A ansiedade pode afetar o bebê ainda dentro da barriga?

Médicos pesquisadores da Universidade de Yale descobriram a resposta.

Stael Ferreira Pedrosa

Uma nova descoberta pode significar um peso a menos sobre os ombros de mães que já sofrem com os transtornos psíquicos e ainda tinham que se preocupar se sua ansiedade ou transtorno de pânico afetaria ou não seus bebês ainda por nascer. Embora pesquisas anteriores tenham sugerido que ansiedade e transtornos de pânico em mulheres grávidas poderiam ter resultados negativos para seus bebês, como baixo peso ao nascer e parto prematuro, novos achados de pesquisadores de Yale não apoiam essa conclusão.

O estudo recente, publicado em 1 de novembro no Jornal de psiquiatria JAMA Psychiatry, foi baseado em entrevistas com mais de 2.600 mulheres durante a gravidez e nas semanas que se seguiram. Segundo os pesquisadores, noventa e oito participantes apresentaram critérios positivos para a síndrome do pânico e 252 para o transtorno de ansiedade generalizada. 67 delas relataram ter tomado medicamentos do tipo benzodiazepínicos (medicamentos para ansiedade) em algum momento da gravidez e 293 utilizaram algum tipo de inibidores de serotonina (antidepressivos).

Relevância do estudo

Estes novos achados são mais confiáveis que os anteriores, já que são baseados em análises prospectivas de um grande grupo de mulheres. Segundo Kimberly Ann Yonkers, psiquiatra e professora em Yale, as evidências encontradas são mais fortes do que as anteriores que eram baseadas no diagnóstico de registros médicos. De acordo com a médica, agora se tem “uma avaliação detalhada de quais doenças psiquiátricas elas tiveram, bem como a medicação que tomaram.

Além disso, houve uma metodologia de exclusão que tornou o estudo ainda mais confiável, já que os pesquisadores controlaram estatisticamente fatores que poderiam ter produzido uma aparente associação entre os transtornos e complicações relacionadas à gravidez, como beber, fumar e usar drogas. O resultado foi que, ter transtorno de pânico ou transtorno de ansiedade generalizada não estava, por si só, associado a complicações neonatais.

A medicação sim, pode afetar o bebê

Os pesquisadores também concluíram que o uso de benzodiazepínicos foi associado a aumento da ocorrência de baixo peso ao nascer, parto por cesariana e dificuldade respiratória neonatal.

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Já os inibidores de serotonina foram associados ao parto prematuro, doenças hipertensivas da gravidez e necessidade de intervenção respiratória após o parto.

Porém, de acordo com a dra. Yonkers, os efeitos se mostraram relativamente incomuns e leves, menos ruins que fumar na gravidez, por exemplo”.

Conclusão

Segundo Janice Goodman, professora da escola de enfermagem do Hospital Geral de Massachussets que não está envolvida com a pesquisa acima, mas douta em gravidez e ansiedade, “Os medicamentos utilizados no tratamento desses distúrbios podem ter desfechos adversos leves, mas os riscos e benefícios de usar medicação para tratar a ansiedade durante a gravidez devem ser cuidadosamente pesados e tratamentos não farmacológicos considerados preferencialmente”.

Embora ainda sejam mais necessários estudos para se definir o tipo de medicamento, tempo de tratamento e doses seguras para as grávidas, fato é que “os dados são muito reconfortantes em relação às doenças, pois estas, por si só, não estão associadas a uma série de desfechos maternos e neonatais adversos”. Ressalta a dra. Yonkers.

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Stael Ferreira Pedrosa

Stael Ferreira Pedrosa é pedagoga, escritora free-lancer, tradutora, desenhista e artesã, ama literatura clássica brasileira e filmes de ficção científica. É mãe de dois filhos que ela considera serem a sua vida.