção, isso precisa ser preparado e pensado com o tempo. Não tente forçar essa decisão para alguém conhecido ou parente seu.

Leia: Como decidir pela adoção de uma criança

4. Nem queira passar pelo transtorno de uma gravidez

É o que eu mais quero nesse momento, então jamais me diga que não devo querer estar grávida sendo você uma mulher totalmente capaz de gerar quantos filhos decidir. Isso dilacera minha alma, me faz pensar por que esse sofrimento? Qual pecado maior cometi?

Se você conhece alguém tentante, por favor, respeite nossa regra número um: Não reclame de sua gravidez, isso não gera nenhum tipo de conforto a nós, pelo contrário.

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Certa vez uma colega tentante disse a uma grávida que reclamava dos enjoos: “Eu amputaria meu braço se pudesse estar em seu lugar”.

5. Você ainda é muito nova, nem se preocupe, na hora certa acontece!

Foi comprovado por especialistas que tratam do desenvolvimento fértil da mulher que o corpo feminino está apto (completo e saudável) para formar outro ser humano dos 20 até os 35 anos de idade.

Considerando que muitas de nós, mulheres, infelizmente só descobrimos às vezes tardiamente nossa situação de infertilidade, com certeza precisamos correr essa corrida, ganhar tempo.

Então a hora certa é agora, o momento ideal é esse, nem cogitamos muitas vezes nossa situação financeira, o que queremos é ser mãe. E quando queremos? Agora, hoje!

6. Tem certeza disso? Já procurou outro médico?

A não ser que você conheça alguém superespecialista no assunto, não diga que sua amiga ou quem for, não sabe exatamente o que está lhe contando. Ouça com atenção e procure confortá-la.

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Não tente bancar a especialista no assunto, sua amiga provavelmente já se informou de todas as formas e maneiras possíveis, ela não veio buscar uma solução. Não dê conselhos ou dicas que viu em TV ou revistas, deixe o assunto para especialistas, ofereça ajuda.

7. Poderia ser pior

Sabemos que existem milhões de outras doenças mais sérias do que a infertilidade, é do nosso conhecimento que muitas pessoas morrem diariamente em hospitais e em guerras, porém essa é a minha dor, minha angústia, meu sofrimento, assim como você certamente possui algum tipo de dor, respeite a minha, não me diga que poderia ser pior, pois para nós isso já é muito dolorido.

8. Mas você já tem um filho, já está bom

Por que eu preciso aceitar o fato de que eu sou infértil e que não devo buscar uma nova tentativa com tudo que posso e tenho ao meu alcance?

Por que muitos podem facilmente ter quantos filhos desejarem, e eu que apenas quero dar um irmão ou irmã ao meu filho, não sou compreendida e sim criticada, pois acham que não sou grata por já ter tido um filho?

Necessitamos olhar mais profundamente os sentimentos e aflições dos outros a nossa volta, necessitamos de um pouco mais de empatia com todos, e um pouco menos de “achismos” ou soluções prontas para tudo.

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Uma dessas colegas tentantes como eu, disse certa vez:“É absolutamente devastador, cada teste negativo faz me sentir uma pessoa menor. Ninguém tem a mesma experiência de infertilidade, assim como ninguém tem a mesma experiência de gravidez (Melissa Rocha).

Parafraseando o que uma outra colega tentante me ensinou, nós somos gratas por nossos filhos, mas tê-los não apaga a dor dos demais que perdemos ou que deixamos de ter.

Que você possa prestar um verdadeiro e desejoso apoio emocional para uma tentante, e não apenas frases prontas e clichês já disseminados pela sociedade.

Leia: Como lidar com a infertilidade

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Cibele Carvalho

Bacharel em Direito, Mediadora e Conciliadora de Família, realiza palestras para noivos e recém-casados sobre relacionamentos, especialista em Psicologia Jurídica, esposa, mãe e genealogista.